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Pré-jogo – Santos pode empatar histórico de confrontos contra o Fluminense

Quando entrar em campo neste domingo, no Prudentão, o Santos terá a oportunidade de empatar um histórico acirrado de confrontos contra o Fluminense. Nas 86 partidas disputadas entre os dois até agora, são 34 triunfos tricolores e 33 santistas, além de 19 empates. Na era dos pontos corridos, o Peixe tem uma vitória a mais que o rival. No total, 45 pelejas aconteceram no estado do Rio de Janeiro e 41 em São Paulo.

O primeiro duelo entre os dois aconteceu em 1918, vitória de 6 a 1 do Fluminense na Vila Belmiro, resultado que é até hoje a maior goleada dos cariocas contra o Alvinegro. Arnaldo Silveira marcou para o Santos e Welfare (3), French (2) e Zezé fizeram para os visitantes. Outro resultado importante da era pré-profissional aconteceu no primeiro encontro oficial entre os dois, no Rio-São Paulo de 1933, vitória peixeira em casa, 4 a 3, dois gols de Victor Gonçalves e dois de Raul. Álvaro, Vicentinho e Said marcaram para os cariocas.

Placa em homenagem ao gol de Pelé contra o Fluminense, em 1961

Placa em homenagem ao gol de Pelé contra o Fluminense, em 1961

Já pelo Rio-São Paulo de 1961, em 5 de março daquele ano, o Santos bateu o Fluminense no Maracanã por 3 a 1, ocasião em que Pelé fez o famoso “gol de placa”, surgindo assim a expressão usada para classificar um gol bonito. O feito do camisa Dez ocorreu aos 40 minutos do primeiro tempo, quando Dalmo passou a bola para Pelé, no campo de defesa do Santos. Ele arrancou em velocidade e, já na área do adversário, driblou Pinheiro, livrou-se de Jair Marinho e finalizou sem dar chance ao goleiro Castilho. O jornalista Joelmir Beting foi quem teve a ideia de eternizar o tento com uma placa de bronze, feita pelo jornal O Esporte.

Mais recentemente, uma das partidas mais fantásticas da história do Santos e a maior atuação individual de um jogador que eu já vi. Giovanni conduziu o Peixe a um triunfo espetacular, o 5 a 2 que classificou a equipe para a final do campeonato brasileiro de 1995. Veja o post sobre a partida aqui e o vídeo com os gols abaixo.

Em 2003, o então campeão brasileiro pegou o Fluminense em Édson Passos e sapecou um 4 a 1 no adversário, gols de Elano, Nenê, Ricardo Oliveira e Jerri (Romário descontou para o Fluminense) Antes do apito inicial, um fato, digamos, curioso. O zagueiro santista Pereira, hoje no Coritiba, passou mal e vomitou no gramado, adiando o início do jogo por seis minutos. Mesmo assim, jogou normalmente.

O Peixe comandado por Emerson Leão entrou em campo na ocasião com Júlio Sérgio no gol, Wellington (Preto), Pereira, André Luís e Léo; Daniel Paulista, Renato, Alexandre (Jerri) e Elano; Nenê (Rubens Cardoso) e Ricardo Oliveira. A equipe jogava desfalcada de Alex, Paulo Almeida, Diego e Robinho que serviam à seleção brasileira pré-olímpica na disputa da Copa Ouro, no México.

Destaque para o belo gol de Jerri, meia surgido nas categorias de base do Peixe e tido como muitos como sucessor de Diego à época, apesar de ser dois anos mais velho. Mas não vingou. “O jogador precisa ter um objetivo também no profissional. Ele precisa da vontade de querer ser alguém no profissional, e não na base. O Jerri teve muita expressão na base e se acomodou, perdendo o foco ao subir”, disse Adílson Durante Filho nessa matéria, sobre o atleta. O meia foi emprestado ao Goiás em 2004, retornou à Vila em 2005 e foi negociado com o Al Nassr, onde permaneceu até ser negociado com o Al Shaab, em 2011. Hoje atua no Chiangrai United, da Tailândia. Confira os melhores momentos daquela peleja.

A maior goleada santista contra o rival aconteceria um ano depois, no Brasileiro de 2004. O Peixe disputava cabeça a cabeça a liderança contra o Atlético-PR do artilheiro Washington, e jogou em São José do Rio Preto diante de 21.673 pessoas, já que a Vila Belmiro havia sido interditada por conta do arremesso de um copo plástico de água em Hélio dos Anjos, técnico do Vitória.

A grande estrela da partida foi de Robinho, autor de dois gols. Deivid fez os outros dois e Laerte anotou contra. Esta, aliás, foi a última partida do Rei das Pedaladas antes do sequestro de sua mãe, que o fez ficar de fora do time mais de um mês. Na partida seguinte, o abalado Santos só empatou com o Criciúma e passou a vice-liderança, superado ali pelo furacão. Robinho voltou na última partida, contra o Vasco, que selou o Peixe como campeão brasileiro de 2004.

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101 anos do Santos – veja quais jogadores fizeram 4 ou mais gols em uma só partida

Na peleja que antecedeu o aniversário de 101 anos do Santos, comemorado hoje, Neymar resolveu dar um presente à torcida fazendo quatro gols contra o União Barbarense. Foi a terceira vez que ele marcou quatro gols em uma mesma peleja, já havia feito isso no Brasileiro de 2012, contra o Atlético-PR, e pela seleção sub-20, no Sul-americano da categoria em janeiro do ano passado, contra o Paraguai. Mas, pela Copa do Brasil de 2010, Neymar fez mais: cinco tentos contra o Guarani, na goleada de 9 a 1 do Alvinegro.

Mas o Santos, time profissional que tem mais gols no planeta, tem outros exemplos de artilheiros que fizeram a festa da torcida em uma partida. E, de acordo com o Almanaque do Santos FC, de Guilherme Nascimento, o primeiro santista a marcar quatro gols em uma mesma partida foi o meia Paul, em 9 de setembro de 1913. A partida foi contra o Atlético Santista, vitória por 6 a 3. Em 1915, Ary Patusca foi além, marcando seis contra o São Paulo Railway, vitória de 8 a 0 do Santos. O detalhe: quatro gols foram de cabeça.

Em 1917, o mesmo Ary faria seis gols de novo, contra o São Cristovão, do Rio de Janeiro. No triunfo peixeiro de 8 a 4, todos os gols foram de cabeça. No ano seguinte, 10 a 0 no Americana, e ele marcou seis, com Fontes fazendo os outros quatro. Ary Patusca disputou 85 jogos pelo Santos e marcou 103 vezes, média de 1,21 por peleja.

Haroldo Domingues também fez quatro na vitória peixeira sobre o Ypiranga em 1919, 6 a 3. Ele, aliás, é um personagem central na história da seleção brasileira. Foi técnico e jogador do time que conquistou a primeira Copa América da história do país, no mesmo ano de 1919, contra o Uruguai.

Araken, Feitiço e a linha dos cem gols

Araken, irmão de Ary: família de artilheiros

Araken, irmão de Ary: família de artilheiros

Sabem aquela história do “ele é bom, mas bom mesmo é o irmão dele”? Pois Ary Patusca tinha um irmão, Araken, que começou a jogar no Peixe em 1923 e formaria, junto com Omar, Camarão, Feitiço e Evangelista a primeira linha que faria cem gols em um campeonato no Brasil, em 1927. Mas, antes da consolidação desse ataque assombroso, Camarão fez quatro em 1927, na vitória contra o Ypiranga. No mesmo ano, Araken debutaria na lista dos “goleadores quádruplos” no triunfo de 7 a 1 contra o AA Pinhalense. Já Camarão marcou quatro no 8 a 3 contra o SC Internacional em 1926. Daí chegou 1927 e…

Na primeira partida do ano, a maior goleada do Peixe até então: 11 a 1 contra o CA Ipiranga, só Araken fez cinco. No campeonato paulista, foram 16 partidas e 100 gols marcados, média incrível de 6,25 por jogo. Patusca foi o artilheiro da competição e prepare-se para a lista das pelejas nas quais ele marcou pelo menos quatro vezes. No 9 a 3 contra o São Paulo Alpargatas e no 10 a 1 contra o Guarani, fez quatro; no 10 a 2 diante do AA República, marcou cinco; contra o SC Americano, fez seis em um 11 a 3; e na super goleada de 12 a 1 contra o CA Ipiranga foi às redes sete vezes.

No mesmo campeonato paulista, Feitiço ficou atrás, mas não muito. Marcou quatro no 7 a 1 no AA Barra Funda e fez bis no 11 a 2 contra a mesma equipe. Marcou todos os tentos da vitória de 4 a 3 contra o Comercial de Ribeirão Preto, foi o autor de todos os cinco gols do 5 a 3 contra a Portuguesa Santista e marcou cinco no 9 a 0 contra o Corinthians de Santo André. O Alvinegro acabou com o vice-campeonato ao ser derrotado em partida com arbitragem polêmica, um 3 a 2 para o Palestra Itália.

Feitiço, média de 1,4 gol por jogo

Feitiço, média de 1,4 gol por jogo

Feitiço é o quinto maior artilheiro da história do Alvinegro, com 213 gols em 151 partidas, média de 1,4 por jogo. Já Araken é o oitavo na lista, média de 0,91 por peleja. Em 1928, Wolf fez cinco nos 10 a 0 contra a Portuguesa E, mas Feitiço continuou fazendo história. E que história. Marcou quatro nos 6 a 3 contra o CA Ipiranga e cinco no 7 a 2 contra a Portuguesa E, ambos em 1929. No ano seguinte, uma partida histórica. O Alvinegro derrotou a seleção francesa por 6 a 1, e ele balançou as redes quatro vezes.

Antes do Peixe obter seu primeiro título paulista, em 1935, Raul Cabral Guedes fez seis gols no 9 a 1 contra a seleção fluminense, em 1933. Mais à frente, Carabina marcaria seis na vitória por 10 a 3 contra o Coritiba (jogo de estreia dele e de Antoninho), em 1941, sendo cinco tentos de cabeça, repetindo a dose em outra goleada por 8 a 2 contra o Comercial, no mesmo ano. Sete anos mais tarde, em 1948, o contestado atacante Odair Titica fez todos os cinco da vitória contra com Comercial, em grande partida de Antoninho, o arquiteto.

Pelé e a Era de Ouro

Pelé chegou no Peixe, que era bicampeão paulista de 1955/1956, em 1957, e iniciaria então a maior trajetória de gols de um atleta profissional. Foram muitas vezes em que ele marcou quatro tentos, mas, oficialmente, a primeira aconteceu na sua 29ª partida pelo Alvinegro, um 7 a 2 contra o Lavras, de Minas Gerais no seu ano de estreia. No mesmo ano, faria de novo a mesma marca outras três vezes nas goleadas contra o Guarani, 8 a 1, Nacional, 7 a 1, e Portuguesa Santista, 6 a 2.

Sim, o Rei Pelé fez isso em seu primeiro ano como atleta profissional, e, contra o time em que fez mais gols, o Corinthians, marcou quatro gols de uma só vez em três ocasiões: 6 a 1 em 1958, 7 a 4 em 1964 e 4 a 4 em 1965. Fez também o mesmo número de tentos contra outros times grandes, como em 1961, contra o São Paulo, em um 6 a 3. E nem times de fora escaparam, que o diga a Inter de Milão, que tomou um 7 a 1 em 1959 com quatro gols de Pelé, o que garantiu o título do Torneio de Valência ao Alvinegro. O Rei também vitimou o Eintracht, da Alemanha, resultado de 5 a 2. Marcou cinco tentos contra Prudentina, Noroeste, Remo… E, claro, não se pode esquecer o histórico 11 a 0 no Botafogo de Ribeirão Preto, em 1964, no qual fez oito.

Nesse período da chamada Era Pelé, não era só ele que brilhava, obviamente. Coutinho fez cinco gols em três ocasiões diferentes: na vitória por 12 a 1 contra a Ponte Preta em 1959; na “sacolada” contra o Basel, da Suíça (lá) por 8 a 2 em 1961 e no triunfo sobre o XV de Piracicaba, por 5 a 1, em 1962. Toninho Guerreiro marcou quatro na goleada contra o Grêmio Maringá, 11 a 1 no ano de 1965. Douglas, em um amistoso contra o Benfica de Hudson (EUA) anotou quatro em um 10 a 1, disputado em 1970.

Molina, quatro vezes contra o San Jose

Molina, quatro vezes contra o San Jose

Dino Furacão, Giovanni e Molina

Depois da Era Pelé, o clube oscilou bastante, vivendo alguns períodos nos quais teve várias formações mais fracas. Mesmo quando não disputou títulos, o Peixe conseguiu em diversas ocasiões ou ter o melhor ataque ou o artilheiro da competição. Mas, às vezes, aparecia uma artilheiro de um jogo só que depois não vingava.

Foi o caso, por exemplo, de Dino Furacão, já citado neste post. No Brasileiro de 1986, o Peixe bateu o Náutico por 5 a 0 na Vila Belmiro, e ele fez quatro. Dez anos mais tarde, um atleta com muito mais técnica, o Messias Giovanni, fez quatro na goleada alvinegra de 8 a 2 contra o União São João de Araras.

Na Libertadores de 2008, foi a vez do meia colombiano Molina brilhar. Ele marcou quatro na goleada peixeira de 7 a 0 contra o San Jose, de Oruro. Agora, é torcer para que Neymar ainda possa fazer outros tantos pelo Santos. E esperar os outros que ainda virão.

PS: Um parênteses aqui: muitos torcedores, de todos times, reclamam da parcialidade da mídia, muitas vezes por paranoia ou pela não aceitação de argumentos contrários, mas em outras há doses gigantes de razão. Em 2011, quando ao atacante do Fluminense Fred fez quatro na vitória contra o Grêmio por 5 a 4, o Estado de S.Paulo publicou esta matéria com o seguinte título: “Veja quem, como Fred, já marcou quatro gols numa mesma partida”.

Bom, dá pra esperar alguma diversidade dos exemplos, não? Não. O único representante do time que mais marcou gols no mundo é Pelé, e cita-se apenas uma partida, o 6 a 1 contra o Corinthians em 1958. Dos outros sete exemplos, seis são de jogadores do São Paulo. Pessoal podia disfarçar um pouquinho, né?

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Araken Patusca, um dos primeiros ídolos

Ele tinha apenas 15 anos e se preparava para assistir ao jogo do clube presidido por seu pai. A partida amistosa era entre o Santos, de Sizino Patusca, e o Jundiaí. Mas, pouco antes do início da peleja, Edgar da Silva Marques, um dos atletas do Alvinegro, passa mal. O treinador Urbano Caldeira, que depois emprestaria seu nome ao lendário estádio da Vila Belmiro, coloca o garoto Araken Patusca para jogar. O Peixe empata em 5 a 5 e o menino faz quatro gols.

Começava ali a saga de Araken. O garoto tinha um bom drible e era muito veloz, tanto que ostentaria mais tarde o título de campeão paulista dos 100 metros com barreiras. Junto com ele, a partir de 1923, ainda surgem outros jovens que fariam história no Peixe e dariam início à outra tradição, a de revelar novos talentos para o futebol. Atletas como Nabor, os irmãos David e Renato Pimenta, além de Omar, Camarão e seu cunhado Siriri.

Estes três últimos, aliás, fariam com ele a mitológica linha dos cem gols, que também contou com Evangelista. Da marca centenária alcançada em 1927, Araken foi responsável por 31 gols em 16 partidas, uma média de quase dois tentos por peleja. Outro dado impressionante é que o meia conseguiu uma marca que só seria batida 37 anos depois: foi às redes sete vezes em um único jogo, na vitória de 12 a 1 contra o então tradicional Ypiranga. Só em 27 de outubro de 1964 Pelé superaria Araken, quando fez oito gols no 11 a 0 contra o Botafogo de Ribeirão Preto, na Vila Belmiro.

Fama internacional

Naquela época não era raro que jogadores fossem emprestados a outros clubes em ocasiões específicas e por curtos períodos. Foi assim que em 1925 o Santos cedeu o craque Araken ao Paulistano, que fez uma excursão para a Europa onde os brasileiros, pela primeira vez, foram chamados de “reis do futebol”. Em 16 de março, o clube estreou no estádio de Bufalo contra a seleção francesa, com Nestor, Clodoaldo e Bartô; Sérgio, Nondas e Abate; Filó, Mário de Andrada, Friedenreich, Araken e Netinho. O time ganhou de 7 a 2 e o resultado foi recebido com assombro no Brasil. Na ronda européia, em dez jogos, o Paulistano perdeu um, para o francês Cette, e teve resultados importantes como a vitória contra Suíça, por 1 a 0, e a goleada sobre Portugal, por 6 a 0. Foi ali que Araken ganhou o apelido de “Le Danger” (O perigo).

Com esse desempenho, e sendo artilheiro do Paulista pelo Alvinegro Praiano em 1927 e vice-campeão paulista por três vezes, em 1927, 1928 e 1929, era de se esperar que Araken fosse para a primeira Copa disputada no mundo, em 1930. E, de fato, seu nome estava incluído na lista enviada pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) à Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea), junto a outros companheiros de time como Feitiço e Athiê Jorge Curi.

Entretanto, a APEA não concordou com o fato da comissão nomeada pela CBD para fazer a convocação, composta pelos cariocas Píndaro de Carvalho, Gilberto de Almeida Rego e Egas de Mendonça, não contar com nenhum paulista. O imbróglio seguiu e a APEA comunicou à CBD que não iria ceder jogadores à seleção. O único paulista que foi ao Uruguai em 1930 foi Araken Patusca, que brigou com o Santos e furou o boicote bandeirante.

A volta

Araken deixou o clube santista depois de jogar entre 1923 e 1929 com as cores preto e branca. Mas voltaria no fim do primeiro turno do Paulista de 1935, depois de jogar no São Paulo da Floresta. Naquele ano, marcou um gol na partida final contra o Corinthians, um 2 a 0 que daria o primeiro título do certame ao Santos Futebol Clube.

Seguiria até 1937 na Vila, tendo disputado 193 jogos pelo Santos, com a incrível marca de 177 gols com a camisa peixeira – uma média de 0,91 gols por jogo -, o que faz dele o oitavo maior artilheiro da história do clube, imediatamente à frente de Pagão e atrás de Edu. Coube ainda a Araken a glória de ter marcado o gol 1.000 do Peixe, o primeiro do 3 a 0 contra o Atlas Flamengo, em 24 de março de 1929.

Araken teve ainda dois irmãos que atuaram pelo Santos: Ary e Ararê Patusca. O primeiro, morto em 1923, foi um dos primeiros atletas brasileiros a fazer sucesso no exterior e, com 103 gols oficiais, é o vigésimo maior artilheiro da história do Alvinegro.

Gratidão

Outro fato interessante na vida de Araken foi a homenagem prestada por ele a seu ex-treinador Urbano Caldeira, em 1938, por ocasião da inauguração do seu busto na Vila Belmiro. O já ex-atleta entregou a medalha de outro conquistada no Paulista de 35 para ser posta no monumento que homenageava Caldeira.

Na carta, Araken dizia: “Urbano ! Giba ! – Hoje, no teu Clube, no teu Estádio, inaugura-se a tua herma, homenagem justa e merecida pela tua obra, criando no esporte santista, paulista e brasileiro e, mesmo, sul – americano, o Campeão da Técnica e da Disciplina.

Teu companheiro desde os mais ingratos aos mais auspiciosos momentos, sou uma prova viva da tuas atividades no seio da família alvi-negra.

Urbano, nasci para o esporte das tuas mãos experientes e sábias; tu fizeste do menino, aos 15 anos, um esforçado entusiasta defensor das côres preto e branca.

Orgulho-me de ter sido nas tuas mãos, na tua vida esportiva, um instrumento de algum proveito, de alguma utilidade.”

Dois santistas que contribuíram para que o clube fosse o que é hoje.

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E o Uruguai descobriu o Brasil

Em idos tempos, uma data como o dia 22 de abril era celebrada no país como forma de ressaltar o caráter “patriótico” dos cidadãos. Mais tarde, com um aprimoramento da própria noção do que é ser um país, o tal “descobrimento” pelos portugueses foi associado à colonização, ao extermínio de índios e passou a ser visto como um dia nem tão digno para ser comemorado.

Contudo, para os santistas, o dia 22 de abril de 1931 foi um grande dia. Em uma noite chuvosa na Baixada Santista, o Santos enfrentou o time uruguaio do Bella Vista, simplesmente a base da seleção uruguaia campeã mundial no ano anterior. Antes de pegar o Peixe, a equipe tinha vencido a seleção paulista por 3 a 1 e entrava em campo com sete titulares que tinham feito parte da celeste que conquistou o primeiro título mundial.

Segundo o jornalista Odir Cunha, em seu Time dos Sonhos, o fim da partida marcou a maior comemoração que a Vila Belmiro tinha visto até então. Tudo porque a equipe uruguaia foi superada pelo Santos por 2 a 1, com gols de Camarão e Natinho (Castro marcou para o Bella Vista), o que era até então a maior vitória da história do Alvinegro.

Aquela equipe santista tinha vários jogadores oriundos de outro feito mais que notável: a marca dos cem gols em um único campeonato paulista, em 1927. E isso em somente 16 partidas, uma média sensacional de 6,25 tentos por jogo. O time só não foi campeão por conta de uma duvidosa arbitragem na final, que será assunto deste blogue mais pra frente. Mas, naquela noite contra os uruguaios, já era possível ver a vocação do time para grandes pelejas internacionais.

Visitante ilustre

Dentre os uruguaios em campo, um se destacava. Era o capitão do Bella Vista e da seleção uruguaia José Nasazzi, um verdadeiro mito do país, campeão nas Olimpíadas de 1924, 1928 e da Copa do Mundo de 1930. Nosso vizinhos consideram as três conquistas como o tricampeonato mundial, já que, antes das Copas, os dois Jogos Olímpicos vencidos pelo Uruguai eram os únicos torneios mundiais de futebol.

Nasazzi foi eleito o melhor jogador da Copa de 1930 e capitão da seleção entre 1923 e 1936. Segundo consta, tinha grande poder de recuperação e era um atleta rápido, um diferencial para os zagueiros, embora não fosse técnico. Além dos títulos já mencionados, conquistou quatro Copas América, em 1923, 1924, 1926 e 1935.

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