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Quando o gigante Maradona quase jogou no Santos…

O mundo ainda está estarrecido com a precoce morte, aos 60 anos, de Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Campeão pela seleção de seu país em um triunfo épico em 1986, brilhou nos gramados atuando pelo Napoli, Barcelona e Boca Juniors, e lutando contra condições físicas desfavoráveis e a dependência química. Genial, certa vez o escritor uruguaio Eduardo Galeano o definiu como o mais humano dos deuses. Talvez seja a melhor definição.

Durante muito tempo foi alimentada uma rivalidade entre Maradona e Pelé, na disputa por quem seria o maior da história. Pessoal e publicamente, tiveram rusgas, mas o brasileiro participou da estreia do programa do argentino na TV de seu país.

Em 31 de outubro, quando o craque portenho completou 60 anos, Pelé publicou uma postagem o parabenizando, e teve uma resposta afetuosa, mas melancólica, quase como uma despedida.

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Maradona (quase) no Santos

E Maradona quase jogou no Santos Futebol Clube em 1995. Em maio daquele ano, ainda suspenso do futebol por conta de uso de efedrina na copa de 1994, ele revelou ter sido convidado a jogar no Alvinegro Praiano.

No dia 16 de maio daquele ano, a Folha de S. Paulo trazia a declaração do então ministro dos Esportes afirmando que o atleta negociava seu passe com a Pelé Sports & Marketing, firma da qual Pelé era sócio.

O acordo previa que Maradona jogaria em um time brasileiro e, além do Santos, Botafogo e Corinthians estariam na disputa pelo argentino. Mas Pelé afirmou então que o Peixe estava na frente, já que o presidente da extinta Unicór, que patrocinava o clube, Renato Duprat, encontrou Maradona no Rio. “O Renato disse que bota o dinheiro que precisar para trazer o Maradona”, afirmou Pelé ao jornal.

Ao fim, a negociação não aconteceu e após a suspensão, Maradona retornou ao Boca Juniors, contratado por dez milhões de dólares pelo Grupo Eurnekian.

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Pelé X Messi – comparação de gols em partidas oficiais é complexo de vira-latas

Ignorar os gols do Rei do futebol feitos, por exemplo, contra equipes importantes da Europa (incluindo o próprio Barcelona) e seleções, é desrespeitar a própria história

No primeiro dia do ano, o perfil oficial do Barcelona no Twitter publicou uma postagem listando como um dos grandes desafios de Messi no ano superar Pelé como o maior goleador de um mesmo clube. O clube catalão contabiliza 618 gols do argentino, que seriam 25 a menos que Pelé no Santos.

A postagem foi tema de reportagem do Esporte Espetacular na manhã deste domingo (5). Na mídia, de forma geral, fala-se em “polêmica”. Mas o assunto é relativamente simples: clubes europeus adotam como estatística partidas oficiais, aquelas organizadas por federações e confederações, enquanto no Brasil adota-se outro tipo de contagem, que inclui amistosos.

Pelé Messi

Messi e Pelé, comparação difícil, mas nem tanto… (Fotos: Addesolen e Creative Commons)

Ou seja, aqui no Brasil, isso seria uma discussão sem sentido, mas o gosto por “polêmicas” rende cliques e audiência. Pelé fez 1091 gols pelo Santos e é o maior artilheiro do clube na história. A contagem inclui amistosos, obviamente. Como todas as listas de maiores artilheiros de clubes do país.

O Flamengo, em seu site oficial, fala que Zico foi seu maior artilheiro, com 508 gols em 732 jogos. Não há distinção entre partidas de competições oficiais e amistosos. E nenhum clube brasileiro faz essa diferenciação.

Os gols de Pelé no exterior

É preciso levar em conta ainda que, à época em que Pelé jogou, o Santos fazia muitos amistosos no exterior, chegando mesmo a abrir mão de disputar a Libertadores. Isso porque era mais vantajoso do ponto de vista financeiro obter recursos com excursões, enquanto a competição continental era deficitária.

Como o time era uma atração internacional, era atração por conde passava, inclusive nos grandes centros. Pela contagem do Barcelona, por exemplo, não estão os dois gols feitos por Pelé na goleada contra o time catalão em pleno Camp Nou em 29 de junho de 1959. Um jogo visto por 40 mil pessoas na casa do Barcelona. O jogo não valeu?

Três dias antes, o Peixe venceu a Internazionale, de Milão, por 7 a 1 no Torneio de Valência, com quatro gols do Rei. No total, Pelé fez 353 partidas pelo Santos fora do brasil, marcando 361 gols, uma média superior a um gol por jogo.

Aliás, se levarmos a ferro e fogo o conceito de se levar em conta gols apenas em partidas ditas oficiais, o mesmo deveria ser aplicado a jogos por seleções nacionais. Em seu site oficial, Lionel Messi mostra que anotou 70 gols pela seleção da Argentina. Do total no entanto, não se menciona que 30 deles foram anotados… em amistosos. Demos excluir da lista?

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Os 50 anos do milésimo gol de Pelé

Neste 19 de novembro de 2019 o milésimo gol do Rei do futebol faz cinquenta anos. Abaixo, a reprodução de um texto do Futepoca, adaptado, que conta a expectativa em relação ao feito histórico e os “quase milésimos”

Selo comemorativo do milésimo gol de Pelé
Selo comemorativo do milésimo gol de Pelé

Há 50 anos, Dona Celeste, mineira de Três Corações, fazia 46 anos. Naquele 19 de novembro, porém, não comemorou a data pessoalmente com o filho, que estava longe, no Rio de Janeiro. Dico já não era mais garoto, tinha completado 29. Aliás, nem Dico era mais. O filho de Dondinho pela primeira vez na carreira se sentia realmente nervoso. Estava prestes a fazer história de novo. Ele, autor de façanhas inúmeras, partia em direção à bola para ser novamente único. O primeiro a marcar mil gols.

Mas, antes de chegar até ali, a expectativa foi grande.
Em outubro, Pelé tinha 989 gols. Até a partida contra a Portuguesa, válida pelo Campeonato Brasileiro, então Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Na peleja disputada no Pacaembu, o Peixe venceu por 6 a 2, com quatro gols dele. A partir daquele dia 15, a contagem regressiva começou.

No jogo seguinte, contra o Coritiba, na capital do Paraná, o Santos superou o time da casa por 3 a 1, dois do Rei. Faltavam cinco. Nenhum tento viria no empate em zero a zero contra o Fluminense, no Maracanã, que contou com a presença pouco afável do ditador Médici. Ele não marcaria também contra o América-RJ, no Parque Antárctica, igualdade em 1 a 1, gol de Edu.

Pelé voltaria a fazer o seu em um 4 a 1 contra o Flamengo, no Maracanã, mas passaria em branco na derrota pelo mesmo placar contra o Corinthians, no Pacaembu. No empate em 1 a 1 contra o São Paulo, no Morumbi, foi Rildo quem fez o tento peixeiro. E viria uma sequência de três partidas no Nordeste, contra Santa Cruz, Botafogo-PB e Bahia. As chances de o milésimo vir ali eram grandes e cada cidade e clube pensou, e ao fim preparou, sua festa à sua maneira.

O Santinha não foi páreo para o Peixe na Ilha do Retiro e perdeu por 4 a 0, dois gols de Pelé. Em João Pessoa, o Santos foi recebido com festa no aeroporto e o Rei recebeu o título de cidadão da capital paraibana. Quem conta o que aconteceu é o próprio Atleta do Século, no obrigatório Pelé: minha vida em imagens (Cosac Naify):

“Mal o jogo começou, o Santos fez dois a zero, com bastante facilidade. A partida estava realmente fácil, e quando eu já me perguntava se aquilo não era de propósito, o juiz marcou um pênalti a nosso favor. A multidão explodiu em euforia e começou a gritar ‘Pelé! Pelé!’. Mas eu não era o batedor de pênaltis do time. (…) A pressão era enorme para que eu batesse. Meus companheiros de equipe disseram que, se eu não o fizesse, o público não nos deixaria sair daquele estádio!” Ele bateu e fez o 999º gol.

Tudo indicava que seria ali o local do milésimo. Mas o improvável aconteceu. O goleiro Jair Estevão caiu no gramado, contorcendo-se de dor, e foi retirado de campo. Como não havia jogador no banco para substituição, o “arqueiro reserva” do time – e também da seleção – era Pelé, que foi para debaixo das traves. Como muitos disseram à época, aquela contusão parecia bastante apropriada para que o histórico tento não saísse na pequena Paraíba. “Só que assim que o Pelé fez o gol de número 999, eu fui obrigado a me ‘contundir’ e o Pelé foi para o gol no meu lugar porque, premeditamente, eu entrei em campo sem goleiro reserva. O esquema foi bolado pelo Júlio Mazzei, porque ninguém do Santos queria que o milésimo gol de Pelé saísse na Paraíba e sim no Maracanã”, conta Jair, no Blog do Milton Neves.

Pelé comemora o milésimo gol no Maracanã
Pelé: 1281 gols na carreira (Ed. Sextante)

Mas ainda haveria mais um jogo antes do Santos ir ao Rio de Janeiro, contra o Bahia, em Salvador. E ninguém havia “combinado” nada com Pelé, que queria se livrar da pressão o quanto antes. O Rei teve duas chances. Em uma oportunidade, a bola bateu na trave. “Na segunda, recebi a bola perto da marca do pênalti, dei uma volta, passei por um jogador e avancei para o lado direito do gol. Chutei e o goleiro não conseguiu pegar, mas, vindo não sei de onde, apareceu um zagueiro e tirou a bola na linha do gol. Em vez dos torcedores de seu time comemorarem, o estádio inteiro vaiou. Era algo surreal”, conta o Dez em Pelé: minha vida em imagens. O jogador Nildo “Birro Doido”, falecido em 2008, ficou conhecido como o homem que evitou o milésimo gol do Rei.

Após o empate em 1 a 1 com os soteropolitanos (gol alvinegro de Jair Bala), chegava a noite da quarta-feira, no Maracanã, contra o Vasco. O zagueiro vascaíno Renê cometeu um pênalti em Pelé e, aos 33 do segundo tempo, ele cobrou. Com paradinha, como aprendera vendo Didi cobrar em treinos da seleção brasileira. Mesmo saltando no canto certo, o argentino Andrada não segurou e veio o milésimo.

O jogo parou por 20 minutos, e alguns torcedores entregaram a Pelé uma camisa do Vasco com o número 1000.

O tento foi dedicado às “criancinhas”, por conta de um fato ocorrido dias antes. “Eu tinha saído do treino um pouco mais cedo e vi alguns garotos tentando roubar um carro que estava perto do meu. Eram muito pequenos, do tipo para quem se costuma dar um dinheirinho para tomar conta do carro. Chamei a atenção deles para o que faziam, e eles replicaram que eu não precisava me preocupar pois só roubariam carros com placa de São Paulo. Mandei-os sair dali, dizendo que eles não roubariam carro de nenhum lugar. Lembro-me de ter comentado sobre isso, mais tarde, com um companheiro de time, sobre a dificuldade de se crescer e educar no Brasil. Já então me preocupava com a questão da educação das crianças e essa foi a primeira coisa que surgiu em minha cabeça quando marquei o gol”, diz, em Minha vida em imagens.

Pelé continuaria marcando gols, chegando a 1.281 em sua carreira.

No entanto, matéria do jornal Folha de S.Paulo publicada em 1995 aponta que o milésimo teria sido marcado, de fato, na partida contra o Botafogo-PB. Isso porque a lista de seus tentos omitiria um feito pela seleção do exército, em 1959, contra o Paraguai, partida válida pelo Sul-americano.

Sobre a contagem de seus gols feitos pelo time das Forças Armadas, vale destacar que, diferentemente de atletas que contam tentos marcados quando amadores, os anotados na lista de Pelé foram feitos quando ele já era profissional, e era praxe que as seleções das Forças Armadas à época contassem com jogadores profissionais com idade para servir. O time pelo qual jogou o Rei, por exemplo, contava com outros que já atuavam no futebol profissional como Nélson Coruja, Lorico e Parada. E são contabilizados 15 gols dele na seleção do exército, o que o deixa com uma margem mais que folgada para a contagem de mais de mil gols, ao contrário das contas de outros que não chegariam a essa marca sem artifícios como incluir jogos-treino como amistosos ou contabilizar gol de partida anulada…

A despeito da questão numérica, fica a lembrança dos versos de Drummond em “Pelé: 1.000”: “O difícil, o extraordinário, não é fazer mil gols, como Pelé. É difícil fazer um gol como Pelé.”

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Gabriel Barbosa, o Gabigol, é o 5º maior artilheiro do Santos no século 21

Maior goleador do Brasileirão com 10 gols, atacante já balançou as redes 19 vezes em 2018

terceiro gol de Gabigol contra o Vasco

Gabriel marca seu terceiro gol contra o Vasco, no Maracanã (Ivan Storti/SantosFC)

 

Após fazer um hat trick contra o Vasco no sábado (1º) o atacante Gabriel Barbosa, o Gabigol, chegou ao topo da artilharia do Campeonato Brasileiro de 2018, com 10 gols. Mas não só. Ele também consolidou sua posição entre os maiores goleadores do clube no século 21.

Agora, Gabriel tem 196 jogos com a camisa alvinegra, somando 76 gols e 27 assistências. Em 2018, foi às redes 19 vezes em 39 partidas.

Na lista dos maiores artilheiros do Santos no século 21, Gabigol está em 5º lugar, dez tentos atrás de Kléber Pereira, que tem 86 gols em 143 jogos. Já entre os maiores artilheiros peixeiros pós-Era Pelé, o menino da Vila está na 8ª posição. Confira abaixo:

Maiores artilheiros do Santos no século 21

1 – Neymar – 138 gols em 230 jogos

2 – Robinho – 111 gols em 253 jogos

3 – Kléber Pereira – 86 gols em 143 jogos

4 – Ricardo Oliveira – 92 gols em 173 jogos

5 – Gabriel Barbosa 76 gols em 196 jogos

6 – Elano – 66 gols em 285 jogos

7 – Deivid – 60 gols em 140 jogos (não computados os feitos pelo atacante em 1999 e 2000)

8 – Basílio – 42 em 116 jogos

9 – André – 41 gols em 94 jogos

10 – Diego – 38 gols em 133 jogos

Maiores artilheiros do Santos pós-Era Pelé

1º Neymar – 138 gols

2º Robinho – 111 gols

3º Serginho Chulapa – 104 gols

4º João Paulo – 104 gols

5º Juary – 101 gols

6º Ricardo Oliveira – 92 gols

7º Kléber Pereira – 86 gols

8º Gabigol – 76 gols

9º Guga – 74 gols

10º Giovanni – 73 gols

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Cristiano Ronaldo chega ao gol 600 aos 32. Quando Pelé chegou a essa marca?

Em quase qualquer comparação do Rei do futebol, em termos de números em especial, com jogadores geniais, o camisa 10 leva ampla vantagem

O atacante português Cristiano Ronaldo conseguiu três feitos hoje na decisão da Liga dos Campeões da Europa contra a Juventus. Além de se sagrar campeão continental pelo Real Madrid mais uma vez, com os dois gols tornou-se novamente artilheiro da competição, e marcou o gol 600 de sua carreira. Isso aos 32 anos e quase três meses, que serão completados daqui a dois dias.

Uma coincidência em relação ao Rei do futebol. Pelé chegou ao seu gol 600 também em uma decisão de torneio continental. Foi em 11 de setembro de 1963, quando marcou o segundo tento santista na vitória do Peixe contra o Boca Juniors, em La Bombonera, em um clima brutalmente hostil. Nas arquibancadas, os torcedores argentinos gritavam “Pelé, hijo de puta, macaquito de Brasil”, buscando desestabilizar o craque. A vitória assegurou para o Alvinegro Praiano seu segundo título na Libertadores.

Gols de Cristiano Ronaldo e Pelé

Cristiano Ronaldo e Pelé: Luiz, respeita Januário

O camisa Dez chegou a esse feito com 22 anos e 11 meses. Lembrando que, àquela altura, já tinha participado da maior conquista do futebol brasileiro até então, a primeira Copa do Mundo da seleção, em 1958. Diferentemente de outros jogadores de 17 anos tidos como craques ou fenômenos, Pelé não esquentou só o banco naquele Mundial, sendo protagonista e fazendo gols decisivos para o primeiro título do Brasil. E olha que não era pouca pressão por essa taça não…

Não é à toa que Rei só tem um. E que, como canta a torcida santista, “mil gols, só Pelé”…

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A história de Carlos Alberto Torres no Santos FC

Alvinegro Praiano foi o time onde capitão do Tri jogou por mais tempo. Conheça algumas passagens curiosas da trajetória do “Capita” na Vila Belmiro

O ex-jogador e ex-técnico Carlos Alberto Torres, falecido em função de um infarto aos 72 anos, no dia 25 de outubro, é tido como o maior lateral direito da história do Santos, e talvez do Brasil, só rivalizando com Djalma Santos. Na Vila Belmiro, foram quase onze anos, entre 1965 e 1975, com 445 partidas disputadas e 40 gols marcados com o manto sagrado. Em 1971, chegou a atuar três meses no Botafogo, mas, lesionado, voltou à Baixada.

Pelo Alvinegro Praiano, foi campeão brasileiro em 1965 e 1968, campeão paulista em 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973, da Recopa Sul-americana e Mundial em 1968, do Torneio Rio-São Paulo de 1966 e dos torneios de Nova York em 1966, Triangular de Florença em 1967, de Cuiabá em 1969, Hexagonal do Chile em 1970, Octogonal do Chile e Pentagonal de Buenos Aires em 1969.

Carlos Alberto chegou ao Santos aos 22 anos vindo do Fluminense em 1965, com a torcida tricolor ameaçando depredar a sede do clube em função da saída do atleta. No entanto, em depoimento dado ao projeto Futebol, Memória e Patrimônio: Projeto de constituição de um acervo de entrevistas em História Oral, do CPDOC/FGV (veja aqui), ele revelou que já queria ter vindo ao Peixe anos antes, ainda juvenil.

O lateral chamou a atenção, segundo ele, quando participou de alguns treinos com a seleção brasileira, que concentrava no Hotel Paineiras em Cosme Velho, próximo ao estádio do Fluminense.

Quando faltava algum atleta em um coletivo, o garoto formava com o time reserva. “Quando treinei algumas vezes na seleção para completar a posição da lateral, ou Djalma Santos, ou o Jair não podia participar, alguns jogadores do Santos já haviam indicado o meu nome para eu ir para o Santos, porque o Santos tinha vários jogadores que jogavam na seleção, não é? Se o Fluminense na época tivesse concordado em me liberar, se fosse hoje, por exemplo, que não tem mais o passe, eu seria campeão mundial de interclubes.”

No mesmo depoimento, o “Capita” conta que sua não convocação para ir à Copa do Mundo de 1966 pode ter acontecido justamente pela sua transferência para o Peixe. De acordo com Carlo Alberto, um dirigente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, predecessora da CBF), ligado ao Fluminense, tentou convencê-lo a não ir para o clube da Vila. “E você sabe o que é que aconteceu depois que fui para o Santos? Várias convocações o meu nome não estava, mesmo sendo já naquela época apontado como o melhor da posição no Brasil, mas várias convocações o meu nome não estava. Em 1966 eu fui porque foram quatro de cada posição, acho que não tinha como se justificar a minha não chamada, não é? Aí fui, mas não fui para a Copa do Mundo”, relata.

Partida inesquecível de Carlos Alberto Torres no Santos

Em depoimento dado à Bandeirantes, o Capita conta que, entre os vários jogos marcantes que fez pelo Peixe, o mais memorável para ele foi um confronto contra o Benfica, válido pelo Torneio de Nova York e disputado em 21 de agosto de 1966. Para ele, e também para outros jogadores santistas, foi uma espécie de revanche da Copa do Mundo de 1966, quando Portugal eliminou o Brasil da competição, com uma marcação violenta em Pelé.

“Santos e Benfica. Em 1966, disputamos o Torneio de Nova York. Na Copa, Portugal havia vencido a seleção brasileira, eliminando o nosso time. Eles machucaram o Pelé. Foi uma Copa violenta. Um mês depois, o Santos jogou contra o Benfica, que era base da seleção portuguesa. Foi como se fosse uma desforra. O jogo foi sensacional. Acho que ganhamos de 4 a 0. Nós lavamos a nossa alma. O Santos, naquela época, era o melhor do mundo. A gente respeitava o adversário, mas sabíamos do potencial do nosso time. Tinha o nervosismo natural. A gente sabia da importância do jogo. Foi um jogão, enfrentamos um dos melhores times do mundo.”

Obrigado, capitão, por tudo que fez pelo nosso Santos. Seu nome já está eternizado no coração dos torcedores do Peixe.

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Marta, Cristiane, Érika… As jogadoras da seleção feminina que já foram Sereias da Vila

Peixe montou equipes que ficaram na história do futebol feminino brasileiro, com dois títulos da Libertadores em 2009 e 2010. Relembre

 

O dia chegou! A seleção feminina de futebol inicia nesta terça-feira (3) sua dura jornada em busca do inédito ouro olímpico. Brasil e China duelam às 16h no Engenhão, Rio de Janeiro, e o torcedor santista vai ver diversas jogadoras que já foram Sereias da Vila, fazendo parte de uma das melhores equipes da história da modalidade.

O Alvinegro iniciou seu trabalho com futebol feminino em 1997, com uma campanha na qual se sagrou vice-campeão paulista naquele ano. Mas foi entre 2009 e 2012 que o clube viveu um período fantástico, chegando a ter, entre suas jogadoras, a melhor do mundo, a Rainha Marta.

marta e cristiane futebol feminino

Marta e Cristiane, grande dupla na seleção e no Santos

Eleita cinco vezes a melhor jogadora do planeta, Marta atuou no Peixe por três meses, o suficiente para participar da campanha de dois títulos: a Libertadores de 2009 e a Copa do Brasil do mesmo ano. A meia-atacante estava bem acompanhada na parte ofensiva, com Cristiane fazendo com a Dez uma dupla infernal para as rivais.

Na final da primeira Libertadores da modalidade, o Peixe superou o Universidad Autónoma, do Paraguai, por incríveis 9 a 0 na Vila Belmiro, diante de 14.186 pessoas. Na ocasião, Marta marcou uma vez, sendo vice-artilheira do torneio com 7 gols. Cristiane foi a goleadora máxima, com 15 tentos. Já na final da Copa do Brasil, o Alvinegro derrotou o Botucatu, no Pacaembu, por 3 a 0, com dois gols de Marta e um de Cristiane.

Quem também marcou pelo Santos na final da Libertadores daquele ano foi Érika, autora de dois gols, com seis em todo o torneio. À época, ela atuava como atacante, mas hoje é zagueira

erika selecao futebol feminino

Érika é apresentada no Santos. à época, ainda atacante

do Paris Saint-Germain, jogando na mesma posição pela seleção brasileira.

 

O Peixe chegou a encerrar suas atividades no futebol feminino em 2012, vítima da falta de patrocinadores e da organização caótica do esporte no país, o que motivou, aliás, a formação de uma seleção permanente para a disputa dos Jogos Rio 2016. Mas o clube retornou em 2015, não tendo, desta vez, nenhuma jogadora convocada para a seleção. Das 18 convocadas, cinco são da seleção permanente e todas as outras 13 atuam fora do país, o que evidencia a precariedade da modalidade no Brasil.

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O aniversário de Juary, eterno menino da Vila

Atacante que jogou no Peixe entre 1977 e 1983, além de um passagem quase no fim de carreira em 1989, fez história com seu futebol rápido, habilidoso e irreverente

Nesta quinta, 16 de junho, um dos mais marcantes atacantes do Peixe faz 57 anos. Juary Jorge dos Santos Filho disputou 231 partidas pelo Peixe e durante muito tempo foi o terceiro maior artilheiro do clube pós-Era Pelé, sendo ultrapassado recentemente por Neymar e Robinho.

Nascido em São João de Meriti, no Rio de Janeiro, jogava pelo time do Pavunense, time amador da Pavuna, como lembra o blog Tardes do Pacaembu. Recebeu um convite de seu amigo Babá para jogar na equipe juvenil do Santos e não teve dúvidas.

Na Vila Belmiro, estreou contra o Volta Redonda, em 1976, uma vexatória derrota peixeira por 3 a 0 no Raulino de Oliveira. No ano seguinte, teve destaque na final de um torneio disputado em São Paulo contra o Atlético de Madrid, quando roubou uma bola do consagrado zagueiro Luis Pereira e marcou o tento alvinegro.

Com 1,66 e 66 kg, era rápido e habilidoso, encaixando perfeitamente na equipe montada por Chico Formiga que ficou conhecida como a primeira geração dos Meninos da Vila, em 1978. Ganhou fama como “carrasco do São Paulo” e confirmou a alcunha nas finais do Paulista daquele ano, disputadas em junho de 1979. Juary foi o artilheiro da competição com 29 gols.

Quando Neymar alcançou Juary na tábua de artilheiros do Peixe, fazendo 101 gols, comemorou como o menino da Vila de 1978 fazia, com uma dança em torno da bandeira de escanteio. Por coincidência, contra o São Paulo, alvo preferencial do antigo camisa nove, na semifinal do Paulista de 2012. Uma bonita homenagem, relembre:

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Guga, artilheiro do Santos, faz 52 anos nesta terça

Ídolo dos anos 1990 fez dois hat tricks contra o Corinthians. Relembre sua trajetória no Alvinegro

Hoje um dos ídolos dos tempos de vacas magras do Peixe nos anos 1990 faz aniversário. Alexandre da Silva, o Guga, centroavante que ficou conhecido por marcar belos gols contra o Corinthians, faz 52 anos neste 14 de junho.

No início de 1992, o atacante, então com 27 anos, vinha da Inter de Limeira para reforçar a equipe praiana, que buscava sair do incômodo papel de coadjuvante nos campeonatos que disputava. No entanto, demorou a se firmar porque, nas mesma posição, o Peixe tinha Paulinho McLaren.

Mesmo assim, entrava em diversos jogos no lugar ou do próprio Paulinho em finais de partida, ou de Cilinho. Em um dos jogos de um dos quadrangulares finais do Brasileiro de 1992, entrou no lugar do zagueiro Luiz Carlos, já que o Santos perdia para o Vasco no Maracanã por 3 a 2. Participou do terceiro gol do Alvinegro, com uma bela assistência de peito para Paulinho fazer um golaço.

Após a saída de Paulinho, assumiu a condição de titular e ídolo da torcida. Ainda mais depois de fazer dois tripletes ou hat tricks contra o Corinthians. O primeiro, em 1992, uma vitória de 3 a 1 do Peixe. Entre os tentos, um gol de voleio ou meia-bicicleta, de acordo com o gosto do freguês. Já em 1994, em jogo válido pelo campeonato paulista, o Peixe virou de um 2 a 0 para vencer por 4 a 3 no Morumbi, com três de Guga.

Foi artilheiro do campeonato brasileiro de 1993 e, no total, o atacante marcou 74 gols em 101 jogos com o manto sagrado. Após deixar o time, foi para o Botafogo-RJ e outros clubes, onde não alcançou a mesma expressão. Parabéns, matador!

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Messi deve chegar ao gol 500 na carreira. Sabe quando Pelé alcançou a mesma marca?

Craque argentino passou em branco contra o Real Madrid, mas pode chegar à marca histórica no duelo contra o Atlético de Madrid, pela Liga dos Campeões. Mas o Rei do futebol chegou ao 500° muito, mas muito antes…

Uma das grandes expectativas em relação à partida entre Barcelona e Real Madrid, disputada neste sábado (2) e válida pelo campeonato espanhol, era se Messi marcaria seu 500º tento na carreira. Apagado na peleja, teve somente uma chance real, defendida por Navas, e foi figura apagada durante a maior parte do tempo. A expectativa mudou para o duelo entre os catalães e o Atlético de Madrid, jogo desta terça (5) na Liga dos Campeões.

Pelé Messi

Messi e Pelé, comparação difícil, mas nem tanto… (Fotos: Addesolen e Creative Commons)

Que Messi é o maior (ou um dos dois maiores) do mundo há alguns anos, poucos duvidam. Mas o problema aparece quando se quer comparar o argentino  a figuras de outras épocas, em especial, Pelé. Como existem peculiaridades em cada época e contexto, trata-se de um exercício muitas vezes infrutífero, mas que se torna bem objetivo quando se analisam os números e algumas marcas. No caso, o gol 500 de cada um, por exemplo.

Caso o camisa dez argentino anote seu meio milhar de tentos nesta semana ou neste abril, vai ter realizado o feito aos 28 anos e 9 meses (ele aniversaria em 24 de junho). Pelé chegou ao mesmo número muito, mas muito antes, aos 21 anos e 10 meses. Foi em um empate contra o São Paulo, 3 a 3, em 2 de setembro de 1962, ocasião em que foi às redes duas vezes.

Àquela altura, Pelé já havia sido campeão mundial pela seleção brasileira duas vezes, sendo que, na primeira, em 1958, foi protagonista do título com somente 17 anos. Isso sem contar que a seleção, mesmo que muitos já atribuíssem ao Brasil a alcunha de “país do futebol”, nunca havia vencido uma Copa. Imaginem a pressão para um garoto recém-alçado à fama pelo Santos…

O eterno camisa Dez peixeiro, quando alcançou o 500°, tinha sete tentos em Copas, sendo seis em seu Mundial de estreia. Messi, três Copas depois, marcou cinco vezes.

Podem comparar à vontade, mas é difícil superar o Rei…

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