Atacante foi o primeiro brasileiro nato a vestir a camisa da seleção alemã e ficou pouco menos de seis meses na Vila Belmiro
Em julho de 1999 o Bayer Leverkusen anunciava que o atacante de 26 anos que defendera o clube por quase três anos voltava ao seu país natal, o Brasil, para defender a camisa do Santos. Àquela altura, Paulo Rink já havia feito história ao se tornar o primeiro brasileiro a vestir a camisa da seleção da Alemanha, mas estava em má fase e buscava recuperar o bom futebol perdido.
Revelado nas divisões de base do Athletico Paranaense no início dos anos 1990, foi no time rubro-negro que Rink despontou, fazendo uma dupla de sucesso com Oseás. A dupla fez parte da equipe campeã da Série B do Brasileiro em 1995 e seguiu com grandes atuações na Série A de 1996, quando o clube terminou a competição em quarto lugar.
Oséas chegou a ser convocado para a seleção brasileira para três amistosos naquele ano, mas seu companheiro teve outro destino. No Bayer, naturalizou-se alemão e em 1998 foi foi convocado para a seleção germânica pelo técnico Berti Vogts. Esteve em 13 partidas pela seleção, sendo três na Eurocopa de 2000 e uma pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2002.
A estreia de Paulo Rink no Santos
Quando veio para o Santos, a equipe estava na reta final do campeonato paulista de 1999. Logo em sua estreia, marcou um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre o Guarani, última partida da segunda fase do torneio. O time acabou em primeiro lugar no seu grupo, mas com um ponto a menos na classificação geral que o Palmeiras, segundo colocado do grupo rival, com quem duelou por uma vaga na final.
Paulo Rink atuou nas duas partidas da semifinal, como uma espécie de ponta de lança, dando suporte ao ataque formado por Viola e Alessandro na equipe montada por Emerson Leão. Vitória alvinegra na partida de ida por 2 a 1 e derrota pela mesmo placar na volta. O Santos acabou eliminado.
Paulo Rink voltou a marcar pelo time em uma derrota em amistoso para o Parma (ITA), por 2 a 1, no Torneio Hispalis. No Brasileiro, fez 15 partidas, mas não se firmou no time titular, perdendo o lugar ao lado de Dodô ora para Rodrigão, e em outras ocasiões para Lúcio, Deivid e Adiel.
Com a derrota da chapa apoiada pelo presidente Samir Abdul-Hak, o Santos não se interessou em continuar com o jogador por empréstimo. “Fui contratado nas férias para disputar as finais do Paulista e até fiz gol em minha estréia. Gostaram e joguei também o Brasileiro. Mas problemas internos no clube – o presidente que o contratou havia perdido as eleições – mudaram a minha cabeça e resolvi voltar para a Europa”, disse, em entrevista.
Santos e Flamengo disputam neste domingo (2), no Maracanã, sua 116ª partida. No histórico do confronto, o Peixe leva vantagem sobre o Rubro-Negro: são 44 vitórias, 31 empates e 40 derrotas, com 173 gols feitos, 154 sofridos e um saldo positivo de 19 tentos para a equipe da Vila Belmiro.
Entre todos estes jogos, alguns são históricos e estão frescos na memória do torcedor, como os 5 a 4 que os flamenguistas, com Ronaldinho Gaúcho, aplicaram no Alvinegro de Neymar em 2011. Mas como este é um blogue santista, vamos atrair bons fluidos lembrando de cinco grandes triunfos peixeiros contra os rivais cariocas. Na verdade, quatro vitórias e um empate com um gosto de título.
1920 – Santos 6 x 0 Flamengo
Esta foi a primeira partida disputada entre os dois times, e já ficou marcada com uma bela goleada alvinegra. Na peleja disputada na Vila Belmiro, Ary Patuska e Castelhano anotaram duas vezes cada, com Arnaldo Silveira e Constantino completando o placar.
A partir daqui, uma curiosidade. Demoraram seis jogos, ou quase 19 anos, para que o Peixe perdesse pela primeira vez para o Flamengo, o que ocorreu em 1939, um amistoso disputado na Vila Belmiro que terminou em 6 a 3 para os cariocas. Na primeira peleja oficial entre ambos, duelo válido pelo Rio-São Paulo de 1952 no Pacaembu, deu Santos: 4 a 1 com dois gols de Cento e nove, ambos de pênalti, Nicácio e Tite (não, não é o treinador do Corinthians, mas este grande craque santista aqui).
Entre os flamenguistas que entraram em campo naquele 4 de julho, alguns nomes peculiares como o goleiro Kuntz, Telefone, Japonês e um homônimo do narrador, também rubro-negro, Galvão Bueno.
1961 – Flamengo 1 X 7 Santos
Essa partida, válida pelo Rio-São Paulo daquele ano, teve arrecadação recorde à época e contou com um público de 90.218 torcedores. É a maior goleada registrada no duelo.
Naquele dia 11 de março, marcaram para o Peixe Pelé (3), Pepe (2), Dorval e Coutinho. Além da linha mágica que contava com Mengálvio como armador, atuaram pelo Santos na peleja histórica Laércio, Mauro (Formiga) e Fioti (Feijó), Zito (Urubatão) e Calvet.
Aquele ano de 1961 foi mágico para o Alvinegro da Vila Belmiro. Se você quer saber mais, clique aqui.
1995 – Flamengo 0 X 3 Santos
A vitória peixeira no Maracanã veio logo depois de uma partida naquele campeonato brasileiro de 1995 que quase causou a demissão do técnico Cabralzinho. O Santos havia jogado contra o Vitória, no Barradão, no domingo anterior, e tomado uma piaba de 4 a 0, fora o baile, com dois gols marcados por um ex-santista, Paulinho Kobayashi.
Poucos acreditavam em um bom desempenho alvinegro naquele dia, mas ele veio. Marcos Adriano, lateral-esquerdo que tinha vindo justamente da equipe rubro-negra, abriu o placar aos 8 da etapa inicial, e Camanducaia fez o segundo aos 34.
A propósito, aquele era o Flamengo que viu o “ataque dos sonhos” se transformar no “pior ataque do mundo”. Sávio, Romário e Edmundo não fizeram valer a fama e as expectativas do torcedor, sendo que naquele dia só os dois primeiros atuaram na equipe comandada por Washington Rodrigues.
O meia Robert completou o placar aos 43, dando início ali a uma recuperação que garantiria ao Peixe o título de campeão do segundo turno em seu grupo e uma vaga nas semifinais. Depois desse dia, a equipe empatou fora de casa com o Paraná e conseguiu cinco vitórias em sequência, contra Corinthians, Palmeiras, Paysandu, Botafogo e Guarani.
1997 – Flamengo 2 X 2 Santos
Bom, essa não é exatamente uma vitória, mas foi a partida que deu ao Peixe o título de campeão do Rio-São Paulo daquele ano. Não foi o que nos tirou da fila de troféus importantes, mas era bom comemorar uma conquista, ainda mais obtida em um Maracanã com mais de 70 mil presentes.
Logo antes da partida, Romário recebeu o prêmio de melhor jogador da competição, o que já era estranho. Como também era peculiar a regra que garantia vantagem ao Rubro-Negro por ter feito uma campanha melhor. Bastava uma vitória em dois jogos para os cariocas se sagrarem campeões. Na partida de ida, no Morumbi, o Peixe havia vencido por 2 a 1, gols de Alessandro Cambalhota e Macedo.
O Santos campeão do Rio-São Paulo de 1997, com calção estrelado (Pisco del Gaiso/Placar)
Mesmo com todo um clima adverso, o Alvinegro saiu na frente com um gol de falta de Ânderson Lima aos 33. Mas Romário empatou de pênalti aos 37 e virou no final do primeiro tempo, aos 45.
Foi na volta do intervalo que brilhou a estrela de Vanderlei Luxemburgo, egresso do Palmeiras e em alta à época. Para ir atrás do empate que dava o título ao Peixe, colocou o desconhecido atacante Juari no lugar do lateral esquerdo Rogério Seves. E deu certo: o garoto marcou aos 32 do segundo tempo e o caneco veio pra Vila. Com o time atuando com calções estrelados…
Embora possa ser menosprezado, aquele Rio-São Paulo de 1997 foi um exemplo de organização, com algumas inovações na área técnica. Em seis partidas (só os oito grandes participaram), o Peixe levou R$ 2,5 milhões, somando premiação, rendas e mais uma quantia de uma telepromoção. A média de público foi de 20.422 pessoas, mais que o dobro do Brasileiro do ano anterior, que teve 10.913.
Também houve novidades como a possibilidade do tempo técnico para instrução dos treinadores aos atletas, o limite de faltas por equipe (15, com tiro livre direto sem barreira na 15ª infração) e limite de faltas individuais, cinco por jogador.
2000 – Flamengo 0 X 4 Santos
Aquele era o primeiro ano da gestão Marcelo Teixeira, que voltava ao clube após ter sido presidente em 1991-1992. As promessas eram hiperbólicas e o novo mandatário estreava como “mecenas”, ao estilo de Paulo Nobre, com a diferença que parte do dinheiro investido teve que ser devolvido mais adiante (fora outros problemas…)
Vieram naquele primeiro semestre de 2000 nomes como Carlos Germano, Valdir Bigode, Ânderson Luiz, Élder, Galván, Fábio Costa, Márcio Santos, além dos retornos de Caio Ribeiro (então só “Caio”) e Ânderson Lima. Após ser vice-campeão paulista, o time do técnico Giba buscava na Copa do Brasil a chance de sair do jejum de títulos que incomodava (e como) o torcedor. Assim, o confronto contra o Flamengo válido pelas quartas de final do torneio eram parte do caminho que o Alvinegro precisava trilhar e um bom resultado naquela primeira partida disputada no Maracanã era fundamental.
Não foi só um bom resultado, mas sim um ótimo, que praticamente definiu a vaga para o Peixe. Dodô marcou os dois primeiros, aos 31 e 34 e Caio anotou também duas vezes, aos 9 e 22 da etapa final.
O hoje comentarista da Rede Globo chegou ao Santos em 1997 e atuou na equipe até meados de 1998, quando foi emprestado justamente ao Flamengo. Lá, se deu bem e fez uma excelente parceria com Romário, mas o clube da Gávea não se esforçou para comprar os direitos do meia-atacante, que retornou à Vila Belmiro no início daquele ano. A vingança de Caio, magoado com os dirigentes rubro-negros, veio naquele dia.
No jogo da volta, o Peixe conseguiu nova vitória, por 4 a 2, com um hat trick de Dodô e um gol contra de Maurinho. O Santos só pararia nas semifinais, sendo eliminado pelo Cruzeiro, campeão da competição.
RT @lucasdsbarros: O Santos passou vexame no campeonato em que a taça se chama “Rei Pelé”.
Que decepção pro maior jogador de todos os temp… 2 weeks ago