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Quando o gigante Maradona quase jogou no Santos…

O mundo ainda está estarrecido com a precoce morte, aos 60 anos, de Diego Armando Maradona, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Campeão pela seleção de seu país em um triunfo épico em 1986, brilhou nos gramados atuando pelo Napoli, Barcelona e Boca Juniors, e lutando contra condições físicas desfavoráveis e a dependência química. Genial, certa vez o escritor uruguaio Eduardo Galeano o definiu como o mais humano dos deuses. Talvez seja a melhor definição.

Durante muito tempo foi alimentada uma rivalidade entre Maradona e Pelé, na disputa por quem seria o maior da história. Pessoal e publicamente, tiveram rusgas, mas o brasileiro participou da estreia do programa do argentino na TV de seu país.

Em 31 de outubro, quando o craque portenho completou 60 anos, Pelé publicou uma postagem o parabenizando, e teve uma resposta afetuosa, mas melancólica, quase como uma despedida.

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Maradona (quase) no Santos

E Maradona quase jogou no Santos Futebol Clube em 1995. Em maio daquele ano, ainda suspenso do futebol por conta de uso de efedrina na copa de 1994, ele revelou ter sido convidado a jogar no Alvinegro Praiano.

No dia 16 de maio daquele ano, a Folha de S. Paulo trazia a declaração do então ministro dos Esportes afirmando que o atleta negociava seu passe com a Pelé Sports & Marketing, firma da qual Pelé era sócio.

O acordo previa que Maradona jogaria em um time brasileiro e, além do Santos, Botafogo e Corinthians estariam na disputa pelo argentino. Mas Pelé afirmou então que o Peixe estava na frente, já que o presidente da extinta Unicór, que patrocinava o clube, Renato Duprat, encontrou Maradona no Rio. “O Renato disse que bota o dinheiro que precisar para trazer o Maradona”, afirmou Pelé ao jornal.

Ao fim, a negociação não aconteceu e após a suspensão, Maradona retornou ao Boca Juniors, contratado por dez milhões de dólares pelo Grupo Eurnekian.

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Pelé X Messi – comparação de gols em partidas oficiais é complexo de vira-latas

Ignorar os gols do Rei do futebol feitos, por exemplo, contra equipes importantes da Europa (incluindo o próprio Barcelona) e seleções, é desrespeitar a própria história

No primeiro dia do ano, o perfil oficial do Barcelona no Twitter publicou uma postagem listando como um dos grandes desafios de Messi no ano superar Pelé como o maior goleador de um mesmo clube. O clube catalão contabiliza 618 gols do argentino, que seriam 25 a menos que Pelé no Santos.

A postagem foi tema de reportagem do Esporte Espetacular na manhã deste domingo (5). Na mídia, de forma geral, fala-se em “polêmica”. Mas o assunto é relativamente simples: clubes europeus adotam como estatística partidas oficiais, aquelas organizadas por federações e confederações, enquanto no Brasil adota-se outro tipo de contagem, que inclui amistosos.

Pelé Messi

Messi e Pelé, comparação difícil, mas nem tanto… (Fotos: Addesolen e Creative Commons)

Ou seja, aqui no Brasil, isso seria uma discussão sem sentido, mas o gosto por “polêmicas” rende cliques e audiência. Pelé fez 1091 gols pelo Santos e é o maior artilheiro do clube na história. A contagem inclui amistosos, obviamente. Como todas as listas de maiores artilheiros de clubes do país.

O Flamengo, em seu site oficial, fala que Zico foi seu maior artilheiro, com 508 gols em 732 jogos. Não há distinção entre partidas de competições oficiais e amistosos. E nenhum clube brasileiro faz essa diferenciação.

Os gols de Pelé no exterior

É preciso levar em conta ainda que, à época em que Pelé jogou, o Santos fazia muitos amistosos no exterior, chegando mesmo a abrir mão de disputar a Libertadores. Isso porque era mais vantajoso do ponto de vista financeiro obter recursos com excursões, enquanto a competição continental era deficitária.

Como o time era uma atração internacional, era atração por conde passava, inclusive nos grandes centros. Pela contagem do Barcelona, por exemplo, não estão os dois gols feitos por Pelé na goleada contra o time catalão em pleno Camp Nou em 29 de junho de 1959. Um jogo visto por 40 mil pessoas na casa do Barcelona. O jogo não valeu?

Três dias antes, o Peixe venceu a Internazionale, de Milão, por 7 a 1 no Torneio de Valência, com quatro gols do Rei. No total, Pelé fez 353 partidas pelo Santos fora do brasil, marcando 361 gols, uma média superior a um gol por jogo.

Aliás, se levarmos a ferro e fogo o conceito de se levar em conta gols apenas em partidas ditas oficiais, o mesmo deveria ser aplicado a jogos por seleções nacionais. Em seu site oficial, Lionel Messi mostra que anotou 70 gols pela seleção da Argentina. Do total no entanto, não se menciona que 30 deles foram anotados… em amistosos. Demos excluir da lista?

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Messi deve chegar ao gol 500 na carreira. Sabe quando Pelé alcançou a mesma marca?

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Messi deve chegar ao gol 500 na carreira. Sabe quando Pelé alcançou a mesma marca?

Craque argentino passou em branco contra o Real Madrid, mas pode chegar à marca histórica no duelo contra o Atlético de Madrid, pela Liga dos Campeões. Mas o Rei do futebol chegou ao 500° muito, mas muito antes…

Uma das grandes expectativas em relação à partida entre Barcelona e Real Madrid, disputada neste sábado (2) e válida pelo campeonato espanhol, era se Messi marcaria seu 500º tento na carreira. Apagado na peleja, teve somente uma chance real, defendida por Navas, e foi figura apagada durante a maior parte do tempo. A expectativa mudou para o duelo entre os catalães e o Atlético de Madrid, jogo desta terça (5) na Liga dos Campeões.

Pelé Messi

Messi e Pelé, comparação difícil, mas nem tanto… (Fotos: Addesolen e Creative Commons)

Que Messi é o maior (ou um dos dois maiores) do mundo há alguns anos, poucos duvidam. Mas o problema aparece quando se quer comparar o argentino  a figuras de outras épocas, em especial, Pelé. Como existem peculiaridades em cada época e contexto, trata-se de um exercício muitas vezes infrutífero, mas que se torna bem objetivo quando se analisam os números e algumas marcas. No caso, o gol 500 de cada um, por exemplo.

Caso o camisa dez argentino anote seu meio milhar de tentos nesta semana ou neste abril, vai ter realizado o feito aos 28 anos e 9 meses (ele aniversaria em 24 de junho). Pelé chegou ao mesmo número muito, mas muito antes, aos 21 anos e 10 meses. Foi em um empate contra o São Paulo, 3 a 3, em 2 de setembro de 1962, ocasião em que foi às redes duas vezes.

Àquela altura, Pelé já havia sido campeão mundial pela seleção brasileira duas vezes, sendo que, na primeira, em 1958, foi protagonista do título com somente 17 anos. Isso sem contar que a seleção, mesmo que muitos já atribuíssem ao Brasil a alcunha de “país do futebol”, nunca havia vencido uma Copa. Imaginem a pressão para um garoto recém-alçado à fama pelo Santos…

O eterno camisa Dez peixeiro, quando alcançou o 500°, tinha sete tentos em Copas, sendo seis em seu Mundial de estreia. Messi, três Copas depois, marcou cinco vezes.

Podem comparar à vontade, mas é difícil superar o Rei…

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Previsões para o campeonato brasileiro de 2015: o Santos pode ser campeão?

Respondendo objetivamente à pergunta acima: difícil, mas não impossível. Em relação aos dois anos anteriores, esta é a melhor chance do Peixe ao menos disputar de fato o G4, algo que ele só ameaçou fazer nas duas últimas edições do campeonato brasileiro. Claro, há fatores que estão além das vontades dos muros que cercam a Vila Belmiro que podem facilitar ou dificultar a missão. Vejamos alguns deles.

O que pode ajudar o Santos a ir longe no Brasileirão?

Começando pelos fatores externos. Há cinco equipes brasileiras disputando a Libertadores, embora no máximo três continuarão após o meio da semana. Isso significa que dois clubes no mínimo estarão de “ressaca” na segunda rodada do Brasileiro e ao menos dois estarão priorizando a competição continental até a quarta rodada caso percam nas quartas de final.

Times que chegam à final da Libertadores não ganham título do Brasileirão, nada indica que isso vá mudar. Mas os que são desclassificados cedo demais também podem não sentir o baque, a exemplo do que aconteceu no ano passado com o Cruzeiro. Quem for longe, pode não ter fôlego pra ir bem no Brasileiro. Portanto, se os rivais dos quais não gostamos acabarem classificados na semana que vem, há razão para não ficar tão chateado.

Também existe a perspectiva de reforços. Quando fechou a contratação do meia Rafael Longuine, ex-Audax, o presidente do Santos, Modesto Roma, reconheceu a necessidade de chegarem mais jogadores. “Sabemos que o Santos precisa de contratações, e vamos trabalhar para isso. Temos um elenco de 28 atletas para o Campeonato Paulista, e pensamos em ter até 33”, disse na ocasião, o que abre espaço para pelo menos mais quatro nomes.

A partida do meio de semana entre os reservas do Santos e o Maringá também trouxe uma boa nova. A equipe, ao contrário dos últimos anos, tem reservas interessantes em boa parte das posições e os garotos, em que pese o empate sofrido em cinco minutos justamente pela falta de alguém mais experiente em campo, podem e devem evoluir. Algumas peças poderiam fortalecer a equipe como um jogador como opção de velocidade no ataque, um volante ou atleta que possa fazer o papel de terceiro homem no meio de campo e um zagueiro, por exemplo.

Robinho é peça-chave do Santos no campeonato brasileiro (Ricardo Saibun / Santos)

Robinho é peça-chave do Santos no campeonato brasileiro (Ricardo Saibun/Santos)

O que pode atrapalhar o Santos no Brasileirão?

O primeiro fator que pode perturbar a evolução alvinegra é a seleção. Robinho é peça chave desse time não somente pela técnica e inteligência tática, mas também pelo papel de liderança que exerce em campo, algo muito mais notado hoje do que em sua última passagem pelo time. Com a Copa América, ele pode desfalcar a equipe em sete jogos se a seleção for à final e a diferença de aproveitamento entre o time com e sem Robinho é evidente. Com o Rei das Pedaladas, o Peixe não perdeu em 2015, já que nas derrotas diante de Ponte e Palmeiras ele não atuou. Pela ordem, Robinho deixaria de jogar contra São Paulo (F), Ponte Preta (C), Atlético-MG (F), Corinthians (C), Internacional (F), Fluminense (F) e Grêmio (C). E, claro, manter o craque na Vila é fundamental para as pretensões santistas.

Marcelo Fernandes afirmou que ter um bom início de Brasileiro é fundamental para o decorrer da competição. “Estou aqui há cinco anos, e o Santos tem se destacado do meio para o fim do campeonato. O que tem impossibilitado a gente de chegar entre os primeiros é o começo do campeonato”, afirmou. Não é bem verdade, mas a análise até faz sentido.

O Alvinegro terminou o primeiro turno do Brasileiro de 2014 em 9º lugar, com 26 pontos ganhos, 17 atrás do líder Cruzeiro. Em um segundo turno mais equilibrado, ficou em 10º, com 27, mas bem mais próximo dos líderes Cruzeiro e Corinthians, que fizeram 37 pontos. Já em 2013, o Santos terminou em 7º lugar o primeiro turno com 29 pontos obtidos e no returno foi o oitavo, com 28.

A impressão de Fernandes de que o Peixe foi melhor no segundo turno se deve ao fato de que tanto em 2013 quanto em 2014 a equipe ensaiou uma briga pelo G4 que, na prática, não existiu. Em ambos os campeonatos, o time trocou de técnico no meio do caminho: no ano retrasado Muricy Ramalho caiu e o interino Claudinei Oliveira se tornou efetivo e no ano passado Oswaldo de Oliveira deu lugar a Enderson Moreira.

Em 2013, o Santos ainda vivia a perda de Neymar para o Barcelona, mas o fato é que, em algumas partidas decisivas, Claudinei preferiu não arriscar. Sem o risco, perdeu o posto não naquele ano, mas na temporada seguinte. Marcelo Fernandes não pode repetir o erro, já que na segunda peleja da final do campeonato paulista de 2015 quase pôs tudo a perder por conta da falta de ousadia quanto tinha um jogador a mais que o rival. Mire o exemplo de Claudinei, Marcelo…

Já em 2014, Enderson Moreira passou a utilizar com mais frequência Lucas Lima, que teve menos chances do que merecia com Oswaldo de Oliveira, e recuperou o futebol de Geuvânio, encostado pelo técnico anterior. Deu resultado até a contusão do garoto, que trouxe nova queda de rendimento na equipe. Outro alerta para a comissão técnica e para a diretoria: sem reforços e elenco, não se vai longe no Brasileiro, e é preciso treinar atletas para desempenhar as funções dos titulares. Em campeonatos de longa duração, contusões são comuns e o Peixe não pode ser surpreendido.

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Depois de apanhar, Santos mostra que continua de pé

Em um dos grandes momentos da história do cinema (só que não), Sylvester Stallone, investido no papel de Rocky Balboa pela sexta vez nas telas do cinema, vira para seu filho, que não quer que o ‘Garanhão Italiano” suba ao ringue com 60 anos de idade, e despeja sua sabedoria em uma frase. “Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto consegue apanhar e continuar seguindo em frente.”

E o time do Santos que entrou em campo ontem apanhou na semana passada. Até mais do que as incríveis surras que o personagem de Stallone tomou de diferentes lutadores durante a série cinematográfica. O que estava em questão hoje não era apenas o clássico contra o Corinthians, mas se os moleques e os veteranos, espezinhados com razão por Deus e pelo mundo, iriam suportar a pressão e jogar de forma digna contra um dos times mais consistentes do Brasil.

O início da peleja, com um gol de Paulo André aos 3 minutos, dizia que não. Hoje, não. Ou… hoje, sim? Lembrei daquele time de meninos de 2002, cuja fórmula cantada por comentaristas para que ele caísse na segunda partida das quartas de final do Brasileiro contra o São Paulo era tomar um gol no começo do jogo. E o Santos tomou. Mas não caiu. Também não tombou na noite de ontem.

Chegou a ter 68% de posse de bola no primeiro tempo. Mas pouco ameaçou o gol de Cássio. Essa vem sendo a tática do Corinthians de Tite, pressionar e marcar logo no começo, e depois esperar pelo contra-ataque. Nas duas partidas contra o Corinthians na Libertadores de 2012, na maior parte do tempo o Timão, com a vantagem, marcou atrás da linha da bola contra o Peixe. E se deu melhor.

Mas aquele Corinthians tinha mais qualidade técnica com Paulinho no meio. O Santos também era melhor tecnicamente que o time de Claudinei Oliveira, mas menos coeso taticamente. E menos aguerrido. Porque os donos da casa hoje entraram querendo curar a ressaca, provando que podiam aguentar qualquer trago e qualquer tranco, mesmo com o revés do início.

Na segunda etapa, a superioridade se traduziu em gol. Em um, de William José, mas poderia ter sido dois, poderia ter sido uma vitória de virada. O Santos tomou conta do meio de campo corintiano, Tite tentou corrigir a desvantagem colocando Ibson no lugar de Romarinho. Não bastou. Arouca, Leandrinho, Cícero e, principalmente, um onipresente Montillo, em sua melhor atuação pelo Santos, fizeram do meio de campo seu castelo. Sem contar Léo atrás, que roubou a bola do contra-ataque que resultou no tento peixeiro e Edu Dracena, que calou a boca do crítico futepoquense que o cobrou em relação às declarações infelizes de alguns dias atrás. E Neílton, menos vistoso que eficiente, também mostrou que o passeio de Barcelona foi isso. Um passeio que ficou pra trás, como aqueles que fazemos nas férias.

Assim como no jogo contra o Coritiba, o time não conseguiu traduzir a superioridade nos três pontos. Numa competição de pontos corridos, isso é grave. A equipe precisa do algo a mais, de um ou dois jogadores com poder de decisão, que possam mudar uma partida ou fazer o inesperado quando o contexto exigir. O novo gerente de futebol, Zinho, chegou com a ingrata missão de buscar esse (ou esses) “a mais”. Os santistas aguardam com ansiedade.

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A despedida de Neymar. O difícil adeus do torcedor do Santos

Naquele dia, no Pacaembu, um burburinho começou a tomar conta da torcida no início do segundo tempo. Logo, o zumbido eclodiu em gritos que pediam a entrada de um jogador que nunca tinha sequer vestido a camisa do Santos no time de cima até então. Mesmo assim, era falado, cotado como futuro craque, tanto que já valia US$ 25 milhões. Era a esperança de um futebol melhor para uma torcida que já havia sofrido em 2008, e se previa àquela altura um ano também difícil.

7 de março de 2009. Eu estava no Pacaembu naquele dia, vendo o garoto que acabara de entrar colocar uma bola na trave, aos seus dois minutos como profissional. O Santos venceu o Oeste por 2 a 1 e aquele menino cheio de técnica e personalidade já me fazia sorrir. E sonhar com o que poderia vir a ser.

Foi em seu terceiro jogo, contra o Mogi Mirim, que marcou seu primeiro gol. Ironicamente, do outro lado estava um outro ídolo eterno peixeiro, Giovanni. No final, o moleque foi abraçar o meia e falou: “Você jogou pra caralho!”. Não era exatamente verdade, mas era mais que uma gentileza, quase uma reverência de alguém que reconhecia no outro uma inspiração, uma referência. Sinal de respeito de um craque que surgia por outro que já quase acabava de escrever sua história.

No ano seguinte, ambos jogariam juntos. Quando Giovanni surgiu, logo foi apelidado de Messias. Sim, nós santistas temos, como tantas outras torcidas, algo de religiosos, mas não é exatamente o fanatismo que nos determina. É algo como a espera de alguém que traga um futebol bem jogado, ofensivo, criativo, fora do comum, que honre toda uma história de goleadores, de craques habilidosos. Que vimos e que não vimos. Os profetas que nos salvariam dos jejuns, das filas, do futebol comezinho e medíocre. Que fariam torcedores como eu e outros irem homenagear os jogadores que foram vice-campeões em 1995 em uma praça no Gonzaga. Celebrar mais o futebol apresentado do que protestar contra uma arbitragem. Porque havíamos renascido, éramos gratos.

Neymar comemora seu primeiro gol pelo Santos

E volta e meia eles, os profetas da bola, vêm ao campo sagrado da Vila Belmiro. Às vezes, quase solitários, como Giovanni; em outras ocasiões, em dupla, como Diego e Robinho. Ou, ainda, estrelando com belas companhias, como o menino que fez mais que bela figura junto a um inspirado Ganso, a um renovado Robinho, a um então polivalente Wesley ou um múltiplo e incansável Arouca.

Quando se cresce com seu time vivendo uma seca de títulos, imagina-se várias vezes como será sua reação na hora em que ele ganhar um título. Em 2002, não chorei, simplesmente não parava de rir. Mais tarde, quantas vezes ri com esse menino. Não o riso de deboche com o adversário, mas de alegria ou de estupefação com um lance bem tramado, um drible impossível, uma jogada improvável. Após um lindo gol do moleque, um santista que assistia a uma partida comigo teve um ataque de riso e repetia: “isso é futebol! Isso é futebol”.

Títulos. Sim, vieram títulos, como são bons. Mas são melhores com aquele quê, com aquele tempero dele, que faz aquele lance que você viu e vai ficar comentando daqui a alguns anos para quem não teve o prazer de ver. Vão duvidar de você, que terá que recorrer ao YouTube e perder horas porque não lembra em que jogo foi.

E como é bom ver in loco. No Pacaembu, assisti o menino marcar quatro gols (seriam cinco, se o árbitro não tivesse anulado um de forma errada). Vou recordar também das vezes que tentava convencer um santista ou não a vir comigo assistir ao jogo. “É uma oportunidade de ver o moleque. Vai saber quando ele vai embora?”. Falava, mas, no fundo, acreditava em algum milagre que desmentisse meu pragmatismo.

Agora, foi. Ainda não, mas a saída foi sacramentada. O clube lucrou com uma estratégia de bancar seus salários, o que não seria possível de outra forma. Ganhou no campo, também no marketing. Como não havia possibilidade de renovação além de 2014, vendeu seus direitos que nada valeriam daqui a alguns meses. Para um jogador prestes a encerrar um contrato, uma ótima soma. Mas aqui, aqui no coração de torcedor, não se trata de dinheiro, e sim do vazio que fica.

Mais de quatro anos de convivência, com o fantástico posto de 13º maior artilheiro da história do Santos (por enquanto) e, até hoje, 229 jogos, 138 gols e 70 assistências. Dos ídolos que vi irem embora – porque, ainda hoje, é assim que a banda toca no Brasil exportador –, esse é o que deixa a pior sensação. Mas foi uma despedida que vinha acontecendo aos poucos, com um futebol opaco de sua equipe que nem ele conseguia erguer. Ao contrário, foi sendo trazido também para baixo. Uma alegria em seu rosto que minguava com a enorme pressão pela sua saída, cantada por veículos midiáticos, jogadores, técnicos e empresários/ex-jogadores. Por fim, pela própria diretoria do seu clube. O futebol, o meio que o circunda e seus interesses não são para qualquer um.

O ludopédio brasileiro, é fato, não está preparado para segurar talentos como o dele. Triste. Para ele, para os santistas, para o futebol das bandas de cá. Podem surgir outros casos similares, nos quais jogadores queiram ficar aqui ou em algum outro país vizinho, mas, por enquanto, serão exceções, não regra. vão sempre calcular e especular sobre o dia em que partirão. Vai demorar muito para erguermos a cabeça e olharmos o Velho Mundo de igual para igual. A ida do moleque faz o santista lamentar, mas deveria fazer os “gênios” do futebol brasileiro refletirem. Olhamos pra você e vemos nossa pequeneza, e o quanto poderíamos ser grandes e não somos.

Vai, garoto, o mundo é seu. Vou sentir saudades de gritar “vai pra cima deles, Neymar”. Mas é hora de não ser egoísta e de desejar que a mesma alegria que você proporcionou a mim e a tantos, santistas ou não, possa ser compartilhada em outras plagas. Torço por você. E por aqueles que o sucederão por aqui.

Adeus, ou até breve. Você não foi e nem será Pelé (tudo bem, Messi também não será), mas foi o meu Pelé e de muitos outros. E de tantas crianças que terão sempre você como meta. E como sonho. Por isso, muito obrigado.

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Neymar já é o quarto maior artilheiro santista pós Era Pelé

Após a vitória do Santos contra o Guaratinguetá, Neymar já é o quarto maior artilheiro do Santos pós Era Pelé, com 173 pelejas disputadas pelo clube. Com 95 gols, o garoto, que fez três contra a equipe do interior, ultrapassou Robinho, que tem 94. Agora, o atacante segue no encalço de três atletas. O primeiro é Juary, um dos meninos da Vila campeão paulista em 1978 e que, atuando entre 1976 e 1979 e, já veterano, em 1989, marcou 101 vezes pelo Santos.

Já os dois que pontuam a lista têm 104 tentos cada. O ponta-esquerda João Paulo, outro menino da Vila, jogou no Peixe entre 1977 e 1984, voltando em 1992. Serginho Chulapa o acompanha no topo por conta de suas quatro passagens pelo Peixe, em 1983-1984, 1986, 1988 e 1990. Pouco mais de três anos de sua estreia como profissional, Neymar pode ocupar o topo da lista ainda no primeiro semestre.

Pra quem gosta de comparações, Messi, que estreou no Barcelona em 2003, fez seu centésimo gol pelo clube em seu 188º jogo pela equipe azul-grená, aos 22 anos e 206 dias.

Sobre a lista de artilheiros do Santos

Muitos podem estranhar o porquê de existir uma lista de artilheiros pós Era Pelé. O fato é que a divisão é mais que necessária, já que o Alvinegro, que se notabiliza por ser o clube com maior número de gols marcados no mundo do futebol profissional, foi também o primeiro no Brasil a ter uma linha de cem gols em uma competição. Muito antes do grande time dos anos 60, os santistas já se habituavam a balançar as redes.

João Paulo e Chulapa estão em 18º no rol de maiores artilheiros da história santista. Acima deles, há Pelé, líder absoluto com 1091 gols, e outros dez atletas que atuaram com o Rei: Pepe, Coutinho, Toninho Guerreiro, Dorval, Edu, Pagão, Tite, Vasconcelos, Álvaro e Del Vecchio. Da linha dos cem gols há Feitiço, 5º em todos os tempos com 216 gols e Camarão, além de Araken Patusca, Antoninho, Odair e Raul Cabral Guedes.

Para se ter uma ideia da grandeza da lista dos maiores artilheiros do Peixe, Coutinho, o terceiro maior, com o número de gols marcados pelo Peixe seria com sobras o maior goleador de qualquer um dos membros do Trio de Ferro. Claro que se tivesse atuado nos rivais o parceiro de Pelé não teria marcado tanto…

Após a vitória do Santos contra o Guaratinguetá, Neymar já é o quarto maior artilheiro do Santos pós Era Pelé, com 173 pelejas disputadas pelo clube. Com 95 gols, o garoto, que fez três contra a equipe do interior, ultrapassou Robinho, que tem 94. Agora, o atacante segue no encalço de três atletas. O primeiro é Juary, um dos meninos da Vila campeão paulista em 1978 e que, atuando entre 1976 e 1979 e, já veterano, em 1989, marcou 101 vezes pelo Santos.

Já os dois que pontuam a lista têm 104 tentos cada. O ponta-esquerda João Paulo, outro menino da Vila, jogou no Peixe entre 1977 e 1984, voltando em 1992. Serginho Chulapa o acompanha no topo por conta de suas quatro passagens pelo Peixe, em 1983-1984, 1986, 1988 e 1990. Pouco mais de três anos de sua estreia como profissional, Neymar pode ocupar o topo da lista ainda no primeiro semestre.

Pra quem gosta de comparações, Messi, que estreou no Barcelona em 2003, fez seu centésimo gol pelo clube em seu 188º jogo pela equipe azul-grená, aos 22 anos e 206 dias.

Os 25 maiores artilheiros da História do Santos

  1. Pelé – 1091 (1956-1974)
  2. Pepe – 405 (1954-1969)
  3. Coutinho – 370 (1958-1970)
  4. Toninho Guerreiro – 283 (1963-1969)
  5. Feitiço – 216 (1927-1932/1936)
  6. Dorval – 198 (1956-1967)
  7. Edu – 183 (1966-1976)
  8. Araken Patusca – 177 (1923-1929)
  9. Pagão – 159 (1955-1963)
  10. Tite – 151 (1951-1957/1960-1963)
  11. Camarão – 150 (1923-1934)
  12. Antoninho – 145 (1941-1954)
  13. Odair – 134 (1943-1952)
  14. Raul Cabral Guedes – 120 (1933-1942)
  15. Vasconcelos – 111 (1953-1959)
  16. Álvaro – 106 (1953-1961)
  17. Del Vecchio – 105 (1953-1957/1965-1966)
  18. João Paulo – 104 (1977-1984/1992)
  19. Serginho Chulapa – 104 (1983-1984/1986/1988/1990)
  20. Ary Patusca – 103 (1915-1922)
  21. Juary – 101 (1976-1979/1989)
  22. Gradim – 97 (1936-1944)
  23. Rui Gomide – 97 (1937-1947)
  24. Neymar – 95 (2009-)
  25. Robinho – 94 (2002-2005/2010)

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