Quando Marcelo Teixeira ganhou as eleições para a presidência do Santos, no final de 1999, anunciou que iria montar uma equipe com grandes nomes para o ano 2000. A “SeleSantos” começou a se desenhar com Carlos Alberto Silva no comando técnico e a chegada do goleiro Carlos Germano, do zagueiro campeão do mundo em 1994 Márcio Santos, do meia colombiano Rincón e do experiente Valdo. No “pacote”, um ex-ídolo do Vasco que estava então no Atlético-MG, Valdir Bigode.
O atacante havia tido uma atuação de gala, anos antes, na Vila Belmiro. Em 1995, o Vasco da Gama bateu o Santos por 5 a 3 com quatro gols dele, sendo o quinto uma jogada em que driblou três santistas na área peixeira. No clube cruzmaltino teve seus melhores momentos, sendo tricampeão no Rio entre 1992 e 1994, conquistando a artilharia em 1993.
Foi para o São Paulo no final de 1995 e migrou para o Benfica em 1997. No mesmo ano, voltou ao Brasil, indo para o Atlético-MG. Antes de chegar ao Santos, jogou ainda pelo Botafogo em 1999.
Valdir Bigode em sua apresentação no Santos
Um Valdir sem brilho no Santos
Após uma campanha desastrosa no Rio-São Paulo, o Santos teve a estreia de Valdir em um amistoso que antecedeu o Campeonato Paulista de 2000, contra o Athlético-PR, na Vila Belmiro, zero a zero. Sendo seguidas vezes substituído por Deivid, ele só veio a marcar na quarta peleja da competição, na goleada do Santos por 7 a 2 no Araçatuba. Na ocasião, o atacante fez três gols.
Valdir marcou ainda um dos gols da vitória alvinegra sobre a Inter de Limeira, por 2 a 1, no jogo seguinte. E só voltou a marcar quase dois meses depois, quando anotou um dos três gols santistas do triunfo por 3 a 0 contra a Portuguesa, quando o técnico já era Giba.
Em função da baixa produtividade no ataque, e tendo companheiros como Dodô, Deivid e Caio para o setor, Giba preteriu o atacante na segunda partida da final do Paulista, contra o São Paulo, deixando-o inclusive fora do banco. Em seu lugar ficou Gauchinho, destaque da equipe de júniores do Juventus.
Giba justificou a mudança como “opção tática” por Gauchinho ser melhor nas bolas altas, mas o destino de Valdir já estava selado. O Santos havia pago R$ 1,5 milhão de entrada pelo passe do jogador ao Atlético-MG, mas havia a possibilidade de devolução caso não quitasse os R$ 4 milhões restantes, ficando o valor inicial como pagamento pelo empréstimo de seis meses. Assim Valdir voltou ao Galo.
No total, atuou 24 vezes pelo Santos, marcando cinco gols.
A decisão da semifinal do campeonato brasileiro de 1995 faz aniversário nesse dia 10 de dezembro. Não foi, definitivamente, uma partida comum. A goleada alvinegra teve como destaque Giovanni, o Messias, que trouxe de volta o sorriso e um futebol de gala para o torcedor
Era um domingo, e o horário pouco trivial para uma semifinal de campeonato brasileiro. A partida teve início às 19h, e, para variar, quem implantou o novo horário para jogos de futebol aos domingos havia sido a Globo, à época preocupada com as constantes derrotas do Domingão do Faustão para o Programa do Gugu, no SBT. O palco não era a Vila Belmiro, mas um Pacaembu lotado de santistas que acreditavam em um milagre.
Sim, o Peixe havia perdido a partida de ida para o Fluminense, no Maracanã, por 4 a 1, e o time carioca era uma das defesas mais sólidas do futebol brasileiro naquele ano. Lembro de jogar bola na praia do Itararé, em São Vicente, à tarde, e um amigo corintiano dizer que o técnico Cabralzinho havia enterrado as chances alvinegras naquele jogo, por tentar manter uma formação ofensiva em vez de segurar a derrota pelo placar mínimo. Disse preferir perder assim, buscando a vitória, e completei dizendo que o Santos não estava eliminado ainda. Ele riu e perguntou: “Você acha que vão ganhar por três gols de diferença?”.
Sim, eu achava, mas não era só eu. Aquele time tinha desenvolvido um futebol ofensivo, brilhante, no segundo turno do Brasileiro e com um craque que honrava a camisa dez sagrada do Santos. Giovanni comandava a equipe que contava com Jamelli, Macedo, Vágner, Robert, Narciso, Carlinho, Camanducaia, Edinho e outros que devolveram a esperança e a auto-estima à nação santista. Sim, era possível. E a história foi escrita com muita emoção, mas também com uma vontade incrível de cada um dos jogadores daquele time. E com um talento sobrenatural do Dez alvinegro.
Não é à toa que aquela partida ficou na memória dos santistas, talvez como a maior que o Peixe fez nos últimos vinte ou trinta anos. O site do Globo Esporte vai transmitir a íntegra a partir das 15h desta quinta-feira, mas você pode conferir os melhores momentos abaixo. Segue também um texto adaptado de um original já publicado no blogue sobre o duelo antológico.
Semifinais do Brasileiro de 1995 – Santos 5 X 2 Fluminense
Naquele dia vi uma das partidas mais memoráveis da história recente do futebol brasileiro. E, para mim, a maior atuação de um jogador de futebol que testemunhei com a camisa 10 que foi de Pelé.
Era um domingo, 10 de dezembro de 1995. Já havia visto in loco na Vila Belmiro o Santos vencer o Corinthians por 3 a 0 e, no meio da semana; e superar o Palmeiras de Luxemburgo, no Pacaembu, por 1 a 0, com um golaço de Wagner. Esses resultados consolidariam a arrancada alvinegra rumo às semifinais do Brasileiro daquele ano. Eram 24 times divididos em dois grupos e todos jogavam contra todos, classificando-se os campeões de cada grupo no primeiro e segundo turno.
Mas, daquela vez, teria que me contentar em assistir à partida pela televisão. Era o segundo jogo da semifinal entre Santos e Fluminense. No primeiro, no Maracanã, o Peixe perdia por 2 a 1 até os 40 minutos quando, no final, levou dois gols do time carioca, terminando a partida com dois jogadores a menos (Robert e Jamelli foram expulsos). Precisaria devolver a diferença de três gols na volta para chegar à final.
A missão parecia impossível. Nenhuma equipe havia descontado uma vantagem como essa na história do Brasileirão e, nos confrontos entre os dois times até então na competição, jamais o Alvinegro havia vencido o Tricolor por mais de um gol de diferença. Além disso, o Fluminense tinha a melhor defesa do campeonato (17 gols em 23 partidas) e o campeão do Rio (com o gol de barriga de Renato Gaúcho) não perdia por tal diferença no campeonato há 28 jogos. Mas o Santos contava com Giovanni, o 10 chamado de Messias pela torcida, e que, naquele dia, de fato concretizou um milagre.
E quem deu início à histórica jornada foi o lépido atacante Camanducaia, que driblou pela esquerda do ataque e sofreu pênalti. Giovanni, sereno, cobrou e, ato contínuo, foi até o fundo da rede buscar a bola e levá-la até o meio de campo. Sabia que era preciso fazer mais. Ainda na primeira etapa, o dez recebe do meia Carlinhos, finta Alê e chuta, de bico. Novamente, vai até o fundo do gol e resgata a bola. Parecia mais que obstinado. Aparentava estar possesso.
No intervalo, o show continuava. O time não desceu para os vestiários, o técnico Cabralzinho preferiu que os atletas sentissem o calor da torcida que lotava o Pacaembu. E, aos 6 minutos, o time retribui a força dos torcedores. Giovanni toca para Macedo, que se livra da marcação e faz com a canhota. O Santos atingia seu objetivo, mas a alegria não durou um minuto. Na seqüência, Rogerinho empatou para o Fluminense e o time carioca voltava a ter uma vaga na final.
De novo, Giovanni teve que intervir. O zagueiro Alê não sabia se atrasava a bola ou saía jogando e o craque santista deu o bote, roubando a bola que, na dividida entre os dois e o goleiro Wellerson, sobrou para Camanducaia fazer o quarto. De novo, o Alvinegro estava na final. Mas o zagueiro Ronaldo Marconato acabou expulso e o time, com um a menos, se retraiu, dando calafrios na torcida.
Foi quando bola chegou no meio de campo para… bom, nem precisa dizer para quem chegou a bola. Havia dois jogadores do Fluminense marcando em cima e mais um à espreita. O Dez conseguiu, com um passe antológico de calcanhar, achar Marcelo Passos, que avançou até a entrada da grande área, limpou Vampeta e chutou no canto esquerdo de Wellerson. Segundo Odir Cunha em seu Time dos Céus, o lance, que ocorreu quase em frente ao técnico tricolor Joel Santana, fez com que o mesmo exclamasse: “Pqp… como joga esse cara!”.
5 a 1, o torcedor do Santos podia respirar mais aliviado. Ou melhor, nem tanto. Em seguida, Rogerinho de novo desconta para a equipe do Rio. Mas não dava mais tempo. Um espetáculo fabuloso, com belos lances e todo o requinte de drama. Isso sem contar a torcida que jogou junto o tempo todo, tanto que Renato Gaúcho, ao desembarcar no Rio, declarou, conforme relato de Cunha: “Nunca tinha sentido tanta pressão da torcida jogando no Brasil. Era como se estivesse na Bombonera enfrentando o Boca Juniors em uma decisão.”
Uma classificação heróica, um jogo que entrou para a História e um craque que não deixava dúvidas. E que me desculpem Pita – que vi atuar quando moleque -, Diego ou Zé Roberto, mas Giovanni foi o maior camisa 10 que testemunhei jogar no Santos.
Santos
Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado) (Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo Técnico: Cabralzinho
Fluminense
Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Rogerinho e Aílton; Valdeir (Leonardo) e Renato Gaúcho Técnico: Joel Santana
Santos e Flamengo disputam neste domingo (2), no Maracanã, sua 116ª partida. No histórico do confronto, o Peixe leva vantagem sobre o Rubro-Negro: são 44 vitórias, 31 empates e 40 derrotas, com 173 gols feitos, 154 sofridos e um saldo positivo de 19 tentos para a equipe da Vila Belmiro.
Entre todos estes jogos, alguns são históricos e estão frescos na memória do torcedor, como os 5 a 4 que os flamenguistas, com Ronaldinho Gaúcho, aplicaram no Alvinegro de Neymar em 2011. Mas como este é um blogue santista, vamos atrair bons fluidos lembrando de cinco grandes triunfos peixeiros contra os rivais cariocas. Na verdade, quatro vitórias e um empate com um gosto de título.
1920 – Santos 6 x 0 Flamengo
Esta foi a primeira partida disputada entre os dois times, e já ficou marcada com uma bela goleada alvinegra. Na peleja disputada na Vila Belmiro, Ary Patuska e Castelhano anotaram duas vezes cada, com Arnaldo Silveira e Constantino completando o placar.
A partir daqui, uma curiosidade. Demoraram seis jogos, ou quase 19 anos, para que o Peixe perdesse pela primeira vez para o Flamengo, o que ocorreu em 1939, um amistoso disputado na Vila Belmiro que terminou em 6 a 3 para os cariocas. Na primeira peleja oficial entre ambos, duelo válido pelo Rio-São Paulo de 1952 no Pacaembu, deu Santos: 4 a 1 com dois gols de Cento e nove, ambos de pênalti, Nicácio e Tite (não, não é o treinador do Corinthians, mas este grande craque santista aqui).
Entre os flamenguistas que entraram em campo naquele 4 de julho, alguns nomes peculiares como o goleiro Kuntz, Telefone, Japonês e um homônimo do narrador, também rubro-negro, Galvão Bueno.
1961 – Flamengo 1 X 7 Santos
Essa partida, válida pelo Rio-São Paulo daquele ano, teve arrecadação recorde à época e contou com um público de 90.218 torcedores. É a maior goleada registrada no duelo.
Naquele dia 11 de março, marcaram para o Peixe Pelé (3), Pepe (2), Dorval e Coutinho. Além da linha mágica que contava com Mengálvio como armador, atuaram pelo Santos na peleja histórica Laércio, Mauro (Formiga) e Fioti (Feijó), Zito (Urubatão) e Calvet.
Aquele ano de 1961 foi mágico para o Alvinegro da Vila Belmiro. Se você quer saber mais, clique aqui.
1995 – Flamengo 0 X 3 Santos
A vitória peixeira no Maracanã veio logo depois de uma partida naquele campeonato brasileiro de 1995 que quase causou a demissão do técnico Cabralzinho. O Santos havia jogado contra o Vitória, no Barradão, no domingo anterior, e tomado uma piaba de 4 a 0, fora o baile, com dois gols marcados por um ex-santista, Paulinho Kobayashi.
Poucos acreditavam em um bom desempenho alvinegro naquele dia, mas ele veio. Marcos Adriano, lateral-esquerdo que tinha vindo justamente da equipe rubro-negra, abriu o placar aos 8 da etapa inicial, e Camanducaia fez o segundo aos 34.
A propósito, aquele era o Flamengo que viu o “ataque dos sonhos” se transformar no “pior ataque do mundo”. Sávio, Romário e Edmundo não fizeram valer a fama e as expectativas do torcedor, sendo que naquele dia só os dois primeiros atuaram na equipe comandada por Washington Rodrigues.
O meia Robert completou o placar aos 43, dando início ali a uma recuperação que garantiria ao Peixe o título de campeão do segundo turno em seu grupo e uma vaga nas semifinais. Depois desse dia, a equipe empatou fora de casa com o Paraná e conseguiu cinco vitórias em sequência, contra Corinthians, Palmeiras, Paysandu, Botafogo e Guarani.
1997 – Flamengo 2 X 2 Santos
Bom, essa não é exatamente uma vitória, mas foi a partida que deu ao Peixe o título de campeão do Rio-São Paulo daquele ano. Não foi o que nos tirou da fila de troféus importantes, mas era bom comemorar uma conquista, ainda mais obtida em um Maracanã com mais de 70 mil presentes.
Logo antes da partida, Romário recebeu o prêmio de melhor jogador da competição, o que já era estranho. Como também era peculiar a regra que garantia vantagem ao Rubro-Negro por ter feito uma campanha melhor. Bastava uma vitória em dois jogos para os cariocas se sagrarem campeões. Na partida de ida, no Morumbi, o Peixe havia vencido por 2 a 1, gols de Alessandro Cambalhota e Macedo.
O Santos campeão do Rio-São Paulo de 1997, com calção estrelado (Pisco del Gaiso/Placar)
Mesmo com todo um clima adverso, o Alvinegro saiu na frente com um gol de falta de Ânderson Lima aos 33. Mas Romário empatou de pênalti aos 37 e virou no final do primeiro tempo, aos 45.
Foi na volta do intervalo que brilhou a estrela de Vanderlei Luxemburgo, egresso do Palmeiras e em alta à época. Para ir atrás do empate que dava o título ao Peixe, colocou o desconhecido atacante Juari no lugar do lateral esquerdo Rogério Seves. E deu certo: o garoto marcou aos 32 do segundo tempo e o caneco veio pra Vila. Com o time atuando com calções estrelados…
Embora possa ser menosprezado, aquele Rio-São Paulo de 1997 foi um exemplo de organização, com algumas inovações na área técnica. Em seis partidas (só os oito grandes participaram), o Peixe levou R$ 2,5 milhões, somando premiação, rendas e mais uma quantia de uma telepromoção. A média de público foi de 20.422 pessoas, mais que o dobro do Brasileiro do ano anterior, que teve 10.913.
Também houve novidades como a possibilidade do tempo técnico para instrução dos treinadores aos atletas, o limite de faltas por equipe (15, com tiro livre direto sem barreira na 15ª infração) e limite de faltas individuais, cinco por jogador.
2000 – Flamengo 0 X 4 Santos
Aquele era o primeiro ano da gestão Marcelo Teixeira, que voltava ao clube após ter sido presidente em 1991-1992. As promessas eram hiperbólicas e o novo mandatário estreava como “mecenas”, ao estilo de Paulo Nobre, com a diferença que parte do dinheiro investido teve que ser devolvido mais adiante (fora outros problemas…)
Vieram naquele primeiro semestre de 2000 nomes como Carlos Germano, Valdir Bigode, Ânderson Luiz, Élder, Galván, Fábio Costa, Márcio Santos, além dos retornos de Caio Ribeiro (então só “Caio”) e Ânderson Lima. Após ser vice-campeão paulista, o time do técnico Giba buscava na Copa do Brasil a chance de sair do jejum de títulos que incomodava (e como) o torcedor. Assim, o confronto contra o Flamengo válido pelas quartas de final do torneio eram parte do caminho que o Alvinegro precisava trilhar e um bom resultado naquela primeira partida disputada no Maracanã era fundamental.
Não foi só um bom resultado, mas sim um ótimo, que praticamente definiu a vaga para o Peixe. Dodô marcou os dois primeiros, aos 31 e 34 e Caio anotou também duas vezes, aos 9 e 22 da etapa final.
O hoje comentarista da Rede Globo chegou ao Santos em 1997 e atuou na equipe até meados de 1998, quando foi emprestado justamente ao Flamengo. Lá, se deu bem e fez uma excelente parceria com Romário, mas o clube da Gávea não se esforçou para comprar os direitos do meia-atacante, que retornou à Vila Belmiro no início daquele ano. A vingança de Caio, magoado com os dirigentes rubro-negros, veio naquele dia.
No jogo da volta, o Peixe conseguiu nova vitória, por 4 a 2, com um hat trick de Dodô e um gol contra de Maurinho. O Santos só pararia nas semifinais, sendo eliminado pelo Cruzeiro, campeão da competição.
No banco de reservas do estádio Tententão, em Penápolis, estará hoje um técnico que passou 17 anos na Vila Belmiro como jogador, coordenador e treinador em equipes das divisões de base do Peixe. Narciso vai enfrentar pela primeira vez como técnico profissional o seu ex-clube. Além disso, vai encontrar alguns de seus ex-comandados. “Fui técnico do Geuvânio, Alan Santos, Leandrinho, Gustavo Henrique, Emerson e Wladimir no sub-20. Será muito bacana rever todo esse pessoal”, diz aqui.
Sergipano de Neópolis, Narciso veio da Paraguaçuense e estreou no Peixe em 1994. Conseguiu se firmar como titular da equipe, que tinha então Ronaldo Marconato e Maurício Copertino na dupla de zaga, com a chegada do técnico Cabralzinho, comandante da campanha quase vitoriosa do campeonato brasileiro daquele ano. Chegou à seleção brasileira e disputou as Olimpíadas de 1996, em Atlanta, com a equipe de Zagallo que obteve o bronze do torneio.
O zagueiro Narciso, primeiro jogador à esquerda, em pé, na equipe vice-campeã do Brasileiro de 1995
Também chegou a atuar como volante quando Vanderlei Luxemburgo foi treinador da equipe, em 1997, já que suas saídas de bola com dribles na intermediária causavam arrepios ao técnico. Ficou na Vila até parte de 1999, quando foi negociado com o Flamengo. Fez 12 jogos pelo clube da Gávea e voltou em 2000 para o Peixe, quando teve diagnóstico de leucemia mielóide e precisou se afastar do futebol. Fez um transplante de medula óssea e passou por tratamento até voltar ao clube no final de julho de 2001.
Como o jogador ainda precisava moderar sua exposição ao sol e melhorar sua condição física e seu sistema imunológico, só entrou em campo novamente em 24 de outubro de 2003. Justamente em Curitiba, onde realizou seu transplante. O Peixe bateu o Coritiba por 4 a 0 com dois gols de Robinho, um de Léo e outro do zagueiro André Luiz. Ao entrar no jogo aos 38 minutos do segundo tempo, no lugar de Diego, foi aplaudido também pela torcida do Coxa, uma demonstração de apoio geral depois de passar quase quatro anos lutando contra a leucemia. Na peleja, o jogador acertou a trave e, quase marcou novamente ao aproveitar uma finalização de Robinho, mas a bola passou por cima do travessão. Veja reportagem e momentos daquela partida.
Como técnico sub-20 do Peixe, entre outros triunfos, foi campeão paulista em 2009 e vice da Copa São Paulo em 2011. Venceu a Copinha pelo Corinthians, em 2012, e ainda foi técnico dos juniores do Palmeiras. Já como técnico do profissional, treinou o Sergipe, em 2011; o Operário, em 2013, e o Penapolense, agora. Toda sorte para Narciso em sua carreira. Mas hoje, não…
Penapolense X Santos, domingo (16), às 18h30
Pela terceira vez consecutiva, Oswaldo de Oliveira coloca o mesmo time para atuar. O Peixe entra em campo hoje, no Tenentão, com Aranha, Cicinho, Neto, Gustavo Henrique e Eugenio Mena; Alan Santos, Arouca e Cícero; Geuvânio, Leandro Damião e Thiago Ribeiro. Com 19 pontos, o Peixe tem a melhor campanha da competição até agora e está a cinco pontos do segundo do grupo, o São Bernardo. O meia Geuvânio, aliás vai encontrar o clube no qual atuou no ano passado, quando foi emprestado ao time do interior.
Já a equipe de Penápolis está em segundo no Grupo A, a um ponto do líder São Paulo e a cinco do Linense, terceiro do grupo que é o que conquistou menos pontos entre os quatro do Paulista. Narciso deve começar a partida com Samuel; Rodnei, Jailton, Gualberto e Rodrigo Birô; Liel, Petros, Neto e Washington; Rafael Ratão e Alex Creu.
Os dois times se enfrentaram somente uma vez em campeonatos paulistas. Em 2013, o Peixe bateu a equipe de Penápolis na Vila Belmiro por 2 a 1, gols de Cícero e André, com o meia Guaru descontando. Confira abaixo como foi.
Quando entrar em campo neste domingo, no Prudentão, o Santos terá a oportunidade de empatar um histórico acirrado de confrontos contra o Fluminense. Nas 86 partidas disputadas entre os dois até agora, são 34 triunfos tricolores e 33 santistas, além de 19 empates. Na era dos pontos corridos, o Peixe tem uma vitória a mais que o rival. No total, 45 pelejas aconteceram no estado do Rio de Janeiro e 41 em São Paulo.
O primeiro duelo entre os dois aconteceu em 1918, vitória de 6 a 1 do Fluminense na Vila Belmiro, resultado que é até hoje a maior goleada dos cariocas contra o Alvinegro. Arnaldo Silveira marcou para o Santos e Welfare (3), French (2) e Zezé fizeram para os visitantes. Outro resultado importante da era pré-profissional aconteceu no primeiro encontro oficial entre os dois, no Rio-São Paulo de 1933, vitória peixeira em casa, 4 a 3, dois gols de Victor Gonçalves e dois de Raul. Álvaro, Vicentinho e Said marcaram para os cariocas.
Placa em homenagem ao gol de Pelé contra o Fluminense, em 1961
Já pelo Rio-São Paulo de 1961, em 5 de março daquele ano, o Santos bateu o Fluminense no Maracanã por 3 a 1, ocasião em que Pelé fez o famoso “gol de placa”, surgindo assim a expressão usada para classificar um gol bonito. O feito do camisa Dez ocorreu aos 40 minutos do primeiro tempo, quando Dalmo passou a bola para Pelé, no campo de defesa do Santos. Ele arrancou em velocidade e, já na área do adversário, driblou Pinheiro, livrou-se de Jair Marinho e finalizou sem dar chance ao goleiro Castilho. O jornalista Joelmir Beting foi quem teve a ideia de eternizar o tento com uma placa de bronze, feita pelo jornal O Esporte.
Mais recentemente, uma das partidas mais fantásticas da história do Santos e a maior atuação individual de um jogador que eu já vi. Giovanni conduziu o Peixe a um triunfo espetacular, o 5 a 2 que classificou a equipe para a final do campeonato brasileiro de 1995. Veja o post sobre a partida aqui e o vídeo com os gols abaixo.
Em 2003, o então campeão brasileiro pegou o Fluminense em Édson Passos e sapecou um 4 a 1 no adversário, gols de Elano, Nenê, Ricardo Oliveira e Jerri (Romário descontou para o Fluminense) Antes do apito inicial, um fato, digamos, curioso. O zagueiro santista Pereira, hoje no Coritiba, passou mal e vomitou no gramado, adiando o início do jogo por seis minutos. Mesmo assim, jogou normalmente.
O Peixe comandado por Emerson Leão entrou em campo na ocasião com Júlio Sérgio no gol, Wellington (Preto), Pereira, André Luís e Léo; Daniel Paulista, Renato, Alexandre (Jerri) e Elano; Nenê (Rubens Cardoso) e Ricardo Oliveira. A equipe jogava desfalcada de Alex, Paulo Almeida, Diego e Robinho que serviam à seleção brasileira pré-olímpica na disputa da Copa Ouro, no México.
Destaque para o belo gol de Jerri, meia surgido nas categorias de base do Peixe e tido como muitos como sucessor de Diego à época, apesar de ser dois anos mais velho. Mas não vingou. “O jogador precisa ter um objetivo também no profissional. Ele precisa da vontade de querer ser alguém no profissional, e não na base. O Jerri teve muita expressão na base e se acomodou, perdendo o foco ao subir”, disse Adílson Durante Filho nessa matéria, sobre o atleta. O meia foi emprestado ao Goiás em 2004, retornou à Vila em 2005 e foi negociado com o Al Nassr, onde permaneceu até ser negociado com o Al Shaab, em 2011. Hoje atua no Chiangrai United, da Tailândia. Confira os melhores momentos daquela peleja.
A maior goleada santista contra o rival aconteceria um ano depois, no Brasileiro de 2004. O Peixe disputava cabeça a cabeça a liderança contra o Atlético-PR do artilheiro Washington, e jogou em São José do Rio Preto diante de 21.673 pessoas, já que a Vila Belmiro havia sido interditada por conta do arremesso de um copo plástico de água em Hélio dos Anjos, técnico do Vitória.
A grande estrela da partida foi de Robinho, autor de dois gols. Deivid fez os outros dois e Laerte anotou contra. Esta, aliás, foi a última partida do Rei das Pedaladas antes do sequestro de sua mãe, que o fez ficar de fora do time mais de um mês. Na partida seguinte, o abalado Santos só empatou com o Criciúma e passou a vice-liderança, superado ali pelo furacão. Robinho voltou na última partida, contra o Vasco, que selou o Peixe como campeão brasileiro de 2004.
O gol de Kaká contra o Apoel no meio da semana me fez lembrar de um jogador que quase foi herói de um campeonato brasileiro para o Santos. Aquele canto, o lado destro da área rival, foi durante algum tempo o espaço preferido de Marcelo Passos, um jogador que envergou a camisa dez (e outros números em várias ocasiões) pelo Santos entre 1991 e parte de 1996, e depois em 1997, após passagens por Goiás e Flamengo.
Um atleta de meio de campo habilidoso, nascido no Guarujá em 1971, com um potente chute de longa distância e características de ponta de lança que fizeram a torcida peixeira acreditar no garoto que surgia na equipe profissional aos 20 anos. Dispensado quatro vezes do Santos nas categorias de base, esteve no Portuários, AD Guarujá, Jabaquara e Portuguesa Santista. Entre essas idas e vindas, em um teste, foi aprovado no São Paulo, mas ao retornar para Baixada para desfazer seu vínculo com o Peixe, ficou no clube.
Como aspirantes, se beneficiou de uma das regras vigentes à época para se destacar entre os juniores: a partir de determinado número de faltas cometidas pelo time, a punição era tiro livre direto. Como Marcelo Passos era um exímio batedor de faltas, sua qualidade gerou expectativas quanto a sua estreia na equipe profissional.
A esperada estreia, segundo conta nesta entrevista, foi contra o Ituano, em outubro de 1991, mas, recorrendo ao Almanaque do Santos, a primeira vez em que vestiu a camisa do profissional do Peixe foi uma peleja antes, vitória por 3 a 0 no XV de Piracicaba no Pacaembu. Na ocasião, substituiu Sérgio Manoel. O Alvinegro entrou em campo naquele dia com Sérgio, Índio, Pedro Paulo, Rogério e Flavinho; Axel, Sérgio Manoel e Zé Renato, Serginho Fraldinha, Wellington e Tato (Luizinho). Mesmo com grande talento, o temperamento explosivo fora de campo fez com que nunca tivesse chegado a se firmar em uma temporada inteira como titular. No total, 118 jogos e 31 gols com a camisa alvinegra.
No entanto, o meia teve momento inesquecíveis para a torcida. No Brasileiro de 1995, por exemplo, naquela célebre formação de Cabralzinho, Marcelo Passos foi o principal responsável pela classificação para as semifinais na última partida da primeira fase contra o Guarani. O time de Campinas, que não tinha mais chances de se classificar, jogou como poucas vezes graças a uma mala branca de Minas Gerais, já que o Atlético, se ganhasse do Vitória e o Santos não superasse o rival, iria para a decisão do Brasileiro. A missão campineira ia se cumprindo até os 37 do segundo tempo, quando Marcelo Passos dominou no lado direito da grande área e acertou o ângulo esquerdo do arqueiro Léo. Giovanni marcou mais uma vez e o Peixe enfrentou o Fluminense na semifinal.
Na segunda épica peleja pela semifinal daquele ano, Passos fez o gol número cinco contra o Fluminense, após lance primoroso e histórico de Giovanni no 5 a 2. Mas a chance de inscrever seu nome de forma definitiva na história do Peixe surgiria na final contra o Botafogo. Na peleja definitiva, fez o gol de empate e seria o autor da assistência do gol do título, em cobrança de falta para a cabeçada de Camanducaia. Mas Márcio Rezende de Freitas assinalou um impedimento inexistente e Marcelo Passos não foi o herói que o santista tanto precisava. Ainda assim, o torcedor que viveu aqueles anos 1990 vai guardar na memórias belos lances de um habilidoso meia que poderia ter ido mais longe no futebol.
Hoje faz 13 anos que vi uma das partidas mais memoráveis da história recente do futebol brasileiro. E, para mim, a maior atuação de um jogador de futebol que testemunhei com a camisa 10 que foi de Pelé.
Era um domingo, 10 de dezembro de 1995. Já havia visto in loco na Vila Belmiro o Santos vencer o Corinthians por 3 a 0 e, no meio da semana; e superar o Palmeiras de Luxemburgo, no Pacaembu, por 1 a 0, com um golaço de Wagner. Esses resultados consolidariam a arrancada alvinegra rumo às semifinais do Brasileiro daquele ano. Eram 24 times divididos em dois grupos e todos jogavam contra todos, classificando-se os campeões de cada grupo no primeiro e segundo turno.
Mas, daquela vez, teria que me contentar em assistir à partida pela televisão. Era o segundo jogo da semifinal entre Santos e Fluminense. No primeiro, no Maracanã, o Peixe perdia por 2 a 1 até os 40 minutos quando, no final, levou dois gols do time carioca, terminando a partida com dois jogadores a menos (Robert e Jamelli foram expulsos). Precisaria devolver a diferença de três gols na volta para chegar à final.
A missão parecia impossível. Nenhuma equipe havia descontado uma vantagem como essa na história do Brasileirão e, nos confrontos entre os dois times até então na competição, jamais o Alvinegro havia vencido o Tricolor por mais de um gol de diferença. Além disso, o Fluminense tinha a melhor defesa do campeonato (17 gols em 23 partidas) e o campeão do Rio (com o gol de barriga de Renato Gaúcho) não perdia por tal diferença no campeonato há 28 jogos. Mas o Santos contava com Giovanni, o 10 chamado de Messias pela torcida, e que, naquele dia, de fato concretizou um milagre.
E quem deu início à histórica jornada foi o lépido atacante Camanducaia, que driblou pela esquerda do ataque e sofreu pênalti. Giovanni, sereno, cobrou e, ato contínuo, foi até o fundo da rede buscar a bola e levá-la até o meio de campo. Sabia que era preciso fazer mais. Ainda na primeira etapa, o dez recebe do meia Carlinhos, finta Alê e chuta, de bico. Novamente, vai até o fundo do gol e resgata a bola. Parecia mais que obstinado. Aparentava estar possesso.
No intervalo, o show continuava. O time não desceu para os vestiários, o técnico Cabralzinho preferiu que os atletas sentissem o calor da torcida que lotava o Pacaembu. E, aos 6 minutos, o time retribui a força dos torcedores. Giovanni toca para Macedo, que se livra da marcação e faz com a canhota. O Santos atingia seu objetivo, mas a alegria não durou um minuto. Na seqüência, Rogerinho empatou para o Fluminense e o time carioca voltava a ter uma vaga na final.
De novo, Giovanni teve que intervir. O zagueiro Alê não sabia se atrasava a bola ou saía jogando e o craque santista deu o bote, roubando a bola que, na dividida entre os dois e o goleiro Wellerson, sobrou para Camanducaia fazer o quarto. De novo, o Alvinegro estava na final. Mas o zagueiro Ronaldo Marconato acabou expulso e o time, com um a menos, se retraiu, dando calafrios na torcida.
Foi quando bola chegou no meio de campo para… bom, nem precisa dizer para quem chegou a bola. Havia dois jogadores do Fluminense marcando em cima e mais um à espreita. O Dez conseguiu, com um passe antológico de calcanhar, achar Marcelo Passos, que avançou até a entrada da grande área, limpou Vampeta e chutou no canto esquerdo de Wellerson. Segundo Odir Cunha em seu Time dos Céus, o lance, que ocorreu quase em frente ao técnico tricolor Joel Santana, fez com que o mesmo exclamasse: “Pqp… como joga esse cara!”.
5 a 1, o torcedor do Santos podia respirar mais aliviado. Ou melhor, nem tanto. Em seguida, Rogerinho de novo desconta para a equipe do Rio. Mas não dava mais tempo. Um espetáculo fabuloso, com belos lances e todo o requinte de drama. Isso sem contar a torcida que jogou junto o tempo todo, tanto que Renato Gaúcho, ao desembarcar no Rio, declarou, conforme relato de Cunha: “Nunca tinha sentido tanta pressão da torcida jogando no Brasil. Era como se estivesse na Bombonera enfrentando o Boca Juniors em uma decisão.”
Uma classificação heróica, um jogo que entrou para a História e um craque que não deixava dúvidas. E que me desculpem Pita – que vi atuar quando moleque -, Diego ou Zé Roberto, mas Giovanni foi o maior camisa 10 que testemunhei jogar no Santos.
Santos
Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado) (Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo
Técnico: Cabralzinho
Fluminense
Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Rogerinho e Aílton; Valdeir (Leonardo) e Renato Gaúcho
Técnico: Joel Santana