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Brasileiro de 1972: quatro golaços santistas contra o Corinthians

Foi em um dia 26 de novembro, mas de 1972, que o Santos enfrentou o Corinthians no Pacaembu, em partida válida pelo campeonato brasileiro daquele ano. Disputado por 26 times, pra variar, a fórmula da competição daquele ano era bizarra. Na primeira fase, eram dois grupos de seis e dois de sete, classificando-se os quatro melhores de cada na etapa seguinte. Na segunda fase, eram quatro chaves com quatro clubes, saindo o melhor de cada. A partir daí, semifinais e final, em partidas únicas. Genial, não?

Mas a partida em questão acontecia ainda na primeira fase. Diante de pouco mais de 59 mil pagantes no Pacaembu, o Alvinegro Praiano precisou de pouco mais de meia hora na etapa final para golear o Corinthians. O Peixe entrou em campo com Cláudio, Orlando Lelé, Carlos Alberto, Vicente e Zé Carlos (Turcão); Clodoaldo e Brecha, Jair da Costa, Nenê, Pelé e Edu, o técnico era Pepe. Os rivais foram a campo com Ado, Zé Maria, Vágner, Luís Carlos (Baldochi) e Pedrinho; Tião e Rivelino; Paulo Borges, Sucupira, Mirandinha e Marco Antônio (Aladim), com Duque no banco.

E os gols… Todos foram bonitos. O primeiro saiu de uma bela assistência de Pelé para Clodoaldo, que inaugurou o placar. O segundo tento é um sem pulo de Nenê Belarmino, hoje treinador de futebol. Ele fez o terceiro também, uma bela trama do ataque peixeiro. Jair da Costa iniciou o lance na ponta direita, driblou dois de seus marcadores e passou a bola. Pelé fez um lindo corta-luz e a redonda chegou a Edu, que tocou para Nenê, que vinha de trás, fazer.

Mas talvez o gol mais famoso seja o quarto, marcado por Edu. Ele domina, puxa a bola com um quase “elástico” para trás e encobre o goleiro Ado. Uma pintura.

Confira abaixo os gols de Santos 4 X 0 Corinthians, do Brasileiro de 1972.

Abaixo, o vídeo com o jogo completo:

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O adeus a Chico Formiga, técnico dos primeiros “meninos da Vila”

Ontem, no dia 22 de maio, morreu em São Vicente uma das figuras mais importantes da história do Santos Futebol Clube. Francisco Ferreira de Aguiar, Chico Formiga, chegou do Cruzeiro, em 1950, com 19 anos, e participou da equipe base de 1955, que foi campeã depois de vinte anos sem conquistas. Formação que era música aos ouvidos santistas: Manga, Hélvio e Ivã; Ramiro, Formiga e Zito, Alfredo, Álvaro, Del Vecchio, Vasconcelos e Tite. Foi atleta do Peixe entre 1950 e 1056, e entre 1960 e 1963.

Lembro dele como técnico do time em 1983, quando o Peixe foi derrotado pelo Flamengo na final do Brasileiro. Mas aquele meio de campo com Dema, Lino, Paulo Isidoro e Pita marcaria a minha infância como um dos mais habilidosos que havia visto, daqueles que dava orgulho de torcer. Mas a história de Formiga como técnico peixeiro começa em uma época conturbada, quando o clube tentava se encontrar após o fim da Era Pelé.

Em seu Time dos Sonhos, Odir Cunha narra o que ficou conhecido como “Noite das Garrafadas” no Pacaembu, em 1978. O Santos enfrentou o Operário-MT e perdeu de virada. O resultado foi a revolta da torcida, que foi reprimida pela Polícia Militar, resultando em um saldo de dois santistas internados com traumatismo craniano. Formiga assistiu à partida das arquibancadas, enquanto seu auxiliar Mengálvio dirigia o time. Ali, em conjunto com Zito, então diretor, surgiu a decisão de apostar nos juvenis (ele havia treinado os meninos no Campeonato Paulista de Juniores), até porque os recursos eram escassos.

Formiga, mentor dos “meninos da Vila” de 1978

Foram promovidos garotos como Zé Carlos, Toninho Vieira e Pita, que se juntaram a atletas mais experientes como Clodoaldo e Aílton Lira. O “time que só sabia atacar”, como definia Formiga, venceu o forte São Paulo, campeão brasileiro de 1977, na final da competição (disputada em junho de 1979). Como em outras ocasiões, jogadores desacreditados ganharam um título, sob a batuta de alguém que acreditou neles. Aquela equipe ficou conhecida como a primeira geração dos “meninos da Vila”, fez oitenta gols naquele Paulista, e Juary foi o primeiro artilheiro santista pós-Era Pelé, com 29 tentos.

O treinador logo saiu, seduzido por uma quase irrecusável proposta financeira da Arábia Saudita. Voltaria para ser vice-campeão brasileiro em 1983, depois de ser campeão paulista pelo São Paulo em 1981. Mais tarde, tiraria o Corinthians de um penúltimo lugar no Estadual para ser vice-campeão em 1987. Contudo, um de seus grandes feitos viria em 1993, quando foi campeão mineiro comandando o América-MG e quebrando uma hegemonia de 21 anos da dupla Atlético-Cruzeiro. Lembro de uma entrevista com o treinador na Folha de S. Paulo, em que ele falava do seu grande sonho àquela altura: ser novamente técnico do Santos de seu coração.

Não conseguiu, mas colaborou com o clube como supervisor nas categorias de base, fazendo o que sempre soube fazer bem: descobrir e moldar talentos jovens. Pelo seu crivo passaram Robinho e, mais além, Neymar. Para sempre, ficará a gratidão do torcedor por quem tanto fez pelo time da Vila, dos mais diversos modos.

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