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Santos supera Corinthians e arbitrariedade da FPF na Copinha. E agora?

Lembro que em uma entrevista da qual participei, Mano Brown comentou que o Corinthians era “aquele negócio de gol no último minuto, o Santos não, é gol de bicicleta, golaço”. Ele tentava explicar a diferença de espírito (ou marca) das duas equipes. E também o que as torcidas esperavam de cada qual.

A final da Copa São Paulo de Juniores mostrou um pouco disso. Não que o Peixe tenha sido um primor de técnica ou que o clube paulistano tenha tido uma raça acima da média de um time que se lança ao ataque quando está perdendo. Mas o fato é que os meninos da Vila chegaram a seus dois tentos com lances de técnica, em especial de Stephano Yuri, que deu as duas assistências. E o Corinthians conseguiu fazer pressão a partir da segunda metade do segundo tempo na base do abafa, alcançando seu gol em uma falha de um defensor peixeiro, e desperdiçando a chance do empate em um lance de falta de tranquilidade (ou um pouco de técnica) de um de seus avantes.

Mas outro fator ajudou na pressão corintiana: a torcida. E aí entre a responsabilidade da Federação Paulista de Futebol, organizadora da competição, que não previu que duas equipes grandes de São Paulo pudesse chegar à final. Ou não quis prever…

Quando soube que o Corinthians havia passado pelo Fluminense e faria a final com o Santos, já imaginava que não seria um jogo com carga de ingressos dividida igualmente. E entra no episódio outro fator, o da falência do poder público paulista que não consegue organizar um clássico de times grandes com estádio dividido de forma igual, o que acontece em alguns outros lugares do país e acontecia até pouco tempo nas bandas de cá. E ainda tem parlamentar eleito por colaborar com esse estado de coisas.

Então, dado que não se pode dividir de forma igual os ingressos, a Federação escolhe como mandante o Corinthians. Por que? O Corinthians fez a melhor campanha da competição? Não. É o campeão de 2013? Não, é o Santos. Tem a melhor média de público? Não, essa é do Alvinegro Praiano também, que, a propósito, levou 25 mil pagantes para a final praticamente de uma torcida só da competição de 2013, três mil a menos que o clássico de agora. Então, como o Corinthians virou mandante na final?

Não há explicação, a não ser a arbitrariedade de sempre de uma federação moribunda, cujo dirigente máximo sonha em comandar também o futebol brasileiro, já que é o principal parceiro de José Maria Marin. Sua postura feudal chega ao ponto de usar as placas de publicidade reservadas para a FPF na final e em outras partidas para divulgar um programa televisivo da entidade que tem como apresentadora a jovem namorada do presidente da entidade, Carolina Galan. O futebol não merece isso.

Acabou a Copa São Paulo de Juniores 2014. E agora?

Mesmo com as adversidades, o Santos venceu. E, olhando para a equipe de 2013, é possível ver que o time titular inteiro sentiu pelo menos o gostinho de treinar com os profissionais. Observando a equipe de profissionais hoje, pode-se perceber que, pela ausência em determinadas posições, alguns atletas de 2014 podem ter chance de fazer parte ao menos do grupo principal.

Claro que a dupla de ataque chama a atenção. Stephano Yuri e Diego Cardoso fizeram cada um nove gols na Copinha, e podem receber oportunidades até porque os de cima, até agora, não mostraram um serviço decente no campeonato paulista. Mas talvez sejam os laterais os mais próximos de serem aproveitados, até porque o Galhardo, pela direita, foi emprestado, e Bruno Peres é comprovadamente temerário. Pelo lado canhoto, Emerson Palmieri não convenceu ainda, e Mena também não é o lateral ou ala que a torcida espera (talvez possa ser). Daniel Guedes e Zé Carlos podem esperar serem acionados.

Entre os volantes/meias, nem Leandrinho muito menos Alan Santos mostraram até agora condição de se firmarem como titulares. Lucas Otávio já provou que sabe se posicionar, tem técnica e sabe sair pro jogo, mas sua altura (1,64) parece ser um impeditivo para que fique no profissional. Se não for o caso, o Peixe poderia liberar o atleta, mas, pelo que já fez, deveria ter algumas chances que atletas com muito menos potencial, e vindos de fora, tiveram no Alvinegro.

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Santos não brilha, mas supera XV de Piracicaba na estreia

Não foi uma estreia com pompa e circunstância. Aliás, os primeiros jogos dos grandes em início de temporada não costumam ser assim, que o digam Fluminense, Vasco e Botafogo. Sem ritmo e às vezes com atletas sem condições físicas, costumam enfrentar equipes que passaram por longas pré-temporadas, o que equilibra as forças entre adversários com poder de fogo desigual.

O adversário do Santos ontem era um desses times que se preparava há algum tempo. Desde novembro, o XV de Piracicaba (freguês premium) treinava para o Paulista, e mostrou bom preparo físico e um entrosamento interessante na partida de ontem. Na Vila Belmiro, a equipe do interior não deixou os donos da casa chegarem com facilidade à frente, congestionando o meio de campo e matando a criatividade peixeira. Criatividade, aliás, mais prejudicada após o intervalo, quando Montillo saiu lesionado para a entrada de Léo Cittadini. Mesmo assim, o XV era só defesa, e Oswaldo de Oliveira não teve seu esquema com três atacantes posto à prova na parte defensiva, graças à fragilidade do ataque piracicabano.

Comanda, professor... (Ricardo Saibun/Santos FC)

Comanda, professor… (Ricardo Saibun/Santos FC)

Se não contou com Leandro Damião, cuja situação ainda não foi regularizada; com Cícero, ainda sem uma definição sobre seu futuro, Alison e Edu Dracena (que só vai voltar no segundo semestre), o treinador alvinegro colocou seis garotos da base em campo, que se tornaram sete com a entrada de Cittadini. O desempenho, obviamente, foi desigual.

Gabriel Barbosa e Geuvânio se movimentaram bastante, embora tenham pecado na troca de passes, especialmente naquele último ou penúltimo lance antes de se chegar à meta. Leandrinho e Emerson Palmieri foram regulares, em especial na marcação, enquanto a dupla de zaga Gustavo Henrique e Jubal, que atuou junta durante muito tempo no time de baixo, mostrou entrosamento, inclusive na elaboração das famosas linhas burras que por vezes fazem o torcedor sofrer.

 A vitória veio com um belo passe de Geuvânio, que não ficou restrito a um lado só do campo como nos tempos de Claudinei, para Gabriel não hesitar. Ele hesitou no segundo tempo, quando teve oportunidade de ouro na qual poderia tentar driblar o goleiro, passar para Thiago Ribeiro, melhor colocado, ou finalizar com força. Mas preferiu dar uma cavadinha com o goleiro em pé… Perdoa-se pelos 17 anos, mas que deu raiva, deu. Foi seu quarto gol como profissional, em 16 pelejas nas quais participou (a maioria, entrando no decorrer do jogo).

Além da estreia com vitória, um gol a menos para a marca de 12 mil da equipe profissional que mais balançou as redes no mundo. Agora, faltam onze. E um pouco mais de rodagem para meninos promissores.

E, na esdrúxula fórmula do campeonato paulista – vinte times divididos em quatro grupos, sendo que na primeira fase eles não enfrentam seus concorrentes diretos – São Paulo e Corinthians foram beneficiados mesmo sem jogar no sábado, já que nenhum clube de seus grupos venceu. Das seis partidas disputadas ontem (18), nenhum visitante ganhou, só o Audax conseguiu um empate em 0 a 0 com o Paulista, em Jundiaí.

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O Santos pragmático se tornou desiludido após perder para o Coxa

“Libertadores ficou difícil… A gente tem 36 pontos, tem que procurar vencer os dois próximos jogos em casa para se distanciar desse pessoal que está embolado no meio da tabela. Ficou complicado pensar em coisa grande, agora é vencer para se distanciar lá de baixo.”

Era assim que o atacante Thiago Ribeiro definia o atual cenário santista após a derrota para o Coritiba, no Couto Pereira. O depoimento remetia à declaração do capitão Edu Dracena depois de perder para a Portuguesa, praticamente jogando a toalha. “Fica muito mais difícil. A gente ia encostar com a vitória, Com a derrota de hoje, vai ser muito difícil de chegar no G-4.” Segundos depois, Souza, da Portuguesa, equipe que ainda está atrás do Peixe na tabela, falava que o seu time tinha que sonhar mais alto do que apenas fugir da zona do rebaixamento.

Não é possível mesmo se iludir, o Santos tem um time mediano, mas os medianos são a maioria no Brasileirão. O problema é que, sempre que teve oportunidade de chegar no G-4, o time vacilou. E os jogadores já assumem discurso de derrotados mesmo com a possibilidade de se ter uma vaga na Libertadores alcançando o sexto lugar na tabela – caso um dos que estão à frente vença a Copa do Brasil e o Atlético-MG permaneça na entre os primeiros.

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)

Contudo, os atletas não acreditam. Até aí, eu também não, mas talvez não creiam porque o técnico também não acredite. É um tipo de postura que vai contaminando todos. Criticar o defensivismo quase obsessivo do treinador peixeiro não é só cornetagem, é verificar as partidas e constatar o óbvio: muitas vezes vai ser necessário jogar atrás, com cuidados defensivos etc etc, mas o que espanta é não ter nenhuma alternativa de ataque. Ou de contra-ataque.

“Ah, mas não tem substituto com as mesmas características do Montillo.” Verdade. Então muda-se o jeito de jogar, para que haja uma forma de atuar quando o meia argentino não tiver condições. Mas não é alterando a escalação de forma frenética que vai se adotar um padrão. Contra o Coritiba, o Santos entrou com três atacantes. Que não atacavam. Porque aqueles que estavam supostamente nas pontas tinham que marcar as descidas dos laterais. Para proteger os laterais santistas, Bruno Peres e Emerson Palmieri, fracos. Mas os laterais santistas não subiam. E, quando o time desarmava, não conseguia armar um lance. Porque não tinha quem armasse. Às vezes, também não tinha quem recebesse a bola.

Assim, o Santos ofereceu o campo de ataque a um time inferior tecnicamente, igualando a partida. Nem assim o Coxa, sete partidas sem vencer no Brasileirão, conseguiu marcar no primeiro tempo. Só o fez aos 16 da etapa final, em lance do lateral (bom) Vitor Ferraz pela direita, que cruzou para uma área quase deserta alvinegra, exceção feita a Edu Dracena, que não alcançou a bola. Júlio César não fez força pra marcar.

E Claudinei apela para os garotos

Parcialmente derrotado, o técnico tirou Everton Costa e Willian José para colocar Giva e Neílton. Alteração tática mesmo foi tirar Arouca para a entrada de Pedro Castro, aos 38. Nada aconteceu. Aliás, um adendo em relação a algo que muitos torcedores santistas falam, criticando Claudinei sobre a não entrada de alguns jovens da base. Sem dúvida, esperava-se que mais meninos pudessem ganhar rodagem, e isso o treinador está fazendo menos do que deveria, levando-se em conta que há talentos que ainda não tiveram muitas chances. E Neílton, com imbróglio em sua renovação de contrato ou  não, é muito mais efetivo que Everton Costa.

Mas também é preciso observar que alguns não estão correspondendo, e não adianta forçar a barra porque talvez não tenham condições mesmo ou precisem esperar mais para ganhar confiança e/ou recuperar seu futebol. Há muito tempo Giva tem entrado e produzido muito pouco, por exemplo, mesmo como titular. Contra o Coxa, nas duas oportunidades que teve de finalizar foi decepcionante, além de bolas bobamente perdidas. O lateral canhoto Emerson Palmieri é outro que tem extrema dificuldade para defender, e já entrou em campo em 16 ocasiões pelo Peixe. Não me lembro de nenhuma em que ele convenceu.

Temos que reconhecer que a base é boa, mas não é mágica. Não se criam Neymares em série, nem atletas que se firmam de forma imediata como profissionais. Preparar alguns dos jogadores mais promissores poderia ser a função de Claudinei, mas a água começa a subir e o técnico está pressionado. Se já é confuso, tende a se tornar um pouco pior, ainda mais em um momento em que o abismo, se não olha para ele e o time, já pisca de leve. Ou nem tão de leve.

 

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