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Um 0 a 0 com apagão na Vila. Claudinei segue sem luz

Indo ao Pacaembu no sábado para ver o Santos bater a Ponte Preta, foi possível perceber in loco algo que já era perceptível na TV. Thiago Ribeiro e Everton Costa, atacantes que jogam pelas pontas, têm mais responsabilidade em defender do que atacar. Contra o Internacional foi a mesma coisa. Ambos têm que acompanhar as descidas dos laterais e ficam mais na intermediária do que no campo ofensivo.

Não é à toa que, com esse tipo de carga nas costas, a produção de Thiago Ribeiro baixou. Assim como não é coincidência que Claudinei Oliveira tenha elogiado Everton Costa, que perdeu a bola da partida contra o Colorado ao vacilar após receber passe de Montillo. Para o treinador, o ex-reserva do Coritiba e hoje titular do Peixe é “muito bom taticamente”. Leia-se, volta bastante pra marcar o lateral alheio.

Everton Costa, que teve a bola do jogo (Ricardo Saibun/Santos FC)

Everton Costa, que teve a bola do jogo (Ricardo Saibun/Santos FC)

Lembro que, quando Lucas foi para o Paris Saint-German, muitos comentaristas daqui elogiaram sua “evolução tática” por fazer o que fazem os atacantes do Santos. Os mesmos que elogiaram a disposição do meia-atacante sumiram quando seu futebol, que o levou para a França, marcado pela ofensividade, técnica, habilidade, desapareceu. Ninguém cogitou o fato de o desempenho dele ter caído em função de não contar com a mesma liberdade que desfrutava aqui.

Claro que, hoje, atacantes têm que marcar, mas precisam marcar até a entrada da sua própria área? Porque é isso que muitos técnicos, como Claudinei, obrigam seus atacantes a fazer. Uma jogada surreal do segundo tempo contra o Inter foi Neílton, substituto de Thiago Ribeiro, recuperar uma bola na intermediária e lançar Montillo no meio da zaga do Inter. Difícil perceber que alguma coisa estava muito errada?

Mesmo precisando vencer, o comandante santista fez somente uma substituição. Satisfeito com o empate? Tudo bem, o Peixe manteve o tabu de nunca ter perdido do Internacional na Vila, mas… E daí? Depois do apagão de 16 minutos aos 20 do período final, o Santos perdeu ao menos três oportunidades, chegou a fazer alguma pressão no rival também por conta da postura igualmente covarde do adversário, que também possui um interino no banco. Mas nem assim o comandante alvinegro mexeu no time para aproveitar o momento.

Não é cornetagem, é constatação. O Santos hoje joga pra não perder. Isso em todas as partidas. Com a volta de Montillo, aposta-se mais em uma bola parada ou em algum lance inspirado do meia, que agora tem jogado quase como nove. Só isso. Pior é imaginar que a postura deve ser a mesma até na próxima partida, contra o lanterna Náutico.

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Arquivado em futebol, Santos, Século 21

O Santos pragmático se tornou desiludido após perder para o Coxa

“Libertadores ficou difícil… A gente tem 36 pontos, tem que procurar vencer os dois próximos jogos em casa para se distanciar desse pessoal que está embolado no meio da tabela. Ficou complicado pensar em coisa grande, agora é vencer para se distanciar lá de baixo.”

Era assim que o atacante Thiago Ribeiro definia o atual cenário santista após a derrota para o Coritiba, no Couto Pereira. O depoimento remetia à declaração do capitão Edu Dracena depois de perder para a Portuguesa, praticamente jogando a toalha. “Fica muito mais difícil. A gente ia encostar com a vitória, Com a derrota de hoje, vai ser muito difícil de chegar no G-4.” Segundos depois, Souza, da Portuguesa, equipe que ainda está atrás do Peixe na tabela, falava que o seu time tinha que sonhar mais alto do que apenas fugir da zona do rebaixamento.

Não é possível mesmo se iludir, o Santos tem um time mediano, mas os medianos são a maioria no Brasileirão. O problema é que, sempre que teve oportunidade de chegar no G-4, o time vacilou. E os jogadores já assumem discurso de derrotados mesmo com a possibilidade de se ter uma vaga na Libertadores alcançando o sexto lugar na tabela – caso um dos que estão à frente vença a Copa do Brasil e o Atlético-MG permaneça na entre os primeiros.

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)

Contudo, os atletas não acreditam. Até aí, eu também não, mas talvez não creiam porque o técnico também não acredite. É um tipo de postura que vai contaminando todos. Criticar o defensivismo quase obsessivo do treinador peixeiro não é só cornetagem, é verificar as partidas e constatar o óbvio: muitas vezes vai ser necessário jogar atrás, com cuidados defensivos etc etc, mas o que espanta é não ter nenhuma alternativa de ataque. Ou de contra-ataque.

“Ah, mas não tem substituto com as mesmas características do Montillo.” Verdade. Então muda-se o jeito de jogar, para que haja uma forma de atuar quando o meia argentino não tiver condições. Mas não é alterando a escalação de forma frenética que vai se adotar um padrão. Contra o Coritiba, o Santos entrou com três atacantes. Que não atacavam. Porque aqueles que estavam supostamente nas pontas tinham que marcar as descidas dos laterais. Para proteger os laterais santistas, Bruno Peres e Emerson Palmieri, fracos. Mas os laterais santistas não subiam. E, quando o time desarmava, não conseguia armar um lance. Porque não tinha quem armasse. Às vezes, também não tinha quem recebesse a bola.

Assim, o Santos ofereceu o campo de ataque a um time inferior tecnicamente, igualando a partida. Nem assim o Coxa, sete partidas sem vencer no Brasileirão, conseguiu marcar no primeiro tempo. Só o fez aos 16 da etapa final, em lance do lateral (bom) Vitor Ferraz pela direita, que cruzou para uma área quase deserta alvinegra, exceção feita a Edu Dracena, que não alcançou a bola. Júlio César não fez força pra marcar.

E Claudinei apela para os garotos

Parcialmente derrotado, o técnico tirou Everton Costa e Willian José para colocar Giva e Neílton. Alteração tática mesmo foi tirar Arouca para a entrada de Pedro Castro, aos 38. Nada aconteceu. Aliás, um adendo em relação a algo que muitos torcedores santistas falam, criticando Claudinei sobre a não entrada de alguns jovens da base. Sem dúvida, esperava-se que mais meninos pudessem ganhar rodagem, e isso o treinador está fazendo menos do que deveria, levando-se em conta que há talentos que ainda não tiveram muitas chances. E Neílton, com imbróglio em sua renovação de contrato ou  não, é muito mais efetivo que Everton Costa.

Mas também é preciso observar que alguns não estão correspondendo, e não adianta forçar a barra porque talvez não tenham condições mesmo ou precisem esperar mais para ganhar confiança e/ou recuperar seu futebol. Há muito tempo Giva tem entrado e produzido muito pouco, por exemplo, mesmo como titular. Contra o Coxa, nas duas oportunidades que teve de finalizar foi decepcionante, além de bolas bobamente perdidas. O lateral canhoto Emerson Palmieri é outro que tem extrema dificuldade para defender, e já entrou em campo em 16 ocasiões pelo Peixe. Não me lembro de nenhuma em que ele convenceu.

Temos que reconhecer que a base é boa, mas não é mágica. Não se criam Neymares em série, nem atletas que se firmam de forma imediata como profissionais. Preparar alguns dos jogadores mais promissores poderia ser a função de Claudinei, mas a água começa a subir e o técnico está pressionado. Se já é confuso, tende a se tornar um pouco pior, ainda mais em um momento em que o abismo, se não olha para ele e o time, já pisca de leve. Ou nem tão de leve.

 

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