Na vitória do Santos sobre a Portuguesa no Pacaembu, a estrela da companhia peixeira foi o Rei das Pedaladas. Robinho, que não marcava com o manto alvinegro desde a partida contra o Atlético-PR, empate em 1 a 1 válido pelo Campeonato Brasileiro de 2014, fez dois e ainda deu uma assistência para Cicinho fazer o terceiro do triunfo do Peixe. Foi substituído aos 28 da etapa final, quando já havia feito história (de novo).
Com os dois gols anotados, um golaço após o lançamento preciso do goleiro Vanderlei e outro feito de pênalti, Robinho ultrapassou na tabela de artilheiros do Santos Serginho Chulapa e João Paulo, que fizeram 104 tentos com a camisa santista. Agora, Robinho tem 105 gols e está atrás somente de Neymar, que fez 138 gols pelo Santos. Confira abaixo o lindo lance de Robinho no primeiro tento do jogo e a lista dos vinte maiores artilheiros do Santos na história.
O Santos joga contra a Portuguesa no Pacaembu neste domingo, às 16h, em um jogo no qual é mandante mas terá a maior parte da torcida. No histórico do confronto, o Peixe leva larga vantagem sobre o rival: são 239 jogos, com 113 vitórias peixeiras e 67 lusas, com 59 empates. Em campeonatos paulistas, são 157 pelejas, com 72 triunfos alvinegros, 47 lusos e 38 empates.
Contudo, no Pacaembu, ambos já se enfrentaram 44 vezes e é a Lusa que tem pequena vantagem: 17 vitórias contra 16 do Santos e 11 empates. Isso, aliás, se relaciona a um fator que precisa ser lembrado quando se analisam os confrontos entre o Peixe e equipes do Trio de Ferro: a maciça maioria das pelejas foi disputada em São Paulo, o que, na prática, significava uma inversão do mando de campo, prejudicando o Alvinegro nas estatísticas gerais.
Mesmo assim, o Peixe tem no Pacaembu um palco no qual mais triunfou do que saiu derrotado. Foi lá, aliás, que conquistou a Libertadores de 2011, por exemplo. No estádio, o Peixe disputou 493 partidas, vencendo 210, perdendo 151 e saindo com o empate 132 vezes.
Veja abaixo cinco grandes vitórias do Santos sobre a Lusa. Claro que não entra nessa lista o jogo mais polêmico entre os dois, o empate em 0 a 0 da decisão do estadual de 1973, com a disputa de pênaltis encerrada antes da hora pelo árbitro Armando Marques, o que resultou na divisão do título pelos dois times.
1 – Santos 10 X 0 Portuguesa (campeonato paulista de 1928)
Com cinco gols do atacante Wolf, dois de Feitiço, dois de Camarão e um de Evangelista, o Peixe goleou os rubro-verdes na Vila Belmiro em partida válida pelo campeonato paulista de 1928. O Alvinegro terminou a competição como vice-campeão, mesma colocação dos estaduais de 1927 e 1929. Esta é a maior goleada no confronto entre os dois, no entanto, a maior derrota sofrida pelo Alvinegro na era profissional foi para os lusos, 8 a 0 no paulista de 1955.
2 – Portuguesa 0 X 6 Santos (campeonato paulista de 1957)
No Pacaembu, mando de campo da equipe paulistana, o Peixe goleou por 6 a 0, em jogo do campeonato paulista de 1957. Após ser campeão em 1955 e 1956, o Alvinegro terminou a competição como vice, um ponto atrás do São Paulo, e superou os rubro-verdes em jogo da chamada Série Azul, que reunia os dez melhores times do primeiro turno do estadual e definia o campeão.
Naquele dia, Pelé marcou duas vezes, Dorval também fez dois, Jair Rosa Pinto anotou um e Afonsinho deixou o seu.
3 – Santos 4 X 0 Portuguesa (campeonato paulista de 1978)
Entre 1973 e 1982, a Portuguesa não soube o que era vencer o Santos. Foram 14 partidas de invencibilidade do Alvinegro e uma destas foi no Morumbi, no dia 9 de setembro de 1978, ocasião em que a primeira geração dos meninos da Vila não tomou conhecimento da equipe dirigida por Urubutão e que tinha Marinho Perez.
Um público de 40 mil pessoas viu João Paulo marcar dois tentos, um de Juary e outro de Pita, com Ailton Lira passeando pelo meio de campo. Detalhe para o belo terceiro gol, marcado pelo ponta João Paulo, e pela bela cominação no quarto tento, feito pelo dez Pita.
4 – Santos 2 X 0 Portuguesa (campeonato paulista de 2006)
Disputado por meio da fórmula de pontos corridos em turno único, o campeonato paulista de 2006 foi decidido na última rodada. Ao Santos, que disputava o título contra o São Paulo, bastava uma vitória simples contra a Portuguesa, na Vila Belmiro. A Lusa precisava vencer para escapar do primeiro rebaixamento no estadual da sua história.
A vitória por 2 a 0 deu ao Alvinegro o título depois de um jejum de 22 anos. O Peixe tinha saído da fila com o Brasileiro de 2002, sendo campeão de novo em 2004, mas ainda não tinha conquistado um estadual depois de 1984. O grito de campeão saiu da garganta do torcedor depois de um gol de Cléber Santana e outro de Leonardo, contra.
5 – Santos 3 X 0 Portuguesa (campeonato paulista de 2011)
No campeonato paulista de 2011, o Santos contava naquela partida com os retornos de Neymar, Elano e Léo e foi ali, depois de uma parada do carnaval, que o garoto anotou seus primeiros gols pelo Peixe no ano, já que havia servido a seleção sub-20 no sul-americano da categoria em janeiro.
A equipe, então comandada pelo interino Marcelo Martelotte, que havia entrado no lugar de Adílson Batista, venceu a Portuguesa na Vila Belmiro por 3 a 0, dois de Neymar e um de Léo, que contou com a assistência do menino. Vale a pena relembrar.
A revista Placar publicou uma matéria nesta semana com os cinco maiores artilheiros do século 21 dos doze maiores clubes brasileiros. Na lista do Santos, Neymar lidera, com 138 gols em 230 jogos, seguido por Robinho, 103 gols em 235 partidas; Kléber Pereira, 86 em 143 jogos; Elano, 66 tentos em 285 pelejas, e Deivid, 54 gols. No caso deste último, não estão computados todos seus tentos marcados pelo Santos, já que ele atuou e marcou pela equipe em 1999 e 2000. Marcou 60 vezes em 140 partidas, no total de participações pelo Alvinegro.
Dada a lista, algumas curiosidades. Os dois primeiros, Neymar e Robinho, são crias da base e só atuaram pelo Peixe no Brasil, sendo que o Rei das Pedaladas está em sua terceira passagem pelo clube, tendo atuado profissionalmente com a camisa peixeira entre 2002 e 2005 e no primeiro semestre de 2010.
Robinho, que tem contrato de empréstimo com o Santos até junho deste ano, é hoje o terceiro colocado na lista dos maiores artilheiros do clube na era pós-Pelé, com 103 gols, um atrás de João Paulo e Serginho Chulapa, empatados na segunda colocação. Na tabela dos maiores artilheiros do Alvinegro na História, o eterno menino da Vila é o 20º, empatado com Ary Patusca, que atuou pelo Santos entre 1915 e 1922.
Mas há que se destacar Kléber Pereira. Entre os cinco, é ele, por pouco, que tem a mais elevada média de gols, 0,601 por jogo, superando Neymar, que tem 0,6 redondos. Robinho, com 0,43 gol por partida, está acima de Deivid, com 0,42. Elano tem média de 0,23, mesmo assim algo invejável para um meio-campista.
Com seu estilo de centroavante puramente marcador de gols, Kléber Pereira chegou ao Santos no segundo semestre de 2007 e em muitas ocasiões irritava a torcida com alguns gols fáceis perdidos. Costumava argumentar à época que se ele marcasse a maioria que perdia, não seria Kléber Pereira, mas sim algo próximo de Pelé, visto sua ótima média de gols mesmo com o desperdício… Além de ter inegável bom posicionamento dentro e próximo à área, há outro dado que valoriza sua passagem pelo Santos, o fato de o clube ter montado times fracos em 2008, quando a equipe lutou contra o rebaixamento em boa parte do Brasileiro, e em 2009, quando foi um figurante sem brilho no Nacional, após chegar à final do Paulista.
O Acervo Histórico Santos Futebol Clube fez um levantamento no qual lista 21 dos maiores artilheiros do clube no século 21. Completando os dez maiores, aparece o surpreendente Basílio, que segurou o rojão de substituir Robinho na reta final do Brasileiro de 2004, com 42 gols; André, com 41; Diego, com 38; Paulo Henrique Ganso, com 36, e Cícero, 35. No elenco atual do Santos, estão ainda na lista dos 21, além de Robinho e Elano, Renato, com 25; Gabriel Barbosa, o Gabigol, com 23, e Ricardo Oliveira, com 21.
Joinville e Santos se enfrentam hoje pela segunda fase da Copa do Brasil, e fazem o sétimo confronto entre os dois na história. Até agora, são duas vitórias santistas, dois empates e dois triunfos catarinenses. Nenhum dos dois venceu o rival fora de casa.
Juary, autor de dois gols na 1ª partida entre Santos e Joinville (Foto do site Futebol de Todos os Tempos)
A primeira partida entre os dois clubes foi no Campeonato Brasileiro de 1978, na segunda fase da competição. Na Vila Belmiro, o Peixe venceu por 3 a 0, dois gols de Juary e um de Célio. O Santos do treinador Chico Formiga entrou em campo com William; Nelsinho Baptista, Joãozinho, Fausto e Gilberto Sorriso; Zé Carlos, Nelson Borges (Nílton Batata) e Pita; Juary, Célio e João Paulo. O Joinville de Marinho Rodrigues atuou com Raul Bosse; João Carlos, Vagner, Pompeu (Lico) e Carlos Alberto; Jorge Luis, Joel e Fontã; Britinho, Paulinho e Néia (Sávio).
Rubens Feijão, autor de dois gols da vitória santista contra o Joinville no Brasileiro de 1980
No Campeonato Brasileiro de 1980, novo encontro na Vila Belmiro, com vitória alvinegra da equipe de Pepe por 2 a 0, dois tentos marcados por Rubens Feijão. No retorno, o Joinville superou o Santos pelo mesmo placar, gols de Zé Carlos Paulista e Jorge Luís. A peleja era válida pela segunda fase da competição e o Santos terminou em primeiro lugar no Grupo E, com os catarinenses ficando na lanterna. O Peixe terminou aquele Brasileiro na 7ª posição.
Em 1981, em um amistoso, o Joinville venceu o Santos por 1 a 0, com gol de Barbieri. Já no Campeonato Brasileiro de 1986, duas igualdades em jogos válidos pela segunda fase da competição. Os catarinenses, aliás, quase ficaram fora da segunda fase, pois o Vasco entrou com um processo na Justiça comum contestando a decisão do STJD que havia dado dois pontos para o Joinville na peleja contra o Sergipe, que teve um jogador pego no antidoping. No fim, o Vasco também avançou, pois a Portuguesa foi punida por entrar na Justiça comum por conta de venda de ingressos. Ah, os critérios da CBF…
Nos dois jogos entre Santos e Joinville, o mesmo resultado: 0 a 0. Em 13 de novembro, no Ernesto S. Sobrinho, o Peixe entrou em campo com Rodolfo Rodriguez; Ijuí, Nildo, Toninho Carlos e Paulo Róbson; César Sampaio, Ribamar e Juninho (Santín); Solano, Serginho Chulapa (Mazinho) e Antônio Carlos, comandados por Formiga. Já o Joinville veio com Barbiroto; Alfinete, Adílson e Edvaldo; Junior, Nardela e Cláudio José (João Renato), Toninho Cajuru, Mirandinha (Amarildo) e Paulo Egídio. O treinador do time catarinense era Edu Coimbra, o irmão de Zico.
O Alvinegro ficaria na segunda fase, com a quinta colocação do Grupo I (quatro se classificavam). Já o Joinville foi o terceiro do grupo, chegando às oitavas de final e caindo após dois empates com o Cruzeiro. Na equipe catarinense, o destaque era o lateral-direito Alfinete, ex-Corinthians, que, após ser trocado pela equipe paulistana, recuperou seu futebol e chegou a ganhar a Bola de Prata da revista Placar em sua posição naquele ano. Na sequência, foi para o Grêmio.
Dracena comemora seu 15º tento pelo Santos, na semifinal do Paulistão 2013
Com o gol que levou a partida contra o Mogi Mirim para a disputa de pênaltis, Edu Dracena não só assegurou a ida do Santos à final do Paulista de 2013 como também garantiu a vice-liderança entre os maiores zagueiros-artilheiros do clube.
Desde 2009, quando chegou ao Alvinegro, Dracena marcou 15 gols, mesmo número de três outros ex-peixeiros. Além do lance do empate contra o Mogi, o capitão santista também fez outros tentos importantes, como os anotados contra o Atlético-MG, nas quartas, e contra o Vitória, na final da Copa do Brasil de 2010. Também fez o seu contra o Cerro Porteño, nas semifinais da Libertadores de 2011. Confira abaixo quem são os outros quatro zagueiros que fazem parte da lista dos maiores artilheiros santistas na posição.
Alex (2002 a 2004) – 20 gols
O maior zagueiro artilheiro da história peixeira treinava entre os juniores do Jabaquara, de acordo com essa matéria, quando o técnico Emerson Leão precisou de gente para completar dois times em um coletivo. Alex entrou e conquistou a confiança do treinador, que resolveu apostar no talento do então garoto de 20 anos para formar dupla com André Luiz, as “torres gêmeas” da Baixada.
Apelidado de “novo canhão da Vila” por conta do seu chute forte, fez gols em cobranças de falta e também de cabeça em sua passagem pelo Santos. Campeão brasileiro em 2002, foi vice-artilheiro da equipe no Brasileiro de 2003, ao lado de Diego, Robinho, Renato e Willian, com nove gols, ficando atrás somente de Fabiano, com dez. Em 2004, foi para o PSV e, mais tarde, chegou ao Chelsea. Hoje, está no Paris Saint-Germain e faz dupla ao lado de Thiago Silva.
Joãozinho (1977 a 1983) – 15 gols
O quarto-zagueiro Joãozinho, apelido de João Rosa de Souza Filho, veio do Vitória para o Santos em junho de 1977, aos 21 anos, e já tinha fama de artilheiro, pois havia marcado nove gols no campeonato baiano de 1976. Logo que chegou, reza a lenda que um dirigente santista chegou no vestiário e tratou de estabelecer a “nova ordem”. “Joãozinho aqui no Santos só tem um e é esse que chegou do Vitória. De agora em diante, o ponta-esquerda que veio do São Cristovão deixa de ser Joãozinho e passa a ser João Paulo, que é o nome dele.” O ponteiro era “só” aquele que viria a ser o segundo maior artilheiro da Era Pós-Pelé, o Papinha.
Joãozinho, entre o goleiro Vítor e o parceiro de zaga Neto
O zagueiro fez parte da primeira edição dos Meninos da Vila, campeão paulista em 1978, e foi vice-campeão brasileiro em 1983. Mais tarde, ele era o auxiliar de Serginho Chulapa e assumiu o comando do Santos após a saída do ex-artilheiro, em 1994. Treinou o Santos até meados de 1995, quando foi substituído pro Cabralzinho, que comandaria a bela equipe vice-campeão brasileira daquele ano. Hoje, Joãozinho é supervisor das divisões de base do Alvinegro.
Márcio Rossini (1981 a 1985 e 1990) – 15 gols
Vindo do Marília, Márcio Rossini era o tipo de zagueiro central que não “aliviava”. Com 1,82 e 78 quilos nos bons tempos, foi um líder em campo na sua passagem pelo Peixe e chegou à seleção brasileira em 1983, disputando 13 partidas pela seleção treinada por Carlos Alberto Parreira.
Com Toninho Carlos, defensor que era mais técnico, formou uma dupla daquelas que muitos consideram a ideal para uma zaga, com um “zagueiro zagueiro” e outro clássico. Juntos, jogaram pelo Santos, pela seleção brasileira e, mais tarde, pelo Bangu. Além dos tentos marcados pelo Alvinegro, Márcio Rossini também fez um belo gol pela seleção brasileira, em 1983, um empate em 3 a 3 contra a Suécia. Veja abaixo o gol.
André Luis (2000 a 2004) – 15 gols
Cria da base santista, o gaúcho André Luis estreou no time no ano 2000, em uma vitória por 7 a 2 contra o Araçatuba. Disputou os Jogos Olímpicos de Sidney pela seleção, mas não chegou a se firmar no clube no período, sendo emprestado para o Fluminense entre o segundo semestre de 2001 e o primeiro de 2002. Um dos principais motivos da sua saída momentânea foi o escorregão diante do atacante Gil, do Corinthians, que resultou no gol de Ricardinho e na desclassificação alvinegra nas semifinais do campeonato paulista.
No seu retorno, fez bela dupla de zaga com Alex e foi peça importante na campanha que levou o Peixe ao título do Brasileirão de 2002, obtido contra o Corinthians. Ficou na equipe até 2004, transferindo-se na temporada de 2005 para o Benfica, após desentendimento com Vanderlei Luxemburgo.
Santos e Palmeiras disputam amanhã o chamado “clássico da saudade”, referência ao confronto que era um dos maiores do país na Era de Ouro do futebol nacional, a década de 60. Trata-se de um clássico com muita história, e é nela que se pode confiar para que um bom jogo aconteça.
A primeira partida entre os dois data de 3 de outubro de 1915 e foi realizada no Velódromo de São Paulo. Goleada alvinegra sobre o então Palestra Itália por 7 a 0, com três gols de Ary Patusca, dois de Anacleto Ferramenta, um de Aranha e outro de Arnaldo Silveira, autor do primeiro gol oficial da história do Santos. O Verdão devolveria a humilhante goleada em 1932, com um 8 a 0 em uma peleja na qual o Peixe terminou com nove jogadores, com dois gols de Romeu Pelliciari, dois de Imparato III, além de anotações de Lara, Sandro, Avelino e Golliardo.
Desde aqueles idos tempos, foram diversos jogos entre os dois, alguns eliminatórios e muitos que decidiram títulos mas que não eram finais propriamente ditas, com exceção das partidas extras que definiram o chamado supercampeonato paulista de 1959, com vitória do Palmeiras.
Abaixo, algumas das vitórias memoráveis do Santos no “clássico da saudade”:
Santos 7 X 6 Palmeiras (Rio-São Paulo de 1958)
Na manchete da Gazeta Esportiva, o “espetáculo pirotécnico” do clássico da saudade
Talvez a partida mais emocionante entre os dois clubes e uma das maiores da história. Dizem que cinco infartos ocorreram por conta daquela peleja, com três reviravoltas no placar. No Pacaembu, 43.068 viram Urias marcar o primeiro tento do jogo aos 18 minutos. A reação peixeira não tardou e o menino Pelé, 17 anos, empatou para Pagão virar, aos 25. Nardo empatou somente um minuto depois e o que se viu a partir daí foi um atropelo santista até o final do primeiro tempo.
O time palmeirense era inferior tecnicamente a uma equipe que tinha uma linha ofensiva espetacular: Dorval, Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe, responsáveis pela histórica marca de gols no campeonato paulista de 1958. Foram 143 tentos em 30 partidas, 58 só do adolescente Pelé. Após o empate, Dorval, Pepe e Pagão fizeram 5 a 2 ainda nos primeiros 45 minutos.
Nesta matéria do Esporte Espetacular, Zito conta que desceu para o vestiário dizendo que eles tinham que marcar o maior escore da história, e Pepe conta que o bicho, pago à época com o dinheiro da renda da partida, já estava sendo separado para os atletas santistas. Mazzola recorda que o goleiro Edgar chegou chorando ao vestiário, se recusando a voltar para a etapa final. Oswaldo Brandão colocou Vitor e o Palmeiras voltou outro depois do intervalo.
E em 18 minutos, um motivado Verdão virou a partida pra cima do Peixe com Paulinho, de pênalti, aos 16; Mazzola, aos 20 e aos 28, e Urias, aos 34. Um 6 a 5 que parecia sacramentar uma reação impossível, mas o impossível não queria descansar naquela peleja. Pepe voltou a empatar aos 38, de cabeça, e, aos 43, consolidou a última virada da partida.
Santos 6 X 1 Palmeiras (Campeonato Paulista de 1982)
Boa parte da década de 80 não foi gloriosa nem para Santos, nem para o Palmeiras. O Santos foi campeão paulista em 1984, mas o Verdão amargou o período sem um título. Os rivais São Paulo e Corinthians decidiram o campeonato daquele ano, vencido pelo Alvinegro paulistano.
O regulamento da competição previa que o vencedor de cada turno iria para a final e o Santos não chegou perto de vencer um ou outro. O Palmeiras ainda fez uma campanha melhor no segundo turno, terminando em terceiro, mas quando topou o Peixe em novembro, foi massacrado.
O 6 a 1 peixeiro teve como principais artilheiros João Paulo e Serginho Dourado, que marcaram dois gols cada um. Roberto César e Paulinho Batistote completaram para o Santos, comandado por formiga, enquanto Jaime Boni descontou para o Palmeiras de Rubens Minelli.
Santos 5 X 1 Palmeiras (Campeonato Brasileiro de 2006)
O Santos, na 22ª rodada do Brasileiro de 2006, disputava o título e estava a quatro pontos do São Paulo. Embora tenha perdido fôlego no final da competição, a equipe conseguiu ainda se classificar para a Libertadores do ano seguinte. Já o Palmeiras lutava para se distanciar da zona do rebaixamento, mas vinha em uma boa sequência de onze partidas sem perder, sob o comando de Tite.
Mas, na Vila Belmiro, o Peixe massacrou o rival. O zagueiro Luiz Alberto marcou duas vezes, aos 13 e aos 24. Juninho Paulista descontou na primeira etapa, mas no segundo tempo o Alvinegro atropelou. Wellington Paulista marcou aos 15 e aos 22, e Jonas completou aos 25. Um 5 a 1 que desnorteou o Verdão. Após perder para o Santa Cruz, 18 dias depois, Tite entrou em conflito com o diretor Salvador Hugo Palaia e terminou como o último time antes da zona do rebaixamento naquele 2006.
Palmeiras 2 X 3 Santos (Campeonato Paulista de 2000)
Sem chegar a uma final de Paulista havia 16 anos, o Santos disputava a segunda partida da semifinal no Pacaembu contra o forte Palmeiras. Na primeira peleja, no Morumbi, o Verdão chegou mais perto da vitória, mas um então jovem Fábio Costa evitou que a partida saísse do zero a zero.
A segunda partida também foi no estádio da Zona Sul e o Alviverde, que tinha a vantagem do empate, conseguiu se impor ao marcar com Argel, aos 32 do primeiro tempo, e Euller, aos 8 da etapa final. Aquela partida disputada pela manhã, contudo, se tornaria histórica para os santistas.
Com uma bela finalização, Eduardo Marques diminuiu para o Peixe aos 23 e Anderson Luiz empatou aos 32. O Palmeiras recuou buscando manter o empate que lhe bastava e o Santos partiu para cima, sem muita tática ou técnica. E, após um cruzamento de Robert, Claudiomiro dividiu com Marcos e cabeceou para o gol, com a bola ficando limpa para Dodô, caído, marcar o gol da virada. O Peixe do técnico Giba chegava à final, a qual perderia para o São Paulo.
Santos 2 X 1 Palmeiras (Campeonato Paulista de 2009)
O Palmeiras era favorito nas semifinais do Paulista, havia feito a melhor campanha na primeira fase, e o Santos era uma equipe em formação. Vágner Mancini já aproveitava Paulo Henrique Ganso como titular e tinha promovido naquela competição a estreia de Neymar como profissional.
A equipe de Vanderlei Luxemburgo havia perdido a primeira na Vila por 2 a 1 e saiu perdendo também no Parque Antarctica logo aos 17, com Madson, um dos destaques daquela noite, marcando para os santistas. No segundo tempo, Mauricio Ramos fez pênalti em Neymar, sendo expulso, algo não muito incomum para o atleta. Kléber Pereira converteu e a vantagem peixeira se ampliou.
O Verdão ainda respiraria com um gol de Pierre, uma falha monumental de Fábio Costa. A peleja teria ainda a inusitada confusão entre Diego Souza e Domingos, resultando na expulsão dos dois. O Santos foi à final, mas perdeu a decisão para o Corinthians.
Na última partida entre os dois, pelo Brasileiro de 2012, o Santos levou a melhor: 3 a 1, em noite de homenagem a Joelmir Beting.
Após a primeira partida da final do campeonato paulista de 2012 entre Guarani e Santos, Neymar chegou aos 104 gols e já é o maior artilheiro do Alvinegro pós-Pelé, empatado com Serginho Chulapa e João Paulo (confira a lista dos 25 maiores artilheiros do Peixe aqui).
E falta pouco para Neymar e o Santos continuarem fazendo história. Isso vai ocorrer se o clube conquistar o tricampeonato estadual, algo que nenhuma equipe consegue desde 1969, quando o próprio Alvinegro, com Pelé e companhia, obteve o segundo tri.
E, como homenagem a Serginho Chulapa, acompanhando a celebração feita por Neymar, abaixo os melhores momentos da última peleja do campeonato paulista de 1984, em que o centroavante fez o gol decisivo para o Peixe.
E, para homenagear o artilheiro Neymar, que vem tentando se especializar nas carretilhas (ou lambretas, conforme o gosto do freguês), segue também o gol de letra de Toninho Guerreiro, feito após o belo lance de Kaneko, que passou a bola por cima do marcador e cruzou para a finalização do quarto maior artilheiro da história do Peixe.
Após a vitória do Santos contra o Guaratinguetá, Neymar já é o quarto maior artilheiro do Santos pós Era Pelé, com 173 pelejas disputadas pelo clube. Com 95 gols, o garoto, que fez três contra a equipe do interior, ultrapassou Robinho, que tem 94. Agora, o atacante segue no encalço de três atletas. O primeiro é Juary, um dos meninos da Vila campeão paulista em 1978 e que, atuando entre 1976 e 1979 e, já veterano, em 1989, marcou 101 vezes pelo Santos.
Já os dois que pontuam a lista têm 104 tentos cada. O ponta-esquerda João Paulo, outro menino da Vila, jogou no Peixe entre 1977 e 1984, voltando em 1992. Serginho Chulapa o acompanha no topo por conta de suas quatro passagens pelo Peixe, em 1983-1984, 1986, 1988 e 1990. Pouco mais de três anos de sua estreia como profissional, Neymar pode ocupar o topo da lista ainda no primeiro semestre.
Pra quem gosta de comparações, Messi, que estreou no Barcelona em 2003, fez seu centésimo gol pelo clube em seu 188º jogo pela equipe azul-grená, aos 22 anos e 206 dias.
Sobre a lista de artilheiros do Santos
Muitos podem estranhar o porquê de existir uma lista de artilheiros pós Era Pelé. O fato é que a divisão é mais que necessária, já que o Alvinegro, que se notabiliza por ser o clube com maior número de gols marcados no mundo do futebol profissional, foi também o primeiro no Brasil a ter uma linha de cem gols em uma competição. Muito antes do grande time dos anos 60, os santistas já se habituavam a balançar as redes.
João Paulo e Chulapa estão em 18º no rol de maiores artilheiros da história santista. Acima deles, há Pelé, líder absoluto com 1091 gols, e outros dez atletas que atuaram com o Rei: Pepe, Coutinho, Toninho Guerreiro, Dorval, Edu, Pagão, Tite, Vasconcelos, Álvaro e Del Vecchio. Da linha dos cem gols há Feitiço, 5º em todos os tempos com 216 gols e Camarão, além de Araken Patusca, Antoninho, Odair e Raul Cabral Guedes.
Para se ter uma ideia da grandeza da lista dos maiores artilheiros do Peixe, Coutinho, o terceiro maior, com o número de gols marcados pelo Peixe seria com sobras o maior goleador de qualquer um dos membros do Trio de Ferro. Claro que se tivesse atuado nos rivais o parceiro de Pelé não teria marcado tanto…
Após a vitória do Santos contra o Guaratinguetá, Neymar já é o quarto maior artilheiro do Santos pós Era Pelé, com 173 pelejas disputadas pelo clube. Com 95 gols, o garoto, que fez três contra a equipe do interior, ultrapassou Robinho, que tem 94. Agora, o atacante segue no encalço de três atletas. O primeiro é Juary, um dos meninos da Vila campeão paulista em 1978 e que, atuando entre 1976 e 1979 e, já veterano, em 1989, marcou 101 vezes pelo Santos.
Já os dois que pontuam a lista têm 104 tentos cada. O ponta-esquerda João Paulo, outro menino da Vila, jogou no Peixe entre 1977 e 1984, voltando em 1992. Serginho Chulapa o acompanha no topo por conta de suas quatro passagens pelo Peixe, em 1983-1984, 1986, 1988 e 1990. Pouco mais de três anos de sua estreia como profissional, Neymar pode ocupar o topo da lista ainda no primeiro semestre.
Pra quem gosta de comparações, Messi, que estreou no Barcelona em 2003, fez seu centésimo gol pelo clube em seu 188º jogo pela equipe azul-grená, aos 22 anos e 206 dias.
Serginho Chulapa foi um dos meus primeiros ídolos no Peixe. Após ficar marcado como maior atilheiro da história do São Paulo, o atacante chegou ao Santos em 1983, sendo o artilheiro do Brasileiro daquele ano, com 22 gols. Junto como ponta-esquerda João Paulo, é quem mais marcou gols com a camisa peixeira depois da Era Pelé, com 104 tentos.
Chulapa ficou até o fim de 1984 no Alvinegro, mas teve outras três passagens pela Vila: em 1986, 1988 e 1990. Ídolo, fez o gol do título do campeonato paulista de 1984, e os bastidores dessa partida e desse campeonato estão no livro Artilheiro Indomável – As Incríveis Histórias de Serginho Chulapa (Editora Publisher Brasil), do jornalista Wladimir Miranda.
“A gente sabia que não ia perder. O Castilho (ex-goleiro Carlos Castilho, já falecido, que era técnico do Santos em 84) deu a preleção dele na chácara Nicolau Moran Vilar. Eu pedi para falar com o grupo. Disse: ‘Não vamos perder este título, gente. Se eles estiverem ganhando, vamos arrumar uma confusão. Eles, durante a semana, fizeram foto de campeões. Nós vamos ser campeões. Se tiver perdendo o jogo, arrumo a confusão e todo mundo vai ter de entrar na briga’. Nosso time tinha o Márcio Rossini, Rodolfo Rodriguez, o Dema. Nosso time era problema. No braço, era problema. Saímos com essa determinação. Qualquer eventualidade, a gente ia arrumar um rolo. Foi uma voz de incentivo. O importante é que tiramos o tricampeonato do Corinthians. O título teve um sabor especial para mim. Assim que cheguei ao vestiário, tomei mais da metade de uma garrafa de uísque. Passei até mal de tanto que bebi”.
Outro ex-atleta daquele elenco, Dema, confirma na obra de Miranda o pacto proposto por Chulapa. “Ele disse que se o Corinthians estivesse ganhando, a gente ia bagunçar o jogo. Disse que ia bater em todo mundo. O Serginho era encrenqueiro. Era meio louco. Era engraçado. Ele apavorava os zagueiros. Eu via o que ele fazia e dava muita risada lá atrás. Disse para ele assim: ‘Você é o Serginho, eu estou começando a minha carreira. O que você mandar, eu faço’”.
O ex-volante lembra que não foi necessário tumultuar o jogo para o Peixe derrotar o Corinthians po 1 a 0. “Dei uma chegada no Arthurzinho e no João Paulo, e eles foram armar no meio de campo. O João Paulo, a gente já conhecia. Ele tinha jogado no Santos e nós sabíamos que colocava a bola onde queria. Então, dei uma chegada nele e pronto”.
No livro, Dema conta também que, ao contrário do que seria o normal do futebol, com os zagueiros colocando medo nos atacantes, era Chulapa quem amedrontava os defensores. E não só os defensores, como mostra uma passagem contada pelo volante santista. “Ele estava treinando cobranças de faltas. Sempre que errava o chute e a bola ia muito longe do gol, alguns torcedores que estavam vendo o treino perto do alambrado davam risada, mexiam com o Serginho. O Serginho ficou nervoso e pulou o alambrado atrás dos torcedores. Os caras, uns dez torcedores, saíram correndo. Os caras na frente e o Serginho atrás. E os outros jogadores ficavam lá, morrendo de rir.”
O lançamento do livro Artilheiro Indomável – As Incríveis Histórias de Serginho Chulapa, será no Artilheiros Bar, rua Mourato Coelho, 1194, na segunda-feira, 12, 19h.