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Santos supera campeão paulista e estreia com vitória na Vila

A expectativa para a estreia do Santos, de acordo com a mídia tradicional em geral, não era das melhores. Menos por conta do adversário, o Ituano, que mesmo sendo o atual campeão paulista, não tem um elenco que causa medo em um time grande, mas por conta da real crise financeira do clube e do alentado desmanche sofrido pela equipe.

Saíram do time o goleiro Aranha, o zagueiro Edu Dracena, o lateral esquerdo Mena, o volante Arouca e o atacante Leandro Damião. Destes, somente Arouca era uma unanimidade na torcida, sendo que os outros três tiveram desempenhos irregulares no ano de 2014. Em especial o ex-centroavante do Internacional, que dispensa comentários adicionais. Mesmo benquisto (não mais) pelos torcedores, o volante que hoje está no Palmeiras tem problemas constantes de contusão. Em 2014, por exemplo, dos 68 jogos da equipe, Arouca atuou em 32. E foi seu ano mais efetivo na Baixada.

Por outro lado, o Alvinegro manteve seu ídolo maior, Robinho, e trouxe alguns reforços como Elano, Ricardo Oliveira, Chiquinho, Valencia e o goleiro Vanderlei. Nenhum deles inconteste, mas o primeiro que estreou na noite de hoje já mostrou a que veio. Chiquinho, meia, lateral e o que mais vier, vestiu a camisa que era de Mena e fez algo que o chileno nunca conseguiu em 61 partidas oficiais pelo Peixe. Gol.

Foi aos 29 minutos do primeiro tempo, e foi um golaço. Lucas Lima cobrou falta, a bola bateu na barreira e voltou para Chiquinho acertar um belo sem pulo no lado esquerdo do gol de Diego Neto. Era o segundo tento peixeiro na peleja. O primeiro foi de Geuvânio – que sofreu a falta que resultou no segundo gol alvinegro – logo aos 6, uma linda finalização de fora da área que deixou o arqueiro de Itu sem reação.

Chiquinho já havia sido destaque, aliás, ao desviar duas finalizações do Ituano no mesmo lance, após o Santos ter aberto o placar. Ali foi praticamente a única chance real da equipe do interior na primeira etapa, embora os donos da casa tenham diminuído o ritmo após um começo intenso. Alguns buracos na transição do meio de campo deram relativo espaço para os rubro-negros, que paravam na marcação de Alisson, Renato e da linha defensiva. Gustavo Henrique, sem ritmo, destoou, mas foi socorrido quando preciso.

Lucas Lima foi o condutor, para variar, mas exagerou no individualismo. Robinho, jogando como um camisa 9 e ficando muito de costas para a marcação, se sacrificou pelo time e, tirando um ou outro lance plástico, mais abriu espaços do que fez seus habituais lances na etapa inicial. No segundo tempo, quando talvez o Ituano tenha pensado em reagir, o Santos tratou de matar qualquer pretensão do rival. Geuvânio, mais uma vez, passou para Lucas Lima na direita, que devolveu para o garoto fazer seu segundo gol na partida, terceiro do Peixe.

A partir daí, o segundo tempo se desenrolou como um lento apagar das luzes; os visitantes, sem força ofensiva, e os donos da casa chegando com algum perigo, mas não convertendo. Enderson Moreira aproveitou para trocar todo o ataque, sacando primeiro Geuvânio para colocar Ricardo Oliveira; depois Thiago Ribeiro para a entrada de Elano e por fim Robinho, que foi substituído por Lucas Crispim.

Como foi a tônica para os grandes nessa rodada de estreia, o Santos fez três e não teve dificuldades. Não é o melhor dos parâmetros, mas a equipe mostrou que não sente uma falta tão terrível dos jogadores que foram embora. E ainda vai contar com o retorno de Gabriel e Caju, que estão na seleção sub-20, e Cicinho (tá, esse não conta tanto), contundido. Além da estreia do arqueiro Vanderlei, vindo do Coritiba, no lugar do sempre pouco confiável Vladimir, que atuou hoje. Pra quem disse que o Peixe estava na pior, até que a estreia foi boa.

Craque do jogo: Geuvânio – fez dois gols e ainda sofre a falta que resultou no 2º gol do Peixe.

Menção honrosa: Chiquinho – fez um golaço, salvou dois lances na defesa e mostrou garra. jogo bom pra ganhar o torcedor.

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O empate do Santos com o Coritiba e o que esperar da equipe no Brasileiro 2014

Em seu segundo jogo no Campeonato Brasileiro, o Santos mais uma vez fez uma atuação ruim, algo que vem acontecendo desde a semifinal do Paulista, quando a equipe suou sangue para derrotar o Penapolense. Mas, naquela ocasião, ainda conseguiu fazer três gols, desempenho que não se repetiu nas quatro pelejas seguintes, quando fez apenas dois tentos em duas partidas, ficando no zero em outras duas.

O que aconteceu com aquele time que marcava gols, era ofensivo e ensaiava promover candidatos a estrelas no cada vez mais pobre tecnicamente futebol brasileiro? Pode-se arriscar algumas explicações, mas a diretoria do clube deve estar atenta para conseguir corrigir o rumo da equipe antes que a vaca afunde de forma célere no brejo dos arredores da Vila famosa.

Gabriel: paciência que ele vai render (Ricardo Saibun/Santos FC)

Gabriel: paciência que ele vai render (Ricardo Saibun/Santos FC)

Os jovens sentiram?

Uma explicação bastante recorrente para explicar a queda de rendimento do Santos é o fato de parte dos atletas ser jovem, os ditos novos Meninos da Vila. Geuvânio, Gabriel e outros que costumam frequentar o gramado como Alan Santos, Emerson e Alison. Os homens da frente não têm rendido, em especial Geuvânio, que experimentou o banco de reservas ontem e só entrou no segundo tempo.

É possível que tenham sentido a pressão e/ou se deslumbrado um pouco com o oba-oba da reta final do Paulista. Mas seria injusto colocar a culpa somente nos garotos. Jogadores mais velhos também não corresponderam e têm mostrado dificuldades para liderar ou comandar uma reação. Não é à toa: jogadores experientes que são titulares não estão acostumados a decidir.

Cícero, 29 anos, tem três títulos na carreira: uma Copa do Brasil pelo Fluminense em 2007 e dois triunfos menos expressivos, um estadual de Santa Catarina em 2006 e o título da Sul-americana em 2012, sendo reserva no São Paulo. Thiago Ribeiro era reserva no título mundial tricolor de 2005, e foi escanteado por Muricy Ramalho quando a equipe foi campeã brasileira em 2006. Fora isso, tem os títulos mineiros de 2009 e 2011. Vejam o currículo de outros titulares da equipe e verão que, exceção feita a Arouca, louros importantes são raros.

Não se trata de desmerecer os jogadores mais velhos, mas tentar entender que eles também podem sentir a pressão, como os garotos parecem ter sentido. Ainda que haja diferenças. Thiago Ribeiro tem sempre buscado o jogo, ainda que de forma improdutiva em boa parte dos lances, já Cícero tem sido menos vistoso. Sobre ele, falamos a seguir.

Cícero não pode conduzir a equipe  (Ricardo Saibun/Santos FC)

Cícero não pode conduzir a equipe (Ricardo Saibun/Santos FC)

Cícero não pode ser protagonista

Pelo fato de ser um meia e fazer gols, Cícero por vezes é tido pela torcida, e até mesmo por Oswaldo de Oliveira, como solução para decidir pelejas. Mudanças recorrentes do treinador levam sempre o atleta à frente para que possa ser aproveitado seu poder de definição, já que sua finalização de longa distância é muito boa, assim como o cabeceio. Mas quando isso acontece, em geral acaba o fator surpresa daquele volante/meia que vem de trás e pega o sistema defensivo com o calção na mão.

Ontem, faria mais sentido Cícero vir buscar a bola para fazer a transição para o ataque, já que o Santos perdeu o meio de campo para o Coxa e não conseguia levar a redonda à frente. Ao invés disso, ele foi empurrado para jogar junto aos atacantes na segunda etapa. Mudança manjada e que não tem funcionado. E, assim, Cícero vive a paradoxal condição que em geral é vivida por aqueles “centroavantes-centroavantes”: se faz o gol, jogou bem; se não fez, não jogou. Na prática, seus tentos e a bola parada disfarçam o mau desempenho que tem ao exercer algumas funções na meia. Em alguns contextos, também teria que merecer um banco. Como aconteceu com Damião ontem.

Leandro Damião não engatou. Mas não pode ser bode expiatório (Ricardo Saibun/Santos FC)

Leandro Damião não engatou. Mas não pode ser bode expiatório (Ricardo Saibun/Santos FC)

O fator Damião

Leandro Damião é a contratação mais cara dentro da história do futebol brasileiro. É mais que natural que seja cobrado e que se espere dele algo diferente. Não tem acontecido. Damião também parece sentir a pressão, ainda mais pelo fato de torcida não ter com ele a paciência que reserva a outros jogadores, até pela expectativa que gerou a sua vinda.

Ter um jogador que atua abaixo do esperado atrapalha, mas atribuir a sua escalação todas as desgraças da equipe é exagero. “Ah, mas o Gabriel jogava melhor quando estava como homem de área.” Pode até ser, mas a média de gols da equipe não caiu com a entrada de Damião, em que pese seus gols perdidos irritarem qualquer um. Aliás, Gabriel também tem desperdiçado, como aconteceu com o Sport e ontem. A questão é que, em muitos aspectos, o ex-centroavante do Internacional tem sido prejudicado com o jeito que o Santos joga. Nos 180 minutos da final do Paulista, recorde-se quantas vezes ele recebeu a bola de costas para a área, com um marcador no cangote, e sem ninguém aproximando para receber. Resultado de uma maldita ligação direta que o Santos tem se habituado a fazer. Aí entra o problema do meio de campo…

Montillo, mesmo sem ter sido brilhante, ainda faz falta (Ricardo Saibun/Santos FC)

Montillo, mesmo sem ter sido brilhante, ainda faz falta (Ricardo Saibun/Santos FC)

Cadê o substituto do Montillo?

Impossível dizer que o meia argentino teve uma passagem gloriosa pelo Santos, mas o jogador vinha crescendo de produção e foi o responsável pelas mais belas jogadas do Alvinegro no segundo semestre de 2013. Foi negociado para o futebol chinês e não houve reposição. Parecia que a providência divina tinha ajudado, com Geuvânio por vezes fazendo a função, compartilhada em algumas ocasiões com Thiago Ribeiro e mesmo Gabriel.

Ou seja, nenhum especialista na função que era do atleta portenho. E, no banco, Oswaldo ainda não achou por bem utilizar o promissor meia Serginho. Se não confia nele, o clube tem que contratar. É no meio de campo que a equipe tem penado. Não há substituto com as características de Arouca, por exemplo. Alison é o volante-volante, mais pegada do que técnica, e Alan Santos é, por enquanto, um volante que acha que pode jogar como meia. Mas não pode.

Sem reforços no meio ou alguma solução caseira de Oswaldo, o time vai continuar dependente de atacantes atuando como meias, o que poderia ser uma alternativa de jogo, e não quase uma obrigação. Com zagueiros que têm uma saída de bola ruim, e laterais/alas que também não costumam fazer essa transição. O Peixe vai continuar rifando a bola e sofrendo com desfalques.

Já era o Brasileiro?

Claro que não. Além do intervalo da Copa do Mundo, que costuma mudar o andar da competição, existe ainda a possibilidade, mencionada acima, de se arrumar a equipe com o que há na base. Algum lateral disputando posição ou mesmo um meia que veio de baixo se tornando titular é uma possibilidade. Mas Oswaldo armou uma equipe que apostava em dar uma condição confortável para que os homens da frente resolvessem, muitas vezes individualmente. Eles não têm resolvido e, ao que parece, um e/ou outro deve ir para a reserva.

Teste de criatividade para Oswaldo. E de paciência para o torcedor.

Oswaldo de Oliveira terá que quebrar a cabeça (Ricardo Saibun/Santos FC)

Oswaldo de Oliveira terá que quebrar a cabeça (Ricardo Saibun/Santos FC)

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Santos não brilha, mas supera XV de Piracicaba na estreia

Não foi uma estreia com pompa e circunstância. Aliás, os primeiros jogos dos grandes em início de temporada não costumam ser assim, que o digam Fluminense, Vasco e Botafogo. Sem ritmo e às vezes com atletas sem condições físicas, costumam enfrentar equipes que passaram por longas pré-temporadas, o que equilibra as forças entre adversários com poder de fogo desigual.

O adversário do Santos ontem era um desses times que se preparava há algum tempo. Desde novembro, o XV de Piracicaba (freguês premium) treinava para o Paulista, e mostrou bom preparo físico e um entrosamento interessante na partida de ontem. Na Vila Belmiro, a equipe do interior não deixou os donos da casa chegarem com facilidade à frente, congestionando o meio de campo e matando a criatividade peixeira. Criatividade, aliás, mais prejudicada após o intervalo, quando Montillo saiu lesionado para a entrada de Léo Cittadini. Mesmo assim, o XV era só defesa, e Oswaldo de Oliveira não teve seu esquema com três atacantes posto à prova na parte defensiva, graças à fragilidade do ataque piracicabano.

Comanda, professor... (Ricardo Saibun/Santos FC)

Comanda, professor… (Ricardo Saibun/Santos FC)

Se não contou com Leandro Damião, cuja situação ainda não foi regularizada; com Cícero, ainda sem uma definição sobre seu futuro, Alison e Edu Dracena (que só vai voltar no segundo semestre), o treinador alvinegro colocou seis garotos da base em campo, que se tornaram sete com a entrada de Cittadini. O desempenho, obviamente, foi desigual.

Gabriel Barbosa e Geuvânio se movimentaram bastante, embora tenham pecado na troca de passes, especialmente naquele último ou penúltimo lance antes de se chegar à meta. Leandrinho e Emerson Palmieri foram regulares, em especial na marcação, enquanto a dupla de zaga Gustavo Henrique e Jubal, que atuou junta durante muito tempo no time de baixo, mostrou entrosamento, inclusive na elaboração das famosas linhas burras que por vezes fazem o torcedor sofrer.

 A vitória veio com um belo passe de Geuvânio, que não ficou restrito a um lado só do campo como nos tempos de Claudinei, para Gabriel não hesitar. Ele hesitou no segundo tempo, quando teve oportunidade de ouro na qual poderia tentar driblar o goleiro, passar para Thiago Ribeiro, melhor colocado, ou finalizar com força. Mas preferiu dar uma cavadinha com o goleiro em pé… Perdoa-se pelos 17 anos, mas que deu raiva, deu. Foi seu quarto gol como profissional, em 16 pelejas nas quais participou (a maioria, entrando no decorrer do jogo).

Além da estreia com vitória, um gol a menos para a marca de 12 mil da equipe profissional que mais balançou as redes no mundo. Agora, faltam onze. E um pouco mais de rodagem para meninos promissores.

E, na esdrúxula fórmula do campeonato paulista – vinte times divididos em quatro grupos, sendo que na primeira fase eles não enfrentam seus concorrentes diretos – São Paulo e Corinthians foram beneficiados mesmo sem jogar no sábado, já que nenhum clube de seus grupos venceu. Das seis partidas disputadas ontem (18), nenhum visitante ganhou, só o Audax conseguiu um empate em 0 a 0 com o Paulista, em Jundiaí.

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