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Palmeiras 1 X 0 Santos – uma derrota com pontos positivos para o Peixe

O Santos foi derrotado pelo Palmeiras no Allianz Parque neste domingo, mas não é daquelas derrotas que o torcedor alvinegro possa lamentar tanto. Primeiro, foi somente a segunda partida de Dorival Júnior à frente do time; segundo, porque mesmo diante de uma equipe mais entrosada e atuando em casa, o Peixe não foi inferior ao rival.

Os números da partida mostram um jogo no qual os visitantes procuraram mais o gol, uma circunstância criada pelo tento marcado logo aos 14 minutos da etapa inicial. De acordo com os dados do Footstats sobre o clássico, o Peixe teve 59,5% de posse de bola contra 40,5% dos donos da casa, tendo finalizado 13 vezes (só duas certas) contra oito do Alviverde (quatro certas).

Ao contrário do que aconteceu nos duelos contra São Paulo e Corinthians – respectivamente dentro e fora de casa – o Palmeiras não “passeou” em nenhum momento do duelo. Pelo contrário. Não conseguiu jogar no contra-ataque, levando muito pouco perigo ao Santos, e abusou da tentativa de ligações diretas buscando a jogada veloz. Foram 55 lançamentos, sendo 23 certos, contra 35 dos visitantes, 11 certos. As faltas também foram serventia da casa: o Palmeiras fez 23 contra somente 10 do Peixe.

Mas olhando quem fez os lançamentos, vê-se em quais pontos o time de Dorival pecou. O maior “lançador” da equipe de Marcelo Oliveira foi o goleiro Fernando Prass, autor de 23 chutões para frente, enquanto Vanderlei lançou 11 vezes. Na sequência, o maior lançador peixeiro foi David Braz, com dez tentativas (50% de acerto).

Que o zagueiro alvinegro é, digamos, voluntarioso no quesito passe longo, é fato. Mas é igualmente verdade que muitas vezes ele faz isso porque não há ninguém no meio de campo para fazer isso por ele ou mesmo para carregar a bola e distribuir. Às vezes, Lucas Lima vem buscar o jogo, e poderia ter feito isso abrindo espaço para a subida de um volante. Thiago Maia chegou a fazer esse papel até sair do jogo, ainda que fosse insuficiente, mas depois dele o hiato entre defesa e ataque aumentou.

Dorival disse que promoveu o retorno de Renato no jogo porque ele “está sempre com a cabeça erguida. Sempre buscando a melhor jogada possível, simplifica”. Contudo, não foi isso que se viu na peleja. Atuando mais pelo lado direito, auxiliando a marcação no lado em que o Palmeiras mais apostava com as investidas de Dudu, o volante foi muito pouco participativo na transição para o ataque.

Mas foi outro o problema que contribuiu diretamente para o resultado, visível no gol palmeirense. Antes do tento que abriu o placar, o Alviverde tinha chegado em cobrança de falta e com um chute à distância do volante Gabriel, que finalizou sem marcação. No lance do gol, Robinho domina sozinho e tem tempo para dar a assistência para Leandro Almeida.

Sim, houve um erro grave de Werley, que acumula falhas graves seguidas à frente da zaga, ao deixar o atacante dominar tão facilmente e ainda por cima virar para chutar. Mas tanto o lance de Gabriel quanto a jogada de Robinho mostram que houve falha na marcação da descida dos volantes rivais. Como boa parte das equipes hoje conta com o apoio de meias defensivos como arma principal, Dorival tem que estar atento.

Contudo, é importante focar nos pontos positivos. Foi o Peixe quem ameaçou mais o gol rival no segundo tempo, matando na maior parte do tempo o contra-ataque palmeirense e mostrando mais organização tática, especialmente no que diz respeito à marcação pelos lados do campo, algo terrível nos tempos de Marcelo Fernandes. O fato de saber que existe um trabalho tático sendo feito e que o tal do rachão está suspenso dá esperança de que a equipe consiga ajustar os detalhes para desenvolver um esquema de jogo mais consistente. A evolução é nítida, que possa continuar.

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Arquivado em futebol, Santos, Século 21