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Por que Sampaoli incomodou tanto Levir Culpi?

Declarações de ex-técnico do Atlético-MG sobre treinador argentino mostram como o futebol brasileiro se acomodou

A participação de Levir Culpi no programa Bem Amigos!, da Sportv, repercutiu e segue repercutindo nas redes sociais e em programas esportivos. “Tenho uma convicção sobre seleção, sei quem vai ser o próximo técnico. Eu tenho certeza, vai ser o Sampaoli. Porque ele foi treinar de bicicleta, tem tatuagens e o mais importante: é argentino. Escuta o que eu estou falando. Este é o Brasil”, disse, questionando, de forma irônica na sequência, se o Brasil teria algo a aprender com técnicos estrangeiros.

Não é a primeira vez que um treinador brasileiro reage mal a colegas de profissão vindos de fora. Em outras ocasiões houve a mesma reação, mas parece que dessa vez o incômodo é um pouco maior. Não basta, não apenas para técnicos mas também para alguns jornalistas, que o time de Jorge Sampaoli, o Santos, perca. É preciso que jogue mal. Trata-se não só da figura do argentino, mas de sua ideia de jogo.

Um pouco desses sintomas puderam ser vistos no decorrer da partida entre Grêmio e Fluminense. Quando os gaúchos venciam por 3 a 0, choveram ironias a respeito da forma de jogar proposta por Fernando Diniz, comandante do Tricolor do Rio (ainda que a proposta de Renato Portaluppi não seja também defensiva, como a maioria das equipes da Série A e abaixo). E “especialistas” que pouco ou quase nada acompanharam da carreira de Diniz mas se fartam de critica-lo, tiveram que engolir a seco a virada da equipe carioca.

Aliás, sobre Diniz: poucas vezes vi uma equipe se impor contra o Santos na Vila Belmiro como o Audax na segunda partida da final do campeonato paulista de 2016. À época, o time goleou por 4 a 1 o São Paulo nas quartas de final e eliminou o Corinthians nas semis. Isso com uma equipe que tinha poucos valores individuais e jogadores que não conseguiram grandes êxitos em outros clubes, o que só enaltece mais o trabalho do treinador. Mas nada disso vale na hora de analisar sua performance.

Voltando a Sampaoli. Alguns motivos pelos quais o que faz à frente do Santos chama a atenção.

Expectativa duvidosa – é só verificar o que saiu na imprensa e nas redes sociais à época da contratação de Sampaoli para ver que muitos apostavam no fracasso do treinador. A referência era o desempenho da Argentina na Copa, mais uma vez ignorando-se toda a trajetória de fracasso no mesmo cargo de seus antecessores e de sucesso do argentino em outros lugares.

Resultados rápidos – dado o estilo de jogo adotado por Sampaoli, nem mesmo o torcedor otimista do Santos esperava que a equipe fosse fazer boas apresentações tão rápido. Mesmo reveses como as partidas contra o Ituano e o Botafogo não foram suficientes para incomodar a torcida santista. Basicamente por dois motivos: primeiro, porque o torcedor gosta do “DNA ofensivo” do clube e reconhece quem tenta jogar para frente; segundo, porque há tempos o time não atuava bem e quase sem contratações a esperança peixeira era pequena.

Variações de jogo e de formações – Sampaoli traz não apenas o rodízio de atletas como também muda a forma de atuar conforme o adversário, embora, na maioria das vezes, privilegie a posse de bola.

Estilo pessoal – o treinador argentino parece sofrer como o torcedor que está na arquibancada, o que cria empatia com quem vibra pelo time. Fora isso, adota, como lembrou Levir, uma vida quase de uma “pessoa comum”, andando de bicicleta pela cidade de Santos, passeando na praia com cachorros, sendo simpático com torcedores e mesmo trazendo garotos que assistiam um treino da equipe em cima da árvore para ver de perto os ídolos.

O conjunto da obra incomoda Levir e diversos técnicos e jornalistas, que não cansam de “passar recibo” esperando (e torcendo) pelo ocaso de Smapaoli. O fato é que se trata de uma atitude quase suicida. O futebol brasileiro, antes admirado lá fora, hoje está em uma escalão inferior internacionalmente. As equipes brasileiras, cada vez mais desidratadas em termos de talentos, adotam quase sempre um esquema defensivo baseado em contra-ataques para obter resultados.

Pode ser bom eventualmente para um o outro torcedor quando ganha, mas para o espetáculo de forma geral é ruim. Cada vez mais as pessoas se maravilham com jogos de campeonatos de fora, como a Liga dos Campeões, e se decepcionam com as partidas daqui. Torcedores veem, no máximo, jogos de seus times, ignorando outras pelejas porque sabem que dificilmente vão ver bons jogos.

Técnicos brasileiros não conseguem espaço no futebol de primeira linha lá fora, ao contrário dos atletas daqui. Se isso não é um sinal de alerta, não sei o que é. Há jogadores que dizem, de forma aberta, que um dos motivos para jogar no exterior, além da questão financeira, é aprender a “jogar taticamente”. Mesmo quando treinam clubes e seleções de países periféricos no futebol, como China, Catar, Emirados Árabes, Japão etc, muitas vezes também se deparam com o fracasso. Já os argentinos tem trajetória distinta.

Ao invés de adotar posturas xenófobas, talvez técnicos brasileiros devessem ter humildade em reconhecer as limitações daqui (algo que não é culpa apenas deles, mas também de dirigentes, torcedores e mesmo da mídia esportiva) e se inspirar não só na forma de jogar, mas também de se relacionar com o futebol, que deveria ser mais prazeroso do que se tornou. Do contrário, vamos nos acostumar cada vez mais a um papel secundário no futebol mundial. Uma pena para quem tem uma seleção pentacampeã. Mas natural para quem age com tanta empáfia.

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Atlético-PR 2 x 3 Santos – com “herança” de Dorival, Peixe vence fora de casa na Libertadores

Confira alguns pontos que levaram o Alvinegro à vitória e o que ainda precisa ser corrigido por Levir Culpi

Um triunfo de virada, na casa do adversário, e com três gols marcados em uma competição que dá peso distinto ao tento marcado no domínio rival. O Santos voltou da sua primeira partida pelas oitavas de final da Libertadores de 2017 com uma vantagem significativa, ainda que não seja o suficiente para já crava o Peixe nas quartas de final. Até a segunda partida do confronto, em 10 de agosto, uma quinta-feira, na Vila Belmiro.

É preciso ressaltar que um dos fatores que levou o time à vitória na Vila Capanema foi uma das variações táticas utilizadas por Dorival Júnior no campo ofensivo. Quando o time ataca, muitas vezes o lateral se desloca para o meio servindo como opção até mesmo para a finalização. Foi assim que surgiu o segundo gol do Santos, com Victor Ferraz finalizando livre de fora da área e contando com a falha de Weverton. É bom lembrar que o mesmo expediente deu a vitória à equipe no campeonato brasileiro, na partida contra o Botafogo, sob comando de Elano.

No entanto, é na parte defensiva, também pelos lados, que o Peixe encontra dificuldades, também desde a época em que Dorival Júnior era treinador do time. Como os ataques principais dos adversários em geral acontecem por ali, os torcedores costumam culpar diretamente os laterais pela debilidade defensiva, e nem sempre a culpa é deles. Victor Ferraz, nas redes sociais, foi acusado de não saber se posicionar taticamente. Pode-se falar (muitas vezes de forma equivocada) que ele não joga com vontade, que não sabe cruzar, que erra mais do que deveria etc e tal, mas seu jogo tático não é o problema.

Vejam abaixo onde está Ferraz nos dois gols sofridos pelo Santos ontem que, sim, foram pelo lado dele. Na disposição da equipe alvinegra, quando o time é atacado por um lateral adversário, quem tem a obrigação de fazer a marcação é o atacante que está atuando naquele lado no momento da partida.

Marcação do Santos contra o Atlético-PR

Atacantes chegam atrasados enquanto Victor Ferraz está na cobertura

Reparem que Sidcley, nos dois lances, avança sendo perseguido, primeiro por Bruno Henrique; depois por Copete. Ambos estão atrás do lateral e não conseguem impedir o cruzamento. Ferraz está na cobertura, fechando o espaço para o eventual avanço de um atacante por aquele lado ou mesmo para marcar o lateral caso passe e avance em direção à área.

Quando o adversário tem um lateral com características mais ofensivas e sabe avançar ou é rápido, esse tipo de marcação feita pelo Santos pode facilitar para o rival. O ideal seria deslocar um dos volantes para fazer a cobertura por ali. Mas esse é um problema do técnico, e não do jogador. E é o comandante que tem que ser cobrado.

Já no segundo gol do Atlético-PR é possível perceber que há, sim, uma falha do lateral. No caso, o esquerdo, Jean Mota. Enquanto os dois zagueiros guardam a pequena área, Rossetto, aberto pelo lado esquerdo da defesa santista, dentro da área, recebe sozinho. Era ali que deveria estar Mota, mas o ala peixeiro está à frente, observando o lance junto com Thiago Maia, que também poderia fazer tal marcação. No mano a mano, a tendência é os zagueiros sempre levarem a pior.

Marcação do Santos contra o Altético-PR

Jean Mota e Thiago Maia observam enquanto Matheus Rossetto domina e cruza

Barrando a principal arma ofensiva do Atlético, as jogadas combinadas com Sidcley, o Santos pode levar menos sufoco do que levou no jogo de volta. É bom lembrar também que tais avanços possibilitam explorar aquele lado, e o time de Levir soube explorar bem aquele lado no segundo tempo. Questão de sintonia fina.

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Santos bate Atlético-PR e vence a primeira fora de casa

Elano deixa o time para Levir Culpi com duas vitórias em duas partidas. Alvinegro precisou jogar apenas o primeiro tempo para assegurar triunfo

O Santos conseguiu uma vitória importante contra o Atlético-PR na noite deste domingo (11), na Arena da Baixada. Soube aproveitar o desespero do rival e, em contra-ataques bem realizados na etapa inicial, garantiu 2 a 0 e somente segurou o resultado no segundo tempo. Agora, tem 9 pontos na competição.

No primeiro tempo, o Santos soube explorar bem as jogadas pelas pontas, com Copete e Bruno Henrique se movimentando bem, assim como Kayke, que atuou a maior parte do tempo mais centralizado. Precisando do resultado, o Atlético-PR buscou pressionar o Alvinegro em seu campo, deixando espaços preciosos para os contragolpes.

Kayke faz dois gols pelo Santos

Kayke fez o “doblete” contra o Atlético-PR

E foi assim que o time visitante chegou ao primeiro gol. Bruno Henrique roubou a bola no meio de campo e esperou a passagem de Thiago Maia pela direita. O meia recebeu e serviu Kayke, de cara pro gol, não desperdiçar. Eram 26 minutos.

O lance que abriu o placar, uma jogada bem construída coletivamente, tem o dedo do interino Elano. Em relação ao esquema de Dorival, ele plantou mais Renato à frente da zaga, soltando mais Thiago Maia, que no jogo contra o Botafogo já havia chegado mais à frente. Tendo espaço para trabalhar a bola como o Atlético-PR ofereceu, ficou mais fácil para um atleta que tem qualidade de passe como o meia peixeiro.

O segundo gol também veio em um contra-ataque veloz, com Bruno Henrique passando rasteiro, para Kayke marcar novamente aos 35. Mais uma vez, Maia estava na área, puxando  a marcação para deixar o companheiro de time livre.

 

Houve ainda outros três contra-ataques que poderiam ter resultado em gols, mas as equipes foram para o intervalo com 2 a 0 como resultado parcial. Eduardo Baptista, na volta para a etapa final, pôs Éderson e Grafite no lugar de Douglas Coutinho e Matheus Rossetto, radicalizando na proposta de acuar o Peixe com uma maior presença no campo adversário., plantando sempre dois atacantes mais plantados disputando com a zaga alvinegra.

Os donos da casa passaram a usar a bola aérea como arma principal, e quase única, levando perigo ao gol de Vanderlei. Chegaram às redes duas vezes por meio desse expediente, mas em lances de impedimento bem marcados. Elano colocou Alison no lugar de Thiago Maia, aos 17, não só para reforçar a marcação mas também por conta do desgaste físico do titular.

O Santos passou a se defender mais sem conseguir aproveitar as chances de contra-ataque. As inúmeras bolas lançadas na área fizeram com que Elano colocasse o zagueiro Cleber Reis no lugar de Vitor Bueno, mais uma vez apagado. Jogando na função e Lucas Lima, quando teve oportunidades, o meia não aproveitou.

Entre as alterações proposta por Elano, cabe ressaltar que os dois laterais, Daniel Guedes e Jean Mota, jogaram mais focados na defesa do que no apoio ao ataque. Guedes fez 5 das 11 faltas cometidas pelo Peixe até sua saída de campo, aos 41, expulso por ter feito cera já com um cartão amarelo recebido, . Infelizmente ainda não mostrou estabilidade para disputar o lugar de Victor Ferraz que, mesmo com atuações irregulares, se mostra mais efetivo que o suplente.

Com as mudanças feitas pelo interino nos dois jogos em que dirigiu o time, Levir Culpi tem mais elementos para fazer com que o Santos volte a jogar o bom futebol de 2016. O clássico contra o Palmeiras pode ser a oportunidade de iniciar uma virada na competição.

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A vitória do Santos sobre o Botafogo e as mudanças de Elano. Levir vai ter trabalho

Sem boa atuação mesmo com as mudanças promovidas pelo interino, Peixe chegou à vitória aos 50 do segundo tempo, graças a Victor Ferraz

Victor Ferraz assegura vitória do Santos contra o Botafogo

Victor Ferraz salvou o Santos quando Levir já tinha deixado o Pacaembu (Ivan Storti/ Santos FC)

O Santos conseguiu uma vitória suada contra o Botafogo na noite desta quarta-feira, no Pacaembu. Os três pontos em casa eram essenciais, mas o triunfo só veio em uma jogada toda feita por Victor Ferraz, já nos acréscimos da partida.

Elano, o técnico interino até domingo, na partida contra o Atlético-PR, promoveu algumas mudanças em relação à equipe montada por Dorival Júnior. Não contou com Ricardo Oliveira, contundido, substituído por Kayke. Com a lógica de “não improvisar”, resolveu substituir outros que não puderam atuar por atletas da mesma posição. Assim, Matheus Ribeiro ganhou uma chance na lateral esquerda, Vecchio, que sequer era relacionado pelo treinador anterior, fez as vezes de Lucas Lima, enquanto Arthur Gomes, outra figura pouco aproveitada por Dorival, ganhou a oportunidade no lugar de Bruno Henrique, expulso contra o Corinthians.

Na primeira etapa, com mais posse de bola, o que é uma das principais características do time, o Santos chegou a ameaçar o gol de Helton Leite, principalmente nos 15 minutos iniciais. Mas a melhor chance foi do Botafogo, que aproveitou um erro de Matheus Ribeiro para efetivar um contra-ataque que colocou Rodrigo Pimpão sozinho na cara de Vanderlei. Ele resolveu passar pra Roger, que acabou desarmado por Thiago Maia. A partir daí, os donos da casa produziram pouco, muito em função do bom sistema defensivo dos visitantes. Com pouca criação no meio de campo, o Peixe insistiu nos cruzamentos, que em geral não davam em nada. Enquanto isso, os botafoguenses ameaçavam com estocadas rápidas no campo santista, provocando faltas e três cartões amarelos somente na etapa inicial. Na segunda metade do jogo, Elano voltou com Jean Mota no lugar de Matheus Ribeiro, improvisando o meia na ala esquerda assim como fazia Dorival. A toada mudou pouco, e o Botafogo continuou ganhando o jogo no meio de campo, evitando as investidas santistas e adiantando um pouco mais a marcação. Mais uma vez Elano tentou alterar o modo de jogar, colocando Rodrigão no lugar de Vecchio, deslocando Vitor Bueno para a meia e Kayke para a ponta. Seguindo em sua fase ruim, o camisa 7 alvinegro quase nada produziu, sendo sacado, sob vaias, por Vladimir Hernández. Ao fim, o interino entrou com uma equipe modificada para terminar a partida com uma formação semelhante àquela de Dorival, com o colombiano improvisado na criação. Às vezes, improviso não é capricho, é necessidade… O gol do triunfo peixeiro só veio aos 50, após jogada em que Victor Ferraz cavou uma falta próximo à entrada da área pelo lado esquerdo do ataque. Sim, o lateral muitas vezes no esquema de Dorival fechava pelo meio, mas sua presença ali era mais efeito do desespero e da desorganização do time do que uma arma tática. A cobrança forte, com efeito, e contando com inúmeros jogadores à frente de Helton Leite, fez com que o Santos completasse uma série de 20 vitórias seguidas no Pacaembu.

 

As novidades de Elano

A partir das mudanças feitas pelo treinador interino foi possível para Levir Culpi e para o próprio torcedor fazer uma avaliação, ainda que superficial, de algumas opções do elenco.

O garoto Arthur Gomes entrou com personalidade, mas com uma defesa bem postada e atuando com dois jogadores que não foram bem na parte ofensiva do seu lado — Matheus Ribeiro e Jean Mota — não conseguiu produzir tão bem, exceção feita a uma ou outra jogada. O mesmo vale para Kayke, que se esforçou, mas não contou com um meio de campo que o municiasse, ficando sem a bola durante boa parte do tempo. Mesmo com Thiago Maia chegando mais ao ataque, a pouca mobilidade de Vecchio não contribuía para que os espaços eventualmente abertos pelo avante peixeiro resultassem em chances de gol.

A opção por Vecchio, aliás, parece mais uma birra em relação a Dorival do que uma decisão consciente. Ainda que muitos gostem do estilo “meia armador clássico” do argentino, o fato é que ele pouco produziu. Muitas vezes voltando para buscar a bola, não conseguia fazer a transição rápida para o ataque com passes longos, já que a defesa do Botafogo estava bem postada, e tampouco conduzia a bola com agilidade para tentar abrir a defesa rival. No esquema em que o Santos joga, um atleta lento, com pouco cacoete para roubar a bola no meio de campo, não serve. Teria que ser muito mais talentoso para que a equipe se sacrificasse por ele.

Já Matheus Ribeiro mais uma vez decepcionou. Em todas as vezes que entrou, tem-se a nítida impressão que não entendeu como deve jogar. Sim, é preciso dizer que os laterais, dentro da proposta de jogo da equipe, são muito exigidos: tem função de marcação, mas são fundamentais na parte ofensiva, caindo pelo meio ou fazendo jogadas de ultrapassagem, ora como arco, ora como flecha. Parece que ele não conseguiu assimilar quando fazer uma e outra coisa, passando boa parte do tempo no gramado perdido. Difícil acreditar que ainda pode dar certo se o Santos seguir nessa forma de jogar.

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Levir Culpi é o novo técnico do Santos. O que esperar?

Técnico vem com o objetivo de “domar” o elenco santista. Mas isso pode ser pouco para levar o time aos títulos em disputa no segundo semestre

Levir Culpi é o novo técnico do Santos, com contrato firmado até o final do ano. Para entender a escolha da diretoria, é preciso olhar os motivos que levaram à queda de Dorival Júnior e também os técnicos que atualmente estão sem clube.

Primeiro, sobre Dorival. É precisa olhar os méritos do treinador. Chegou em 2015 em um time que estava na zona do rebaixamento, após uma derrotada humilhante para o Goiás. Conseguiu recuperar a equipe e levá-la quase à Libertadores naquele ano, ficando ainda com o vice da Copa do Brasil. Além disso, recuperou Thiago Maia, criando as condições para que o garoto, o pior em campo naquela goleada para o Goiás, brilhasse e chegasse à seleção olímpica. O mesmo pode-se dizer de Zeca, já negociado para os Estados Unidos, não indo por conta de um pedido do treinador.

Em 2016, um campeonato paulista e um outro vice, do Brasileiro. Mas a eliminação para o Internacional na Copa do Brasil já dava mostras do desgaste da equipe. Àquela altura, não existia a síndrome de só vencer em casa, mas em momentos importantes do Brasileiro o time parecia perder a pegada e atletas davam a impressão de não compreender o tamanho de jogos decisivos como, por exemplo, o confronto com o América-MG que fechou o primeiro turno, quando o Alvinegro estava na liderança da competição. Era a hora de colocar pressão sobre os rivais, bater o lanterna e mirar o título. Não aconteceu.

Essa aparente falta de vontade se avolumou em 2017 e deu as caras em diversos jogos. Pode-se atribuir isso a diversos fatores: desde a perda de comando de Dorival sobre o grupo, passando por problemas de condicionamento físico, o fato de jogadores veteranos estarem rendendo menos, as inovações táticas não funcionarem, até novas contratações estarem demorando a acertar. E, acima disso, uma diretoria cujo trabalho é questionável.

Os trabalhos recentes do novo técnico

Demitido Dorival, vem Levir Culpi. se os trabalhos recentes de seu antecessor não animavam a torcida santista, Dorival ao menos tinha uma identidade com o clube e uma passagem breve mas muito boa pelo clube em 2010. No Japão entre 2007 e 2013, voltou ao Brasil para treinar o Atlético-MG em 2014 e 2015, substituindo Paulo Autuori, aposta fracassada dos mineiros para substituir Cuca. Foi campeão da Copa do Brasil em 2014 pelo clube, campeão mineiro e vice-brasileiro em 2015.

Já no Fluminense, sua passagem foi bem menos proveitosa. Em 52 jogos, foram 22 vitórias, 15 empates e 15 derrotas, um baixo aproveitamento, de 51,9% de aproveitamento. Sua demissão veio após derrotas de virada, com a equipe apresentando sérios problemas defensivos, evidenciados na derrota de 4 a 2 para o Cruzeiro, sua última partida no comando do Tricolor.

Levir Cupli no Santos

O desafio de Levir Culpi não é trivial à frente do Santos (Foto Site oficial)

É preciso destacar uma diferença fundamental entre um e outro trabalho. Levir é identificado com os clubes de Minas, querido pela torcida do Atlético-MG, tendo sido o terceiro técnico que mais treinou o Galo. No clube mineiro, brigou com “medalhões” como Diego Tardelli, com o qual trocou farpas publicamente após a eliminação na Libertadores de 2014, e com Ronaldinho Gaúcho. Essa “falta de medo” de enfrentar medalhões teria sido um dos motivos da contratação do treinador. O problema é que quando Levir peitou o atacante Fred no Fluminense, após a saída do atleta a equipe não melhorou, pelo contrário.

Por isso que apostar em uma “fórmula” achando que vai chegar alguém e “colocar ordem na casa” é algo prematuro. O Santos precisa melhorar não somente no quesito motivação, mas também no preparo físico, além de aprimorar ou mesmo mudar sua forma de jogar, hoje já manjada pelos adversários, e ter outras opções táticas. Não é trabalho fácil.

Levir na Libertadores: sina das desclassificações nas oitavas

O novo treinador do Santos não tem um currículo muito animador quando se trata de Libertadores. Participou da competição em quatro ocasiões e nas últimas três foi eliminado na mesma fase, as oitavas de final.

Na edição de 2015, viu o Galo ser eliminado pelo Internacional após uma campanha irregular na fase de grupos. No ano anterior, comandou o Atlético apenas em uma partida, justamente na que selou sua eliminação diante do Atlético Nacional, um empate em 1 a 1. Em 1998, comandando o Cruzeiro, foi eliminado novamente nas oitavas de final pelo time que seria o campeão daquela edição, o Vasco. Já em 1992, quando dirigiu o Criciúma, chegou às quartas, derrotado pelo São Paulo. Mas é bom lembrar, neste último caso, que após a primeira fase os times classificados iam direto para as quartas, já que havia menos participantes. Ou seja, todas as eliminações de Levir foram imediatamente após a fase de grupos.

Pro outro lado, Muricy Ramalho, quando chegou ao Santos, também nunca tinha sido campeão da Libertadores, e foi em 2011 com o Alvinegro após uma sofrida classificação na primeira fase. E o time atual tem mostrado um comprometimento ímpar na competição sul-americana. Levir vai conseguir superar a síndrome das oitavas finalmente? Esperamos que sim.

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Com gols de Copete e Ricardo Oliveira, Santos bate Fluminense e cola no G3

Time consegue quinta vitória nas últimas seis rodadas e está a dois pontos do Atlético-MG, terceiro no Brasileiro

O Santos jogou bem a maior parte dos 90 minutos da partida contra o Fluminense, nesta quarta-feira à noite, na Vila Belmiro, e derrotou os visitantes por 2 a 1. Com a vitória, o Alvinegro fica cinco pontos à frente do Tricolor carioca, quinto colocado, e a dois do Atlético-MG, terceiro na tabela. Os três primeiros do Brasileirão vão direto para a fase de grupos da Libertadores.

Diferentemente das últimas partidas, o Peixe jogou taticamente bem no primeiro tempo, exercendo uma marcação eficiente na saída de bola do adversário e evitando durante quase todo o tempo inicial as investidas rivais. Só no final da etapa inicial, quando o time deixou de fazer a dita marcação alta que os cariocas ameaçaram.

Mas se o Santos tinha a posse de bola e o domínio do jogo, errava demais no último passe. Sem Lucas Lima, na seleção brasileira, e Vitor Bueno, contundido, a equipe não conseguia, com Vecchio e Jean Mota, penetrar na bem postada defesa do Fluminense. Criou duas oportunidades roubando a bola na intermediária tricolor, mas não conseguiu marcar.

O gol peixeiro aconteceu no começo da etapa final. Aos três minutos, Renato, que estava na lateral direita, cruzou sem marcação, na medida para Copete cabecear firme. Essa foi uma solução encontrada por Dorival Júnior para furar o esquema defensivo de Levir Culpi: enquanto o 8 caiu pela direita, Thiago Maia caiu pela esquerda, com ambos combinando jogadas com os laterais, que por vezes fechavam na diagonal.

Com a vantagem no placar, o Peixe postou para contra-atacar, mas não conseguiu achar os lances mais agudos, ainda que, com a presença de Rafael Longuine, que entrou no intervalo no lugar de Vecchio, bastante apagado e travado na partida, a equipe tenha ganho mais velocidade na transição para o ataque. Contudo, em uma jogada aérea, com Marcos Júnior desviando na área para uma grande defesa de Vanderlei, Wellington Silva empatou no rebote.

ricardo oliveira marcou para o santos

Na estreia do uniforme número 3, Santos contou com o oportunismo de Ricardo Oliveira (SantosFC)

Foi o pior momento do jogo para o Santos, que chegou a ser ameaçado nesse meio tempo, quase tomando a virada. O alívio para o torcedor peixeiro veio aos 35. Após uma bonita cobrança de falta na trave, Jean Mota cobrou escanteio na primeira trave, com Ricardo Oliveira aproveitando a assistência. Depois disso, os donos da casa mantiveram a posse de bola e não sofreram pressão do Fluminense.

Com o resultado, o Santos chega ao quinto triunfo nas últimas seis partidas pelo Brasileirão. O fator positivo é que o time voltou a jogar bem, mesmo com desfalques sensíveis e um elenco nem tão qualificado como os dos rivais que estão acima dele na tabela. Mantendo o aproveitamento, é possível pensar sim no G3.

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Fluminense X Santos – Rodrigão, Yuri… o que esperar do Peixe no jogo de hoje?

Alvinegro tem chance de mostrar que primeira vitória fora de casa, contra o Santa Cruz, não foi por acaso

O Santos enfrenta na noite desta quarta-feira (22) o Fluminense, em partida válida pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro. Com os estádios do Rio de Janeiro interditados por conta das Olimpíadas, o itinerante time de Levir Culpi mandará a partida em Cariacica, no Espírito Santo.

Após uma peleja em que teve até bons momentos, mas acabou mais uma vez sofrendo um gol no final, novamente pelo alto, o Alvinegro encara sua segunda partida consecutiva fora de casa. É a chance de superar o tal trauma de só vencer em seus domínios, levando-se em conta ainda que os rivais também não estão acostumados com o estádio Kléber Andrade.

Dorival Júnior continua sem poder contar com Ricardo Oliveira e também não deve escalar entre os titulares o meia Lucas Lima, em fase de recondicionamento físico. Outra novidade será a manutenção do volante Yuri na zaga, mas ao lado de Gustavo Henrique, que volta de suspensão. Assim, Luiz Felipe volta para o banco. Joel também perderá o lugar, sendo substituído por Rodrigão, reforço vindo do Campinense. Outro que pode ter oportunidade no decorrer do jogo é Emiliano Vecchio, argentino vindo do Qatar Sports.

Volante Yuri vai atuar pela segunda vez como zagueiro (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Volante Yuri vai atuar pela segunda vez como zagueiro (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Assim, a equipe provável do Santos é Vanderlei; Victor Ferraz, Gustavo Henrique, Yuri e Zeca; Renato, Thiago Maia, Vitor Bueno e Léo Cittadini; Gabigol e Rodrigão.

Pra ficar de olho – bolas aéreas

O Alvinegro tem sofrido com lances pelo alto, e essa falha não pode ser atribuída somente à zaga, como costumeiramente o torcedor faz. No último jogo contra o Atlético-PR, por exemplo, quem vacila na marcação é Paulinho. Em bolas paradas, a responsabilidade é de todos e com a redonda correndo, volantes e o lateral contrário também têm que participar do posicionamento defensivo. E, claro, o melhor sempre é ao menos dificultar o cruzamento.

O Fluminense, de acordo com o Footstats, é o terceiro time que mais cruzamentos certos faz no Brasileiro de 2016, ficando atrás de Atlético-MG e Palmeiras. Mais da metade dos 58 feitos até agora, aliás, tem como fonte um jogador: Gustavo Scarpa. Sozinho, ele fez 30, o que o coloca na liderança no quesito entre os atletas da competição, longe do segundo colocado, Alan Patrick, do Flamengo. No caso de Scarpa, os acertos vêm da quantidade de bolas que ele cruza, já que o jogador também é líder em cruzamentos errados, 68 até agora.
Ou seja, o cruzamento é arma do Fluminense. A tendência é chover bola na área santista.

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