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O Santos contra times brasileiros na Libertadores

Na noite desta quarta-feira Corinthians e São Paulo se enfrentam pela fase de grupos da Libertadores. É a primeira vez que ocorre esse duelo entre ambos na competição, sendo que os corintianos já enfrentaram o Palmeiras (1999 e 2000) e o Santos (2012). O Tricolor já jogou com o Palmeiras em quatro edições, em 1974, 1994, 2005 e 2006. O Peixe nunca duelou com são-paulinos e palestrinos pela competição sul-americana.

Em suas doze participações em Libertadores, com três títulos obtidos, o Alvinegro Praiano já topou com clubes brasileiros em 1963, 1984, 2005, 2007 e 2012. E se o São Paulo tem um retrospecto recente complicado contra compatriotas, com seis eliminações seguidas na competição, o Peixe também tem um handicap geral desfavorável. Em doze partidas, são três vitórias, três empates e seis derrotas. Relembre como foram os confrontos:

Libertadores 1963 – Santos X Botafogo

Nos anos 60, o número de participantes da Libertadores era bem mais restrito do que hoje. Em 1963, foram nove participantes, só o campeão de cada país-membro da Conmebol – Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Paraguai, menos a Venezuela – e o campeão da edição anterior, no caso, o próprio Santos, disputaram o torneio.

Como o detentor do título entrava já na semifinal, o adversário do Peixe foi o Botafogo, campeão do grupo 1. O time carioca herdou a vaga brasileira na Libertadores, já que o Peixe havia sido em 1962 também campeão brasileiro. No primeiro jogo, no Pacaembu, a equipe de Nilton Santos, Garrincha, Quarentinha e Zagallo segurou o ímpeto dos donos da casa e arrancou um empate em 1 a 1. Já na volta…

O Maracanã, de fato, foi durante muito tempo a casa do Santos. E foi lá que o Peixe fez mais uma de suas partidas históricas, despachando o Fogão por 4 a 0, com três gols de Pelé e um de Lima. No mesmo ano e estádio, o clube carioca já havia tomado um baile na final da Taça Brasil, quando perdeu por 5 a 0.

O Peixe se sagraria bicampeão da Libertadores naquele ano superando o Boca Juniors em uma decisão épica

Libertadores 1984 – Santos X Flamengo

Depois de um campeonato brasileiro intenso, no qual o Santos se sagrou vice perdendo a disputa para o Flamengo – uma final que até hoje muitos santistas reclamam de um pênalti não marcado contra Pita na segunda partida da decisão (o árbitro era Arnaldo César Coelho) –, era de se esperar que o clube da Vila Belmiro fizesse bonito. No entanto, em seu retorno à Libertadores após 19 anos de ausência, o time decepcionou.

Em um grupo formado por times brasileiros e colombianos (América de Cali e Atlético Junior de Barranquilla), o Alvinegro estreou sendo derrotado pelo Flamengo por 4 a 1 no Maracanã. O zagueiro Mozer fez dois gols, com Lico e Tita completando para os rubro-negros. Lino fez o solitário tento peixeiro e, de acordo com a Placar, a goleada só não foi maior porque Rodolfo Rodríguez, em seu primeiro ano de clube, fez seis defesas espetaculares.

Dois meses depois, em abril, o Peixe sofreria uma derrota ainda maior atuando no Morumbi: 5 a 0 em uma semana na qual enfrentou o Flamengo outras duas vezes, em jogos válidos pelo Brasileiro, perdendo antes por 1 a 0 e empatando em 2 a 2. Depois da primeira derrota, Formiga, o médico Carlos Braga e o preparador físico Celso Diniz caíram e Del Vecchio, como interino, comandou o Santos na derrota. Ele afastou antes da peleja Serginho Chulapa, acusado, também segundo a Placar, de simular uma contusão para não jogar na Colômbia pelo torneio (foi visto atuando na várzea) e Paulo Isidoro, que estaria forçando uma negociação para sair da Vila.

Com somente uma vitória em seis partidas, foi a única vez que o Alvinegro foi eliminado na fase de grupos da competição.

Libertadores 2005 – Santos X Atlético-PR

Após uma primeira fase em que liderou seu grupo, sendo o terceiro melhor time da fase de grupos, o Peixe bateu o Universidade do Chile nas oitavas de final e pegou o Atlético-PR nas quartas, equipe que havia eliminado o paraguaio Cerro Porteño nos pênaltis.

Na primeira partida, prevaleceu a garra da equipe paranaense que, mesmo com um jogador a menos durante boa parte da partida (Alan Bahia foi expulso aos 27 do primeiro tempo, quando a peleja estava em 1 a 1), ainda fez dois gols e assegurou uma vitória por 3 a 2, marcando para o Peixe Ricardinho e Deivid. O resultado, levando-se em conta o critério de gol fora, não era tão tenebroso, embora as circunstâncias da partida mostrassem o desequilíbrio da equipe comandada por Alexandre Gallo. No entanto, no segundo jogo, o time teria dois sérios desfalques.

Robinho e Léo não puderam disputar a volta na Vila Belmiro por terem sido convocados pela seleção brasileira para disputar a Copa das Confederações. Wendel jogou improvisado na esquerda e Basílio substituiu o Rei das Pedaladas. Mas, com o gol feito aos 16 minutos por Aloisio, o clube paranaense se segurou na defesa e o Peixe desperdiçou chances até os 8 da etapa final, quando o mesmo Aloisio marcou de novo após cobrança de escanteio.

Os rubro-negros seriam vice-campeões da Libertadores naquele ano, sendo derrotados na final pelo São Paulo.

Libertadores 2007 – Santos X Grêmio

Com uma campanha impecável na primeira fase, 100% de aproveitamento, doze gols marcados e um sofrido, o Alvinegro tinha um time forte, com Zé Roberto comandando o meio de campo sob a batuta de Vanderlei Luxemburgo. Mas as coisas começaram a ficar mais complicadas na fase eliminatória. O Santos despachou o Caracas, da Venezuela, com um empate em 2 a 2 e uma vitória por 3 a 2, e depois eliminou o América do México com um empate em 0 a 0 e um triunfo de 2 a 1.

Foi nas semifinais que o Grêmio de Mano Menezes estragou a festa peixeira. Na primeira partida, os gaúchos superaram o Santos por 2 a 0, mas poderia ter sido muito pior. A equipe santista entrou com uma postura defensiva, dando muitos espaços para os donos da casa avançarem. Tcheco, de pênalti, e Carlos Eduardo marcaram para o Tricolor Gaúcho na etapa inicial e a sensação é que o Grêmio poderia ter decidido a classificação já no Olímpico.

Na partida de volta, as coisas ficaram difíceis para o Peixe logo de cara, quando Diego Souza fez para os visitantes aos 23 do primeiro tempo. O Santos, empurrando pela torcida que lotou a Vila Belmiro e com muita garra, ainda virou, com gols de Zé Roberto e dois do veloz atacante Renatinho, mas não foi o suficiente. Uma peleja doída para os alvinegros.

Libertadores 2012 – Santos X Internacional

Na segunda vez em que o Peixe caiu com um time brasileiro já na fase de grupos, o desempenho peixeiro foi melhor do que naquele fatídico ano de 1984.  Com quatro vitórias, um empate e uma derrota, o alvinegro enfrentou episódios pitorescos nessa fase, como atuar contra o peruano Juan Aurich em gramado sintético e no dilúvio com direito à falta de luz no Pacaembu.

Contra os gaúchos, comandados então por Dorival Júnior, o Peixe conseguiu um empate fora, 1 a 1, e uma vitória na Vila Belmiro por 3 a 1. Esta, marcada por um gol simplesmente antológico de Neymar, o segundo do time no jogo, responsável pela segunda indicação do garoto ao prêmio de gol mais bonito do ano pela Fifa. Na ocasião, o 11 santista fez um hat trick, ou triplete, anotando todos os gols alvinegros e o terceiro tento só não ficou tão marcado por conta da beleza do anterior, mas também foi uma bela arrancada.


Libertadores 2012 – Santos X Corinthians

Na única vez em que ambos duelaram pela competição sul-americana, o Alvinegro de São Paulo acabou se saindo melhor, derrotando o Peixe na Vila Belmiro por 1 a 0, gol de Emerson Sheik, no melhor estilo econômico “tranca-jogo” que Tite desenvolveu com a equipe naquele ano.

Na volta, os santistas tiveram um alento quando Neymar marcou para os visitantes no Pacaembu. Mas Danilo acabou aproveitando falha da defesa santista pelo alto (algo comum à época) e fez o tento de empate corintiano. O Santos pressionou, mas não conseguiu furar a mais que sólida defesa corintiana, e a equipe paulistana seguiu para a final contra o Boca, obtendo seu primeiro triunfo na Libertadores.

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Santos 11 X 0 Botafogo-SP. Lembranças do adversário de sábado à noite

“Vocês vão se f… aqui hoje.” Era assim que um mais que motivado Pelé respondia aos adversários, a cada gol que marcava naquele 21 de novembro de 1964, pelas provocações de jogadores e da torcida pela derrota na partida entre Santos e Botafogo-SP meses antes. É o que conta o atacante tricolor Antoninho, nesta matéria. “Não tinha jeito, ele estava ‘endiabrado’. A cada gol que ele fazia, pegava a bola no fundo da rede e voltava pro meio-campo correndo, porque queria bater o recorde de gols”, relembra. “Ele queria vingança por causa do jogo no primeiro turno. Nós ganhamos deles por 2 a 0, a torcida provocou muito e um jogador nosso até sentou na bola”, diz.

ImagemAquela noite foi o recorde de gols de Pelé em uma só partida: oito tentos. E também a terceira maior goleada do Alvinegro na história, perdendo só para os 12 X 1 aplicados no Ypiranga e na Ponte Preta. Naquela noite, como também menciona a reportagem da ESPN, Pepe marcou o quarto do triunfo peixeiro, um gol olímpico. Foi 11 a 0, o Pelé fez oito e eu fiz um. Mas o meu gol foi olímpico! O duro é que ninguém lembra, porque o Pelé fez oito (risos)…”, conta.

Este post lembra que foram 9.437 torcedores os que pagaram ingresso para acompanhar a partida na Vila Belmiro. A equipe de Lula entrou no gramado da Vila famosa com Gilmar; Ismael, Modesto, Haroldo e Geraldino; Lima e Mengálvio; Toninho Guerreiro, Coutinho, Pelé e Pepe. O Botafogo entrou com Machado; Ditinho, Carlucci, Tiri e Maciel; Hélio Vieira e Adalberto; Zuíno, Alex, Antoninho e Gaze.

Duas outras curiosidades. O goleiro do Botafogo, Machado, foi eleito o segundo melhor da peleja, perdendo somente para o Dez santista. Naquela ocasião, o técnico botafoguense era Oswaldo Brandão, demitido em função da derrota. No dia 6 de dezembro, duas semanas depois da goleada, ele voltou a encontrar o Peixe, desta vez comandando o Corinthians, no Pacaembu. Mais um saco de gols: 7 a 4 para o Santos. Brandão tomou 18 gols do Alvinegro em dois jogos, sendo 12 de Pelé.

Histórico de jogos entre Santos e Botafogo-SP

Santos e Botafogo se encontraram 89 vezes e é grande a vantagem alvinegra. O Peixe obteve 54 vitórias, empatou 20 vezes e perde 15, com 201 gols pró e 93 contra.

Santos X Botafogo-SP, hoje à noite, Vila Belmiro

Para o jogo de hoje contra o Botafogo, Oswaldo de Oliveira deve poupar alguns jogadores. Rildo, atacante contratado junto à Ponte Preta, foi relacionado e pode fazer sua estreia. O ala esquerdo Mena e o volante Alan Santos são desfalques certos. No total, 21 jogadores foram relacionados, mas três serão cortados antes da partida. Alguns dos campeões da Copa São Paulo de Juniores estão entre os convocados pelo técnico como o lateral esquerdo Zé Carlos, o volante Lucas Otávio, e os atacantes Diego Cardoso, Jorge Eduardo e Stefano Yuri.

O Botafogo-SP lidera o grupo B, que tem o Corinthians, com nove pontos. Já o Peixe é o primeiro do grupo C, com dez pontos, um à frente do São Bernardo, que derrotou justamente a equipe de Ribeirão Preto na rodada de estreia da competição. A provável escalação do Santos misto hoje é Aranha, Bruno Peres, Jubal, Gustavo Henrique (David Braz) e Emerson; Leandrinho, Lucas Otávio, Jorge Eduardo e Cícero; Victor Andrade (Thiago Ribeiro) e Stéfano Yuri.

Lembrando ainda que o Santos está a quatro tentos do gol 12 mil, sendo o clube profissional que mais fez gols no mundo.

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O histórico do Santos contra times bolivianos na Libertadores

A história santista na Libertadores é marcada por encontros com seis times da Bolívia. O Bolívar, rival das oitavas de final, já foi adversário em 2005, e foi o protagonista da primeira derrota alvinegra para uma equipe da terra de Evo Morales na Libertadores. Na fase de grupos da competição, em La Paz, o Peixe perdeu por 4 a 3, com gols de Deivid (2) e Robinho. Mas, na volta, não houve problema. Foi um 6 a 0 com gols de Ricardo Bóvio, Ávalos, Paulo César, Ricardinho, Basílio e Deivid.

Pagão, junto com Deivid, foi o segundo santista que mais marcou contra os bolivianos: 3 gols. Molina é o artilheiro dos confrontos com 4.

A primeira vez que santistas e bolivianos se confrontaram no torneio foi em 1962. O Santos estava em um grupo de três equipes, junto com o Deportivo Municipal, de La Paz, e o paraguaio Cerro Porteño. Os resultados dão a medida do efeito da altitude. Fora de casa, o Peixe venceu, mas por um gol de diferença, 4 a 3, gols de Tite, Lima, Mengálvio e Pagão. Em casa, um massacre de 6 a 1, com dois de Pagão, outros dois de Dorval, um de Pelé e outro de Coutinho.

O Alvinegro voltou a enfrentar uma equipe boliviana na primeira fase da competição sul-americana em 2004. O Peixe pegou o Jorge Wilstermann em Cochabamba e derrotou o clube boliviano por 3 a 2, dois tentos de Basílio e um do zagueiro Alex. Em casa, goleada: 5 a 0 com dois de Diego. Completaram o placar Robinho, Preto Casagrande e Elano.

Em 2007, o Peixe teve que passar pela fase pré grupos, conhecida também, de forma equivocada, como Pré Libertadores, e o rival foi o Blooming. Fora da Vila, um magro 1 a 0 a favor do Santos, tento do lateral Pedro, em jogo disputado em Santa Cruz de La Sierra, a 400 metros de altitude. Na volta, 5 a 0, com dois de Cléber Santana, outros dois de Rodrigo Tiuí, e outro de Marcos Aurélio. Já em 2008, novo encontro, desta vez em Oruro, a 3.706 metros acima do nível do mar. Derrota santista por 2 a 1 para o San José, gol de Kléber Pereira. Na volta, uma goleada histórica: 7 a 0, com quatro gols do meia colombiano Molina, um do equatoriano Quiñones, outro de Kléber Pereira e um do zagueiro Domingos.

Já em 2012, na primeira fase, o Santos perdeu novamente na Bolívia, agora para o The Strongest, por 2 a 1, com gol de Henrique. Na volta, última partida da fase, o Peixe não chegou a uma goleada como nos confrontos anteriores com os bolivianos, vencendo por 2 a 0. Ou seja, é bom o Santos ter cuidado com o Bolívar porque, além de ser um time que já fez história por ter sido o primeiro do país a se classificar para a segunda fase da Libertadores, a equipe boliviana terá a seu lado 3.600 metros de altitude. É bom Muricy e os garotos se prepararem para afastar a zebra.

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Há 45 anos o Santos era de novo dono da América

Há exatos 45 anos, em um dia 11 de setembro, o Santos tornava-se bicampeão da Libertadores da América. Uma conquista com sabor especial, já que foi conseguida em plena La Bombonera, sobre o Boca Juniors, com toda sorte de pressão sobre os atletas alvinegros. Foi, até o Fluminense desclassificar a equipe argentina nas semifinais da competição este ano, o único clube nacional a superar os xeneizes no torneio mais importante da América do Sul.

À época, participavam da Libertadores somente os campeões de oito países sul-americanos (Bolívia e Venezuela não tinham representantes). Como o Santos tinha sido campeão da edição anterior, tinha vaga garantida e entrava nas semifinais. Campeão da Taça Brasil em 1962, cedeu a vaga a que o país tinha direito para o Botafogo de Garrincha.

Dois grupos de três times e mais um de dois fizeram a primeira fase. Para as semis, passaram Boca, Botafogo e Peñarol. Uruguaios e argentinos fizeram duas partidas, com vitórias do Boca em Montevidéu (2 a 1) e em Buenos Aires (1 a 0). Pela primeira vez o Peñarol ficava de fora de uma final da competição, já que havia sido campeão em 1960 e 1961, e vice em 1962, sendo superado pelo Peixe.

O Santos enfrentou o Botafogo, e empatou em 1 a 1 o primeiro jogo disputado no Pacaembu, em São Paulo. Os cariocas contavam com um senhor esquadrão e jogadores da estirpe de um Nílton Santos, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Mas o Santos… era o Santos. Na Taça Brasil, o time peixeiro tinha vencido os cariocas por 4 a 2 no Pacaembu e perdido por 3 a 1 no Maracanã. No jogo desempate, um massacre que a imprensa carioca classificou como a maior exibição de uma equipe de futebol até então no mítico Maraca. Com dois gols de Pelé, outros três de Dorval, Coutinho e Pepe, o 5 a 0 calou fundo na alma da equipe que pretendia ser a melhor do país.

Na Libertadores, os botafoguenses queriam vingança. Na primeira partida, 1 a 1 renhido, com o Peixe desfalcado de Pepe e Mengálvio. O ponta voltaria na partida de volta no Maracanã onde de novo o Santos conseguiria impor seu futebol. Outra goleada, 4 a 0, com três gols de Pelé e um de Lima.

Contra o Boca, a parada seria dura. Mas até não parecia depois do fim do primeiro tempo no Maracanã. O Santos vencia por 3 a 0, dois gols de Coutinho e um de Lima. Mas a equipe quis administrar e sofreu dois gols na segunda etapa. A propósito, o jornalista argentino Bernardo Neustadt faz aqui uma crônica/análise interessante daquele jogo, que ele acompanhou in loco. A tática do Boca no primeiro tempo era não fazer marcação individual em Pelé, mas sim anular seus “alimentadores”, principalmente Coutinho e o jovem coringa Lima, de 18 anos, que o jornalista diz que “atua no meio de campo como se tivesse nascido ali”. A avaliação dele era que os argentinos não tinham agredido suficientemente o Peixe, deixando não apenas Lima, mas Zito avançar e criar. De fato, era difícil parar o Alvinegro…

A decisão no La Bombonera prometia. Foram 50 mil argentinos até o estádio que tinha um campo com dimensões menores do que a Vila Belmiro. O Boca pressionou desde o início, abusando da violência para deter o forte ataque alvinegro, como se pode ver no vídeo acima em algumas jogadas envolvendo Pelé. O dez santista, aliás, foi saudado com  um coro ofensivo e de cunho racista que dizia “Pelé, hijo de puta, macaquito de Brasi”. Como não havia cartão amarelo e vermelho (a expulsão era feita de forma direta), os brasileiros sofriam para jogar.

A um minuto da segunda etapa, Sanfilippo marcou o gol xeneize. Uma explosão no estádio e parecia que o Santos iria sucumbir. Mas, apenas quatro minutos depois, Coutinho empatou, após uma falha na reposição de bola de Errea e uma troca rápida de passes entre Dorval, Pelé e o centroavante. Mais pressão portenha até a bola chegar em Pelé. Ele driblou o brasileiro Orlando Peçanha e finalizou de biquinho no canto direito, aos 37 minutos. O Alvinegro calava o estádio e sagrava-se bicampeão da Libertadores.

Segundo Odir Cunha no livro Time dos Sonhos, que nutriu boa parte desse texto, o jornal  O Estado de S.Paulo apontou dois pênaltis de Rattin não marcados pelo árbitro: um em uma entrada maldosa em Pelé e outro quando tirou a bola com a mão que sobraria para Coutinho. Ainda assim, o Santos foi maior. E, de novo, fazia história.

11 de setembro de 1963

Boca Juniors 1 X 2 Santos

Boca Juniors – Errea; Magdalena, Orlando e Simeone; Silveira e Rattin; Grillo, Rojas, Menéndez, Sanfilippo e González. Técnico: Aristóbulo Deambrosi.

Santos – Gilmar; Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Geraldino; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Gols: Sanfilippo, aos  46; Coutinho, aos  50; Pelé, aos  82.

Público: 50.000.

Árbitro: Marcel Albert Bois.

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