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Pelé e Clodoaldo: o futebol agradece ao Santos |
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Um personagem histórico, uma partida inesquecível |
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A dupla que deu continuidade à lenda |
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Outros tantos virão para ver… |
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Arquivado em Ídolos, Década de 20, Década de 50, Década de 60, Década de 70, futebol, História, Santos
“É o único jogador da minha posição que respeito”. Esse era o comentário que fazia entre os amigos o grande Zizinho, ídolo de Pelé, e um dos maiores meias que o planeta já viu. Ele fazia referência a Antoninho Fernandes, um jogador clássico que vestiu o manto alvinegro entre os anos de 1941 e 1954, justamente na entressafra peixeira de títulos. Assim, venceu torneios com menor importância, como a Taça Cidade de São Paulo (1949), o Torneio Quadrangular de Belo Horizonte (1951) e o Torneio Início (1952). Contudo, como um grande craque nem sempre se mede pelo que conquistou com uma equipe, encantou a torcida com um futebol com uma espetacular visão de jogo, sendo um dos jogadores mais inteligentes em seu tempo. Apelidado de “arquiteto da bola” em função de suas atuações na seleção paulista, o santista de nascimento e de coração marcou 145 gols em 400 jogos disputados pelo Peixe, marca que o coloca como o décimo-segundo maior artilheiro do Alvinegro em todos os tempos.
Mas sua técnica não agradou apenas a torcida. Uma série de clubes chegou a disputar o futebol do meia, inclusive o Palmeiras, como conta passagem publicada pela Gazeta Esportiva. O atleta foi cedido por empréstimo ao Palestra para disputar um torneio, algo comum à época. Obviamente, a habilidade de Antoninho fascinou os palestrinos, que tentaram contratá-lo. O presidente peixeiro Antônio Ezequiel Feliciano da Silva, em vista da situação financeira difícil, tentou convencer o meia para aceitar a transferência. Como era um ídolo, armou-se um esquema com o cronista esportivo Ernani Franco para tentar fazer os santistas aceitarem a venda.
Antoninho, em entrevista a Franco, falaria que a proposta seria boa para todos, e que deixaria o clube que amava para assegurar seu futuro. Mas, na hora decisiva, quando questionado se iria sair do Santos, o meia desabou em lágrimas e falou que nunca passou pela sua cabeça deixar o clube, onde pretendia encerrar sua carreira. E assim melou a negociação.
Treinador
Depois de deixar os gramados no ano anterior à conquista do segundo campeonato paulista do Santos, Antoninho foi auxiliar de Luis Alonso Peres, o Lula, durante muitos anos. Chegou a treinar a equipe em algumas oportunidades, em 1953 e 1954, mas sua carreira como efetivo começou no Atlético (MG), time que dirigiu em 1962 e 1963. A grande oportunidade surge com a saída de Lula do Peixe, em 1966.
Antoninho permaneceria à frente do Alvinegro Praiano até 1971, tendo conquistado títulos como a Recopa Mundial (1968), os campeonato paulistas de 1967, 1968 e 1969 e a Taça de Prata de 1968. O Paulista de 1969, inclusive, foi épico, já que na maior parte do campeonato o treinador contou com reservas, pois nove atletas santistas faziam parte das “feras do Saldanha”.
O “arquiteto” morreu aos 52 anos, em 1973, mas sem dúvida deixou um legado inestimável a toda a nação santista, principalmente no que diz respeito ao amor por um clube de futebol.
Arquivado em Ídolos, Década de 40, Década de 50, Década de 60
Luis Alonso Perez, mais conhecido como Lula, provavelmente é o treinador que mais ganhou títulos no futebol mundial. Foi o comandante do grande Santos dos anos 60, e nenhum técnico no Brasil ficou tanto tempo à frente de um clube grande quanto ele. Permaneceu quase treze anos (mais precisamente, 12 anos e seis meses), entre 1954 e 1966. Nesse período, conquistou 4 Torneios Rio-São Paulo, 5 Taças Brasil, 8 campeonatos paulistas, 2 Libertadores da América e 2 Mundiais de Clubes, entre outros, totalizando 34 conquistas. Currículo pra ninguém botar defeito.
Em 1968, conseguiu outro feito, dessa vez comandando o Corinthians. Dirigiu a equipe na partida histórica em que a equipe paulistana superou o Santos no Campeonato Paulista por 2×0, após 11 anos sem conseguir uma vitória sobre o Peixe.
Conversando com Pepe a respeito do técnico, em uma entrevista da qual participei para a revista Fórum, o ex-ponta-esquerda falou a respeito de Lula. Confira abaixo o relato:
O triângulo inusitado
O Lula deve ser o treinador que tem mais títulos no mundo, ganhava tudo. A dificuldade que tinha era de se expressar. Uma vez ele chegou e disse em uma preleção: “vocês quatro do meio de campo fazem um triângulo”. Aí a gente falava “é difícil quatro fazerem um triângulo”; e ele retrucava “vocês, entenderam, vocês entenderam…”.
Era um time de feras e a maioria foi descoberta e criada pelo Lula, que tinha um olhar clínico muito bom. Antes dele as categorias de base eram muito fracas e não revelavam quase ninguém.
Escolhendo os melhores
Não era um excepcional estrategista, mas sabia, se dessem 50 jogadores para ele, escolher os 11 melhores. Sempre me lembro dele com muito carinho. Há algum tempo escrevi um texto em sua homenagem, intitulado “Ao Professor com Carinho”. Nós o chamávamos assim até com uma certa ironia, mas ele não deixava de ser um professor. E levava tudo numa boa.
A final de 1962
Ele era o paizão do grupo, todo mundo jogava por ele, que sabia fazer um ótimo ambiente. Mas tinha suas vaidades também. Anos depois, em 1962, o Santos foi campeão mundial, ganhando do Benfica em Portugal, e quando o Lula anunciou a escalação do time, que nem tinha sido treinado, ele tirou um dos melhores jogadores do time, o Mengálvio, e colocou o Lima no meio-campo. Mas a surpresa maior foi colocar o Olavo de lateral-direito, sendo que ele era zagueiro-central. Ganhamos de 5 a 2 e o Lula foi muito elogiado pelos jornais da época, mas o Olavo teve muita dificuldade para marcar o Simões, o ponta-esquerda do Benfica que era um excelente jogador. Com o Lima de lateral e Mengálvio de meia, íamos ganhar até de mais.
A partida contra o Milan em 1963
No ano seguinte, disputamos o Mundial com o Milan e aí tínhamos que ganhar no Maracanã, no Rio de Janeiro. Concentramos no estádio, inclusive foi o Santos quem inaugurou a concentração. Gostávamos de jogar no Rio porque em São Paulo não tínhamos torcida, os torcedores dos outros grandes não iam torcer para o Santos. Mas foi lá, na manhã do jogo, que o Dalmo chegou pra mim e disse que eu não ia jogar. Daquela vez ia sobrar pra mim…
A equipe precisava de mim, dos meus chutes e ele ia colocar o Batista, que jogava mais na armação. O Lula estaria preocupado porque o time do Milan era muito forte e ele queria fechar mais o meio. Quando o Dalmo me disse isso, falei: “vou dar um bico na bola e vou embora, vou pegar o primeiro trem”. Bem na hora da decisão com o Milan eu ia ficar de fora para entrar um jogador que nem é ofensivo?
Acabei ficando lá e quando deu 5 horas da tarde – o jogo era às 9¬–, fui chamado para um quarto da concentração. E lá estava o Lula, que me perguntou: “ô, ‘Bomba’, como é que tu está hoje?” Respondi: “estou bem, professor, pode contar comigo”. Acho que o Modesto Roma e o Nicolau Moran tiraram da cabeça dele a asneira que iria fazer, talvez, por conta daquela pontinha de vaidade. Aí joguei e, se eu não jogasse, realmente o resultado seria outro. Virei a partida, marquei o primeiro gol e aproveitei bem o campo molhado com meu chute forte, coisa que o Batista não tinha como aproveitar.
Arquivado em Ídolos, Década de 50, Década de 60