Agora, Alvinegro seca Palmeiras e Grêmio no fim da rodada. Desfalques e mando “fora de casa” atrapalharam planos de Dorival
Um rival em ascensão no Brasileiro, cinco desfalques e uma partida que estava planejada para ser jogada na Vila Belmiro, com a torcida a favor, e que foi disputada em um estádio com grande maioria de torcida rival. Apesar dessas adversidades, o Santos saiu com um empate sem gols contra o Flamengo na noite desta quarta-feira (3) da Arena Pantanal, em Cuiabá (MT).
Um acordo feito em 2015 negociando-se o mando de jogo teve que ser cumprido agora, justamente quando o Alvinegro tinha a possibilidade de, em seus domínios, derrotar um adversário direto e garantir a liderança da competição. Agora, tem que torcer para Palmeiras e Grêmio não vencerem para terminar a 18ª rodada no topo da tabela.
O acordo revela duas coisas: primeiro, uma visão míope do clube e, segundo, uma descrença na própria equipe. Se o clube estava em condições difíceis do ponto de vista financeiro no ano passado, que se negociassem somente mandos relativos àquele campeonato, e não ao de agora. Ou não era possível conceber uma equipe brigando por títulos nesse ano?
Outro dado denuncia a miopia. A renda total da partida, que teve um público de 21.799 pessoas e R$ 1.748.455. O clube tem direito a 60% dessa renda (R$ 1.049.073) e mais um valor pago em 2015 e não divulgado. Se a partida tivesse sido disputada na Vila Belmiro, talvez a renda se aproximasse dos R$ 500 mil, tomando-se como referência o jogo contra o Cruzeiro, o que dá uma diferença de R$ 600 mil. Mas se pegarmos um dado como a premiação do Brasileiro de 2015, isso vale a pena?
As premiações da CBF no ano passado foram de R$ 10 milhões para o campeão, R$ 6,3 milhões para o vice, R$ 4,3 milhões para o 3º, R$ 3,2 milhões para o 4º e R$ 2,2 milhões para o quinto. Ou seja, para quem briga na parte de cima da classificação, um, dois pontos ou mesmo gols de saldo podem representar uma diferença de R$ 1 milhão a mais de R$ 3 milhões Isso sem se levar em consideração o retorno em imagem e marketing de estar disputando o título ou o G4. E de se sagrar campeão.
Falta ver um pouquinho mais longe.
O jogo Santos X Flamengo
Mesmo com os desfalques dos três olímpicos, de Lucas Lima e de Ricardo Oliveira, o Santos fez um jogo quase equilibrado com o Flamengo. Criou oportunidades, é verdade, mas também sofreu apuros, em especial na parte final do jogo quando os rubro-negros pressionaram em busca do gol.
Na primeira etapa, o Alvinegro sofreu com as descidas de Pará pelo lado direito, em especial quando encostavam ali Willian Arão e Marcelo Cirino. No segundo tempo, Dorival Júnior corrigiu essa falha, buscando marcar melhor os lados do campo e dobrando a marcação com os meias e atacantes. Deu certo em boa parte do tempo, mas o time perdeu também parte do poderio ofensivo, apostando mais nos contra-ataques.
Vitor Bueno e Copete chamaram a responsabilidade diante das ausência da equipe. O primeiro se saiu melhor que o segundo, e Rodrigão, embora esforçado e até criando uma ou outra oportunidade, é de uma diferença técnica grande para Ricardo Oliveiras. Em relação às opções de banco, Dorival não tinha nomes que efetivamente pudessem mudar o jogo à sua disposição. Tanto que o “clamor” das redes sociais era pela entrada de Yuri, um volante. O comandante alvinegro colocou o volante no final da partida, além de Joel e Elano, que pouco produziram.
Jean Mota, assim como Vecchio nas duas partidas anteriores, mostra desentrosamento, mas não só. Também tem dificuldades para acelerar o jogo, tal o meia argentino, nas horas em que isso é preciso. Com a proposta de jogar com velocidade, várias vezes isso trava o contra-ataque da equipe e permite a recomposição da defesa rival. Isso aconteceu na partida de ontem.
Os destaque positivos foram o goleiro Vanderlei, discreto mas muito eficiente quando foi chamado, e Gustavo Henrique. O zagueiro marcou a maior parte do tempo o atacante Guerrero, que quase não viu a cor da redonda nos 90 minutos. O nível de concentração do jogador foi muito bom e sua presença nas bolas aéreas, ferramenta bastante usada pelos cariocas na etapa inicial, foi crucial para o Santos sair com um empate da Arena Pantanal.