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Jonathan Copete, Mauricio Molina, Rincón… Os colombianos que jogam e jogaram no Santos

No total, oito atletas do país vizinho já atuaram pelo Peixe. Relembre os que mais se destacaram

copete no santos

Jonathan Copete, na matada de peito do lance do primeiro gol do Santos (Ivan Storti/Santos FC)

Com dois gols e três assistências em duas partidas, o colombiano Jonathan Copete, que abriu mão de disputar as semifinais da Libertadores pelo Atletico Nacional de Meddelin para vir ao Santos Futebol Clube, já começa a chamar a atenção. Atuando pelos lados do ataque e também fechando pelo meio, o colombiano camisa 36 pode ser o titular da equipe em breve, já que Gabriel servirá a seleção brasileira que vai disputar as Olimpíadas a partir do dia 18 de julho. Ele é um dos oito jogadores nascidos na Colômbia que já defenderam o manto alvinegro.

Usuriaga

Usuriaga, figurinha não carimbada (Foto: Outros Meninos da Vila)

Talvez o mais polêmico tenha sido o primeiro a jogar na Vila Belmiro, em 1996. Albeiro Palomo Usuriaga protagonizou um episódio que quase custou perda de cinco pontos para o Peixe no Brasileiro daquele ano. O atacante chegou a marcar contra o Alvinegro na vitória por 4 a 0, em 1994, do Independiente de Avellaneda, na Argentina, peleja válida pela Supercopa da Libertadores da América. Em 1996, estava atuando pelo Barcelona de Guayaquil, do Equador, e aí começa o imbróglio.

Os direitos do atleta ainda pertenciam ao clube argentino, que o emprestou ao Peixe, segundo consta, sem cobrar pela transação. Mas, ao que tudo indica, os portenhos mudaram de ideia e seguraram a documentação que sacramentava a transferência do jogador. Mesmo assim, a CBF liberou a carteira do jogador, que foi escalado para disputar uma partida contra o Fluminense, pelo Brasileiro, no Ibirapuera. Vitória alvinegra por 1 a 0, gol de Anderson Lima.

Ao saber da falta de documentação, o Fluminense foi ao Tapetão pedir os pontos da partida, mas acabou perdendo. Temeroso, o Peixe, que havia escalado o atleta antes em um amistoso contra a Inter de Limeira, na qual o colombiano fez um gol, não mais colocou o jogador em campo. Ele acabou devolvido ao Independiente e, em 2004, foi assassinado a tiros aos 37 anos, em Cali.

dodo e aristizabal no santos

Dodô e Aritizábal no Santos

Dois anos depois, Victor Hugo Aristizábal Posada, ou simplesmente Aristizábal, vestiria a camisa santista. Emprestado pelo São Paulo, estreou no Brasileiro de 1998, em um duelo contra o Palmeiras, em agosto, entrando no lugar de Alessandro Cambalhota. Quando começava a se firmar no esquema do técnico Emerson Leão, que tinha Lúcio na ponta esquerda e Viola pelo meio, se contundiu gravemente no joelho em partida contra o Guarani no Brinco de Ouro e ficou seis meses fora.

Ao retornar, não conseguiu muitas chances com Leão e nem com seu sucessor, Paulo Autuori, sendo devolvido ao Morumbi no final de 1999. Fez 23 partidas pelo Peixe, anotando seis gols em sua passagem. Mais à frente, em 2003, faria parte do Cruzeiro campeão do Brasileiro daquele ano, o primeiro da era dos pontos corridos.

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Rincón em campo contra seu ex-time. Quase um ano Vila Belmiro

Talvez o colombiano que tenha chegado com mais pompa tenha sido Freddy Rincón. Assim como Aristizábal, ele fazia parte constante das convocações da seleção de seu país e havia tido grandes atuações pelo Corinthians entre 1997 e aquele ano. Chegou para tirar o clube da Vila Belmiro da fila de títulos, mas não conseguiu.

Sua transferência quase foi “melada” pela Justiça, e só saiu depois de um acordo entre os clubes da Vila Belmiro e do Parque São Jorge. Jogou e marcou na segunda partida da final do Paulistão contra o São Paulo naquele ano, mas saiu ao fim de 2000 depois após reclamar de salários atrasados, indo para o Cruzeiro. Rincón fez 38 partidas pelo Santos e marcou 4 gols.

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Henao em sua pouca saudosa passagem pelo Santos (Jose Patrici/Reuters)

Já em 2005 uma das contratações mais frustrantes do Peixe. Juan Carlos Henao, goleiro do Once Caldas, campeão da Libertadores de 2004 eliminando o próprio Santos, o São Paulo, e superando o Boca Juniors na finalíssima. Na decisão, brilhou a estrela do arqueiro, que defendeu as cobranças de Cascini e Cangele na disputa por pênaltis.

Henao chegou no início do ano e a justificativa era que o clube precisava de um arqueiro experiente para a Libertadores. Mas o colombiano ficou diversas vezes na reserva de Mauro, campeão brasileiro de 2004 pelo Alvinegro, e não se firmou, saindo da Vila ainda em 2005, após 13 partidas disputadas.

Em 2008, a parceria da gestão Marcelo Teixeira com a DIS anunciava grandes reforços, que, na prática, nunca vieram. Surgiram nomes como Michael Jackson Quinõnez, Sebastían Pinto, Mariano Trípodi e o único que, de fato, ganhou o coração do torcedor com sangue, suor e muita técnica: Mauricio Molina.

Molina veio como principal reforço da equipe para a disputa da Libertadores daquele ano, mas nem seu talento salvaram o fraco elenco santista que faria o time brigar para fugir do rebaixamento no Brasileiro. Mas o meia marcou história ao entrar para a galeria dos atletas que fizeram quatro gols com a camisa alvinegra, feito realizado contra o San Jose, da Bolívia. Ganhou o apelido de “Deus que sangra” após permanecer em campo mesmo com o nariz quebrado em partida contra o América do México e também ficou marcado por dar lugar a Neymar, em sua estreia como profissional, na partida contra o Oeste, no Pacaembu, disputada pelo Paulista de 2009. Saiu no mesmo ano para a equipe sul-coreana do Seongnam Ilhwa após 79 partidas e 17 gols.

 

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Rentería no Santos: jogou pouco, nos dois sentidos

Wason Rentería chegou em 2011 após atuar pelo Once Caldas, em um time que tinha opções marcantes no ataque como Neymar, Borges e Alan Kardec. Ficou na reserva a maior parte do tempo e saiu no meio de 2012 para o Millionarios, depois de 22 jogos disputados e dois gols marcados. Não deixou saudades.

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Valencia tem contrato com o Santos até o fim de 2016 (Ivan Storti/Santos FC)

Além de Jonathan Copete, o Santos conta com outro colombiano em seu elenco atualmente. Edwin Valencia, volante, chegou ao clube em 2015, contratado em janeiro depois de cinco temporadas atuando pelo Fluminense. Jogou 16 partidas pela equipe, sendo titular na campanha do título paulista de 2015, mas se lesionou no joelho direito atuando pela Colômbia na Copa América.

Valencia voltou a ser relacionado por Dorival Júnior em maio, na partida contra o Galvez-AC, pela Copa do Brasil, e tem feito parte do banco alvinegro, embora sem muito espaço para atuar. Tem contrato até dezembro de 2016.

Resta saber qual a história que Copete escreverá pelo Santos. Pelo início, podemos esperar uma bela trajetória.

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Dorival Júnior é o novo técnico do Santos. Vai dar certo?

E Dorival Júnior está de volta. Depois de uma passagem vitoriosa pelo Santos em 2010, quando conquistou o campeonato paulista e a Copa do Brasil, o treinador, demitido naquela ocasião por conta de um desentendimento com Neymar e uma consequente quebra de acordo com a diretoria, retorna com o a missão de salvar o Alvinegro de uma queda inédita para a Série B.

A situação, apesar de estarmos somente na 12ª rodada, é drástica. O time tem dez pontos, não vence um jogo fora de casa há 14 pelejas e pode não sair da zona do rebaixamento nem mesmo com uma vitória sobre o Figueirense, seu próximo rival, dependendo de resultados ruins ou do Internacional ou do Avaí. Desde que deixou o Peixe em 2010, uma das principais missões do novo comandante peixeiro tem sido tirar equipes da dita “zona da confusão”.

Depois de sair da Vila Belmiro, Dorival assumiu o Atlético-MG em setembro de 2010, no lugar de Vanderlei Luxemburgo, com a tarefa de salvar o Galo daquele que seria seu segundo rebaixamento na era dos pontos corridos. Conseguiu. Em 14 partidas do Brasileiro daquele ano, teve um aproveitamento de 57%, com sete vitórias, três empates e quatro derrotas. A passagem por Minas, contudo, terminaria no ano seguinte. Sem título, Dorival foi demitido com um aproveitamento de 57% em 50 jogos, 25 vitórias, dez empates e 15 derrotas, com o Atlético em 13º lugar no Brasileiro em 15 rodadas. A sequência mostraria que o técnico não era o principal culpado pela má fase da equipe: o Galo terminou o campeonato em 15º, com 39,5% de aproveitamento.

Foi para o Internacional em agosto de 2011, e lá conquistou os únicos títulos obtidos depois da saída do Santos: o campeonato gaúcho e a Recopa sul-americana, além de ter obtido a vaga para a Libertadores de 2012. Na equipe gaúcha, em 63 partidas, teve 61,9% de aproveitamento com 33 vitórias, 12 derrotas e 18 empates, mas saiu após um mau desempenho na primeira fase da Libertadores, quando o Colorado ficou em segundo no grupo do Santos.

Assumiu o Flamengo no meio do Brasileiro de 2012, mas depois de perder na estreia da Taça Rio para o Resende no primeiro semestre de 2013, foi demitido após 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas em 37 jogos, com um aproveitamento de 51,3%. Na sequência, foi contratado em lugar de Paulo Autuori no Vasco, comandando o Gigante da Colina em 25 partidas no Brasileiro, vencendo somente seis e deixando o clube em 18º lugar a sete jogos do fim do Brasileiro. O Vasco foi rebaixado.

Foi para o Fluminense buscando salvar o time de um rebaixamento iminente. Era a 34ª rodada e o Tricolor estava na 17ª colocação. Dorival conseguiu 3 vitórias, 1 empate e 1 derrota, e com o aproveitamento de 66%, a equipe carioca se salvou em função da punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) à Portuguesa pela escalação irregular do meia Héverton. Como o Flamengo também foi punido, o Flu terminou a competição em 15º lugar.

Nove meses depois de ter salvo a equipe do Rio, Dorival voltou à ativa para comandar o Palmeiras com a missão de livrar a equipe da ameaça de um terceiro rebaixamento. Em vinte jogos, o aproveitamento foi muito baixo: 38,3% com seis vitórias, cinco empates e nove derrotas. O Verdão se livrou da Série B, ironicamente, por conta de uma vitória do Santos sobre o Vitória, gol de Thiago Ribeiro nos descontos.

O atual técnico, Dorival Júnior, e o ex, Marcelo Fernandes, que volta a ser auxiliar (Ricardo Saibun/Santos FC)

O atual técnico, Dorival Júnior, e o ex, Marcelo Fernandes, que volta a ser auxiliar (Ricardo Saibun/Santos FC)

Razões para Dorival Júnior dar certo no Santos

Quando Dorival Júnior assumiu o Peixe em 2010, a situação financeira do clube era similar à de hoje. O Alvinegro tinha lutado para se livrar do rebaixamento no Brasileiro em 2008 e em 2009 fez um campanha medíocre, não se classificando sequer para a Copa Sul-Americana.

Os cofres da Vila estavam vazios e o time endividado. Neymar, chamado de “filé de borboleta” pelo antecessor de Dorival, Vanderlei Luxemburgo, frequentou algumas vezes o banco de reservas após despontar bem no campeonato paulista de 2009. Ganso estava em situação semelhante; Wesley, originalmente atacante, voltava de empréstimo e corria o risco de não ser aproveitado. Arouca chegava ao clube após ser praticamente descartado pelo São Paulo. O centroavante André era um ilustre desconhecido e o elenco ainda contava com jogadores questionáveis como Pará.

Dorival contou mais tarde com o reforço de Robinho, que deu a liga necessária a uma equipe que prezava pelo respeito ao DNA ofensivo do Santos, talvez o futebol mais vistoso de um clube brasileiro no século 21, ainda que tenha durado poucos meses. Ele soube adaptar Wesley para funções como volante, meia e lateral-direito, encorajando o então garoto como fez com Neymar, Ganso e André. Como o Santos hoje tem moleques promissores (ainda que não tão talentosos), o técnico, na base da conversa e da união do grupo, pode fazer algo parecido com o que fez em 2010.

Dorival, após a saída do Palmeiras, assim como outros treinadores, andou peregrinando pela Europa, fazendo sua “atualização”. É hora de mostrar o que pode ter aprendido no Velho Mundo.

Razões para Dorival Júnior não dar certo no Santos

Desde que saiu do Peixe em 2010, Dorival foi demitido por todos os clubes pelos quais passou. O que, aliás, não é propriamente uma exclusividade dele. Além disso, seus últimos trabalhos não empolgaram, pelo contrário. Sua última passagem boa, mais longa, foi no Internacional em 2011/2012. Faz um tempinho…

Em uma cultura futebolística que preza pelo rodízio de treinadores, todos rezam essa cartilha: dirigentes, jogadores e os próprios técnicos. Isso significa que comandantes com passagens recentes ruins em clubes brasileiros começam a ficar “queimados” entre os jogadores, e problemas eventualmente pequenos adquirem uma dimensão grande. Dorival vai estar à frente de um grupo que tem alguns medalhões e outros tantos jovens. Alguns atletas passaram a ter um poder desproporcional por conta da tibieza da diretoria, que cedeu ao manter Marcelo Fernandes no comando depois de uma vitória contra o Palmeiras, na Vila, em jogo da primeira fase do campeonato paulista. Deu no que deu. Uma diretoria fraca nem sempre tem como dar o apoio necessário a um técnico.

Além disso, diferentemente de 2010, Dorival pega um trabalho no meio do caminho. E um trabalho pouco positivo. Terá que vencer a resistência de atletas apegados à pessoa ou ao esquema do treinador anterior. Vai ter que definir rápido como montar o time e manter um ambiente bom com o grupo. E não tem tem tempo para errar.

Com informações de A Tribuna, Terra e Lancenet.

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