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Geuvânio, de promessa à realidade no Santos

O torcedor desavisado (de outros times, claro), vendo o camisa 11 do Santos Geuvânio fazer o golaço que abriu caminho para a vitória do Peixe sobre o São Paulo no último domingo, deve se perguntar: mas que é esse jogador?

Claro que esse boleiro também pode ter memória curta, já que o garoto foi revelação do Campeonato Paulista de 2014. Mas o fato de ter “sumido” depois contribui para que a pergunta seja feita. A inconstância tem atrapalhado um pouco a carreira do meia-atacante, dono de um indiscutível talento.

Geuvânio foi revelado pelo Litoral FC, time cujo dono era Pelé e que tinha como objetivo justamente a revelação de atletas. Foi profissionalizado pelo Monte Alegre em 2010, sendo repassado ao Santos. Jogando pela base peixeira, parte dos seus direitos econômicos foi repassada ao Jabaquara e, com o técnico Narciso, então treinador dos juniores, chegou a atuar como lateral-esquerdo.

Geuvânio comemora gol pelo Santos: que a cena se repita muitas vezes (Ricardo Saibun/SantosFC)

Geuvânio comemora gol pelo Santos: que a cena se repita muitas vezes (Ricardo Saibun/SantosFC)

Foi promovido ao time profissional quando Adilson Batista estava à frente da equipe em 2011, tendo suas primeiras chances com o técnico Muricy Ramalho. Contudo, foi Muricy, cuja relação com os meninos da base foi definitiva para sua saída da Vila Belmiro, quem deu o aval para que Geuvânio fosse negociado. A história está aqui.

Em função disso, em 2012, o jogador esteve muito próximo de sair do clube. Porém, quando a proposta de rescisão chegou à mesa do então presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, o dirigente chamou o empresário Cristiano Santana para conversar e definiu a permanência do atleta. O atleta ganhava R$ 3 mil no Peixe e passaria a ganhar R$ 20 mil no Acadêmica de Coimbra, de Portugal.

A ascensão e a queda de Geuvânio em 2014

Em 2013, foi emprestado à Penapolense, onde disputou dez partidas e fez um gol. Voltando ao Santos, foi no ano seguinte que seu futebol explodiu. No Campeonato Paulista de 2014, ganhou o prêmio de revelação, com sete gols e onze assistências. No entanto, teve uma crise de choro após a partida contra a Penapolense na semifinal da competição, após uma atuação apagada. Também não atuou bem nas duas pelejas da final contra o Ituano, e a partir daí passaram a pairar dúvidas sobre seu futebol.

No decorrer do Brasileiro, Oswaldo de Oliveira o colocou no banco e, depois, nem entre os reservas o jogador figurou. Se a má relação com outros jovens já derrubou técnicos do comando do Santos, são poucos os que lembram que o hoje comandante palmeirense não fez um bom trabalho para recuperar tecnicamente o atleta que havia sido destaque no Campeonato Paulista.

Somente após a saída de Oswaldo e a chegada de Enderson Moreira que Geuvânio voltou a ter oportunidades, decidindo partidas e sendo o principal responsável pela arrancada ensaiada pelo Peixe no Brasileiro de 2014, o que incluiu uma série de quatro vitórias seguidas. Contudo, uma lesão na coxa esquerda o tirou da equipe antes da primeira partida da semifinal da Copa do Brasil com o Cruzeiro, no Mineirão. Depois de perder oito partidas, sofreu nova lesão no final de novembro e passou suas férias em tratamento e trabalho de condicionamento físico. Deu certo.

Em 17 partidas jogadas em 2015, Geuvânio tem três gols e uma assistência. Se o desempenho ofensivo é inferior ao apresentado em 2014, é certo que o atleta está mais maduro taticamente, atuando melhor na marcação do meio de campo e no avanço do lateral adversário, além de inverter o posicionamento com outros jogadores de frente, como Robinho.

Ainda com atuações irregulares, o golaço contra o São Paulo mostra a faceta daquele cara “que decide”, o que pode dar mais confiança para o ainda garoto, de 23 anos, mostrar seu potencial em um futebol brasileiro tão carente de lances imprevisíveis e de arte. Isso, Geuvânio tem.

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Campeonato Paulista 2015: os ex-jogadores do Santos que estão no interior

Olhando para os times do interior que vão disputar a primeira divisão do campeonato paulista, é possível montar um time inteiro com ex-jogadores do Santos. Alguns campeões, outros com passagens rápidas, além daqueles que tiveram papéis, para ser bondoso, controversos. Antes de listá-los, é preciso lembrar do clube que conta com o maior número de ex-atletas peixeiros, e que não está no interior. O Palmeiras contratou Arouca e tem ainda no elenco Maikon Leite, Alan Patrick, Robinho (que na Vila Belmiro se chamava só Robson) e pode ter ainda Aranha. O Corinthians tem Fábio Santos (sim, jogou na Baixada) e o recém-contratado Edu Dracena, enquanto o São Paulo conta com Ganso, Alan Kardek e Carlinhos.

Mas vamos a alguns dos jogadores que o torcedor santista vai se recordar (ou não) quando vir da arquibancada ou do sofá.

Mauro, campeão pelo Santos em 2004

Mauro, campeão pelo Santos em 2004

Mauro (Mogi Mirim) – o arqueiro Mauro José Mestriner que tem hoje 37 anos, foi goleiro campeão brasileiro pelo Peixe em 2004. Nunca foi uma unanimidade, mas acabou se tornando titular por circunstâncias.

Fábio Costa havia saído em 2003 e Vanderlei Luxemburgo havia pedido a contratação do chileno Nelson Tapia, arqueiro da seleção local. Apelidado de “Horácio”, personagem de Maurício de Souza, pelos seus supostos braços curtos, perdeu a vaga para Júlio Sérgio que, depois, foi sacado para dar lugar a Mauro, que terminou como dono do gol. No ano seguinte, disputou vaga com Henao, ex-goleiro do Once Caldas, campeão da Libertadores de 2004, mas acabou como suplente de Saulo no Brasileiro. Saiu na temporada seguinte, transferido para o Noroeste.

Wagner Diniz (Marília) – o lateral-direito chegou a fazer sucesso no Vasco da Gama, clube no qual jogou entre os anos de 2005 e 2008. No início de 2009, após a queda do time carioca para a Série B, chegou ao São Paulo, onde teve um desempenho pra lá de modesto. Como o Santos vivia uma crise financeira severa, acabou acertando o empréstimo do atleta em junho, para a disputa do campeonato brasileiro.

Em agosto, o então presidente do Santos Marcelo Teixeira anunciou que devolveria o jogador ao Tricolor. Diniz era a terceira opção da posição, que contava com George Lucas (!) e Pará (!!).

André Luís mostra cartão amarelo para o árbitro

André Luís mostra cartão amarelo para o árbitro

André Luís (Mogi Mirim) – contratado junto ao Guarany de Bagé para as divisões de base do Peixe, o zagueiro, que foi para as Olimpíadas de Sidney, em 2000, se notabilizou em 2001, por ter escorregado no lance em que Gil cruzou para Ricardinho marcar um fatídico gol do Corinthians nas semifinais do Paulista. Emprestado ao Fluminense, voltou em 2002 para formar a dupla de zaga conhecida como as “Torres Gêmeas”, junto com o zagueiro Alex.

Ficou no Santos até 2005, quando foi negociado com Portugal. Passou ainda por Botafogo, onde mostrou um cartão amarelo para um árbitro em partida da Sul-Americana, São Paulo, Fluminense de novo, Portuguesa e mais alguns clubes. Aos 35, volta ao futebol paulista.

Leonardo (Ituano) – zagueiro que, com 18 anos foi titular do time campeão brasileiro de 2004. Tido como outra grande promessa das divisões de base do Peixe, foi negociado para o Shakhtar Donetsk no ano seguinte, voltando por empréstimo em 2007, sendo pouco aproveitado pelo mesmo treinador de três anos antes, Vanderlei Luxemburgo. Atuou na Ponte Preta em 2014.

Fabiano Eller (Red Bull) – o zagueiro campeão mundial pelo Internacional em 2006 não estava sendo aproveitado pelo Atlético de Madrid em 2008, quando foi contratado pelo Santos, dirigido então por Cuca. Ele vinha substituir Betão, que havia sido transferido para o Dynamo de Kiev, e viveu aquele turbulento Brasileiro em que o clube lutou contra o rebaixamento, com um time medíocre dirigido ao final por Márcio Fernandes.

Com a equipe e o clube em crise no final da gestão de Marcelo Teixeira, o defensor ganhou as manchetes ao brigar com goleiro Fábio Costa após partida contra o Marília no Paulista de 2009 e em agosto do mesmo ano saiu do Peixe para retornar ao Internacional. Saiu atirando contra a diretoria, acusando o clube de oferecê-lo a São Paulo e Grêmio e de ter sido injustiçado.

Eli Sabiá (Botafogo-SP) – vindo do Criciúma para Ribeirão Preto neste ano, Eli Sabiá foi outro que chegou ao Santos em um time pouco talentoso, em 2009. Contratado por empréstimo junto ao Paulista a Jundiaí em maio daquele ano, o jogador não permaneceu em 2010, sendo devolvido ao clube do interior e indo para o Atlético-PR, no segundo semestre.

O zagueiro marcou seu primeiro tento como profissional com a camisa do Santos, na partida contra o Corinthians válida pelo Brasileiro. Mas o Alvinegro Praiano foi derrotado por 2 a 1. Naquele dia o time entrou em campo com Felipe; George Lucas, Fabão, Eli Sabiá e Léo; Emerson (Pará), Rodrigo Mancha, Róbson (Germano) e Paulo Henrique Lima; Madson (Neymar) e Kléber Pereira.

Paulo Henrique (Portuguesa) – o lateral-esquerdo, que foi da base do Alvinegro, é daqueles jogadores que o santista tem que fazer esforço pra lembrar. Fez somente seis partidas pela equipe como profissional, tendo ido para o rio Ave, de Portugal, em 2013, com somente 20 anos. Depois, foi negociado para o Palmeiras em 2014 e hoje está na Lusa. Precisa mostrar a que veio.

Jorge Eduardo (Osasco-Audax) – vindo do Audax por empréstimo para ser campeão da Copinha pelo Santos em 2014, o meia-atacante foi utilizado algumas vezes na equipe principal no ano passado, mas a negociação para a sua permanência emperrou. O clube de Osasco exigia R$ 300 mil por 60% dos seus direitos econômicos, sem dinheiro em caixa, o Peixe devolveu a promessa, que vai disputar o Paulistão pelo seu time de origem.

Rychely, que recebeu apelido de "Kléber Pereira" por parecer com ex-jogador do Peixe

Rychely, que recebeu apelido de “Kléber Pereira” por parecer com ex-jogador do Peixe

Rychely (Red Bull) – você pode até não se lembrar, mas Rychely foi campeão da Libertadores de 2011 pelo Santos. Atacante veloz vindo do Santo André, chegou em maio e ganhou vaga no elenco da competição sul-americana por conta da lesão de Diogo. Foi emprestado para o Vitória no segundo semestre e depois passou por Paulista, Goiás, Ceará e Chapecoense.

Dimba (Penapolense) – primo do artilheiro do Goiás de mesmo nome, foi destaque nas divisões de base e jogou as Copinhas de 2010 e 2011. Foi inscrito na Libertadores de 2012, jogou algumas partidas do Paulista daquele ano, mas não teve muitas chances com Muricy Ramalho, tendo sido rejeitado por jogadores do quilate de Rentería. Passou por Náutico, Botafogo-SP, Boa Esporte, Penapolense e Vila Nova-GO.

Renan Mota (São Bento) – vice-campeão da Copa São Paulo de Juniores em 2010, foi ele quem marcou o gol do empate em 1 a 1 na final contra o São Paulo, que venceu o Alvinegro nos pênaltis. Foi promovido para a equipe profissional no mesmo ano, sendo campeão da Copa do Brasil. Sem se firmar, foi emprestado, reemprestado e agora tem nova chance de mostrar seu futebol na equipe de Sorocaba.

Rildo (Ponte Preta) – esse dispensa apresentação. Em que pese ter feito uma ou outra boa partida pelo Santos em 2014, caiu em desgraça pelos gols perdidos e por correr demais e pensar de menos nos lances, em especial os decisivos. Voltou de empréstimo ao time que o revelou.

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