Meia vindo da Internacional de Limeira chegou como grande promessa à Vila Belmiro, aos 22 anos, mas sua conturbada vida extracampo acabou fazendo com que seu talento não sobressaísse
O Bola da Vez, da ESPN Brasil, programa de entrevistas da emissora, traz nesta terça-feira um ex-jogador do Santos que apareceu como um futuro craque, mas que não vingou. Pior, ficou mais famoso, de uma forma nada boa, fora do que dentro dos gramados.
Piá chegou ao Santos em agosto de 1996, vindo da Inter de Limeira como maior revelação da Série A-2 daquele ano. Na final do quadrangular, ele marcou dois dos gols da vitória de 4 a 0 da Inter sobre a Portuguesa Santista. Ambas as equipes subiram à divisão principal do futebol de São Paulo.
Aos 22 anos, reportagem da Folha de S. Paulo ressaltava que o garoto chegava com os cabelos pintados de vermelho e bastante elogiado por José Teixeira, técnico do clube à época (na Inter, havia sido treinado por José Macia, o Pepe). Evitava comparações com Giovanni, que havia deixado o clube poucas semanas antes de sua chegada.
Atuando em um time grande e com salário generoso, a fama e o dinheiro aliados à falta de estrutura familiar acabaram atrapalhando a carreira do atleta. Segundo ele mesmo adianta na chamada do programa da ESPN e também de acordo com o site Historiador do Futebol, foi nesse período que ele passou a sair com frequência na noite de Santos, chegando a provocar quebradeiras nos estabelecimentos locais. O comportamento lhe valeu uma chamada do próprio Rei Pelé, que foi a sua casa conversar.
Piá estreou pelo Peixe em uma partida amistosa contra o Comercial de Ribeirão Preto, entrando no lugar de Andradina, e oficialmente em uma partida contra o Guarani, pelo campeonato brasileiro de 1996, substituindo mais uma vez o meia. Teve oportunidade como titular na polêmica partida contra o Fluminense no Ícaro de Castro Mello, marcada pela presença do colombiano Usuriaga. Formou o meio de campo naquele dia junto com Marcos Assunção, Carlinhos e Robert.
Manteve a condição de titular por mais quatro partidas, voltando ao banco quando José Teixeira resolveu recuar Jamelli do ataque para a posição de meia-atacante. Com a chegada do meia Vágner e depois de Élder, passou a ser cada vez menos escalado entre os onze, entrando eventualmente em algumas pelejas.
Em 1997, com a vinda de Vanderlei Luxemburgo, atuou como titular em quatro dos seis jogos do Torneio Rio-São Paulo, inclusive na segunda partida da final contra o Flamengo, quando teve a seu lado no meio de campo Marcos Assunção, Vágner e o recém-chegado Alexandre. Mas no início do campeonato paulista perdeu seu posto com a volta de Robert e enfrentou a concorrência para entrar nas partidas com outros meias, Caíco e o prata da casa Eduardo Marques.
Com as atuações instáveis e os problemas extracampo, Piá foi emprestado seguidamente para outros clubes, já em 2007, quando foi para Coritiba, São José, Matonense (2 vezes) e Ponte Preta antes de retornar ao Peixe no ano 2000, quando chegou a ter oportunidades com Giba. “Agora, estou mais maduro. Fora do campo, sou outra pessoa. Não tem mais aquele negócio de sair à noite, de mulherada. Sou casado, tenho dois filhos e ganhei experiência”, disse o meia quando foi relacionado pela primeira vez pelo técnico.
Mas não durou. Seguiu para a Ponte Preta novamente, desta vez ficando até 2003, tornando-se ídolo da torcida. Seu desempenho fez com que fosse contratado pelo Corinthians em 2004, mas também foi mal. Passou por dez clubes depois e se aposentou pelo União São João, em 2013. Depois disso, começou a ser destaque nas páginas policiais, sendo preso por furto a caixa eletrônico em Campinas, em 2014, depois de tentar “pescar” notas também em caixas eletrônicos em abril de 2015 e, em agosto do mesmo ano, quando utilizou dinheiro furtado. Antes, já havia sido absolvido em julgamento no qual era acusado de, em 2009, ter sido coautor de um homicídio.