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Lembra dele no Santos? Fernando Fumagalli, um ex-menino da Vila

Herói da classificação do Guarani à final da Série C de 2016, meia foi levado da Ferroviária para a base do Peixe, mas não emplacou

Fernando Fumagalli tem sido destaque no noticiário esportivo por conta de sua grande atuação em uma sensacional virada do Guarani contra o ABC-RN, em duelo válido pela semifinal da Série C de 2016. Após perder de 4 a 0 a primeira partida, o Bugre de Campinas devolveu com juros a derrota atuando em casa: 6 a 0, com três gols de Fumagalli.

O jogador tem 81 gols em 251 pelejas pela equipe campineira, mas no Santos, onde surgiu para o futebol profissional, não brilhou. Trazido da Ferroviária aos 18 anos, ele fez parte do sub-20 que disputou bem a Copa São Paulo de Juniores em 1997. A equipe chegou à semifinal da competição, desclassificada pelo clube que seria campeão naquele ano, o Lousano Paulista.

Além de Fumagalli, à época chamado só de Fernando, estavam outros atletas que mais adiante subiram para o profissional do Santos. Os companheiros de ataque Adiel e João Fumaça, o meia Eduardo Marques, os laterais Michel e Gustavo Nery, e o centroavante Rodrigão.

fumagalli menino da vila

Fernando Fumagalli, herói do Guarani, iniciou sua trajetória profissional no Santos

O então jovem Fernando fez sua primeira partida pelo Peixe em 13 de abril daquele mesmo ano, entrando no lugar do atacante Macedo. Marcou um gol na vitória de 2 a 0 contra a Portuguesa Santista, no Ulrico Mursa, em partida válida pelo campeonato paulista. O outro tento foi marcado por João Fumaça.

Foi titular da equipe dirigida por Vanderlei Luxemburgo nas duas partidas seguintes, empates em 1 a 1 contra a Internacional de Limeira, quando formou o ataque ao lado de João Fumaça e anotou o gol de empate alvinegro, e outro em 2 a 2 contra o São Paulo, quando atuou ao lado de Muller e foi substituído por Careca.

Na sequência, perdeu espaço para Alessandro e para o próprio atacante veterano, deixando de participar das nove partidas que a equipe disputou no Paulista. Só voltou a atuar no terceiro jogo do Brasileiro, vitória contra o Grêmio por 2 a 1. Mas sua participação parou por aí, ainda mais com a chegada de mais concorrência no ataque, com as vindas de Caio (o hoje comentarista Caio Ribeiro) e o paraguaio Edgar Baez. Fumagalli só teve chances em uma excursão que o Alvinegro fez na Europa.

Em 1998, já com Émerson Leão como técnico, teve que conviver com mais concorrência no ataque, com as vindas de Lúcio e Viola e, no segundo semestre, Aristizábal, Robson Luís e Fernandes, além das ascensões de Messias e do retorno de Adiel. Entrou em duas partidas no Brasileiro, fora um amistoso com a seleção da Jamaica. Fumagalli foi emprestado ao Tokyo Verdy e, na sequência, ao América de Rio Preto, retornando ao Peixe em 1999. Com poucas chances, rescindiu seu contrato e foi para o Guarani, em sua primeira passagem, indo para o Corinthians logo depois. Passou ainda por clubes como Fortaleza, Sport, Vasco, entre outros, até voltar para o Bugre em 2012.

No Peixe, Fernando Fumagalli marcou quatro gols em 19 partidas.

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Robinho já é o 16º maior artilheiro da história do Santos

Com gol feito contra o Sport na partida deste domingo, o atacante Robinho, em sua terceira passagem pelo Alvinegro, alcançou a marca de 11 gols com a camisa santista, empatando com Vasconcelos na lista dos maiores artilheiros da história do clube.

Robinho, 16º maior artilheiro da história do Santos (Ivan Storti/Santos FC)

Robinho, 16º maior artilheiro da história do Santos (Ivan Storti/Santos FC)

E Robinho não empatou em gols com qualquer jogador, mas com um dos craques da trajetória peixeira. O meia esquerda Válter Vasconcelos Fernandes, que nasceu em Belo Horizonte (MG), foi revelado pelo Vasco da Gama mas, sem espaço no clube após poucas pelejas na equipe principal, acabou indo para a Portuguesa Santista em 1951. Em 1953, já estava no Santos, sendo um dos principais jogadores do time que quebraria o jejum de títulos da equipe, sagrada campeão paulista em 1955 e 1956.

Foi ele quem cuidou do Gasolina, aquele garoto vindo de Bauru que depois ficaria conhecido como Pelé. Também quis o destino que fosse em sua vaga que o futuro Rei do Futebol se tornasse titular. Em uma partida contra o São Paulo disputada em 1956, uma disputa de bola com o zagueiro que mais tarde defenderia o Santos, Mauro Ramos de Oliveira, seria responsável pela contusão mais séria da sua carreira. Com a perna quebrada, Vasconcelos abriu espaço para o garoto de quem era o tutor.

Boêmio, Vasconcelos entrou em uma fase descendente após a lesão. Ainda assim anotou, em 181 jogos pelo Peixe, 111 gols entre 1953 e 1959, marca que Robinho alcançou após 253 pelejas. Saiba mais sobre a trajetória desse grande jogador aqui.

O Rei das Pedaladas tem, em 105, oito gols em vinte partidas. Se renovar o seu contrato com o Santos, pode ultrapassar Raul Cabral Guedes, que fez 120 tentos entre 1933 e 1942, 15º maior artilheiro do Peixe. Como, de qualquer forma, pode ficar até sete jogos fora do clube em função da Copa América – se a seleção brasileira chegar à final – teria mais 27 jogos para subir mais um posto na tábua de goleadores. Podem entrar na conta ainda pelejas da Copa do Brasil ou da Sul-Americana.

Entre os maiores artilheiros pós-Era Pelé, Robinho continua na segunda colocação. O primeiro desta lista é Neymar, com 138 gols.

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101 anos do Santos – veja quais jogadores fizeram 4 ou mais gols em uma só partida

Na peleja que antecedeu o aniversário de 101 anos do Santos, comemorado hoje, Neymar resolveu dar um presente à torcida fazendo quatro gols contra o União Barbarense. Foi a terceira vez que ele marcou quatro gols em uma mesma peleja, já havia feito isso no Brasileiro de 2012, contra o Atlético-PR, e pela seleção sub-20, no Sul-americano da categoria em janeiro do ano passado, contra o Paraguai. Mas, pela Copa do Brasil de 2010, Neymar fez mais: cinco tentos contra o Guarani, na goleada de 9 a 1 do Alvinegro.

Mas o Santos, time profissional que tem mais gols no planeta, tem outros exemplos de artilheiros que fizeram a festa da torcida em uma partida. E, de acordo com o Almanaque do Santos FC, de Guilherme Nascimento, o primeiro santista a marcar quatro gols em uma mesma partida foi o meia Paul, em 9 de setembro de 1913. A partida foi contra o Atlético Santista, vitória por 6 a 3. Em 1915, Ary Patusca foi além, marcando seis contra o São Paulo Railway, vitória de 8 a 0 do Santos. O detalhe: quatro gols foram de cabeça.

Em 1917, o mesmo Ary faria seis gols de novo, contra o São Cristovão, do Rio de Janeiro. No triunfo peixeiro de 8 a 4, todos os gols foram de cabeça. No ano seguinte, 10 a 0 no Americana, e ele marcou seis, com Fontes fazendo os outros quatro. Ary Patusca disputou 85 jogos pelo Santos e marcou 103 vezes, média de 1,21 por peleja.

Haroldo Domingues também fez quatro na vitória peixeira sobre o Ypiranga em 1919, 6 a 3. Ele, aliás, é um personagem central na história da seleção brasileira. Foi técnico e jogador do time que conquistou a primeira Copa América da história do país, no mesmo ano de 1919, contra o Uruguai.

Araken, Feitiço e a linha dos cem gols

Araken, irmão de Ary: família de artilheiros

Araken, irmão de Ary: família de artilheiros

Sabem aquela história do “ele é bom, mas bom mesmo é o irmão dele”? Pois Ary Patusca tinha um irmão, Araken, que começou a jogar no Peixe em 1923 e formaria, junto com Omar, Camarão, Feitiço e Evangelista a primeira linha que faria cem gols em um campeonato no Brasil, em 1927. Mas, antes da consolidação desse ataque assombroso, Camarão fez quatro em 1927, na vitória contra o Ypiranga. No mesmo ano, Araken debutaria na lista dos “goleadores quádruplos” no triunfo de 7 a 1 contra o AA Pinhalense. Já Camarão marcou quatro no 8 a 3 contra o SC Internacional em 1926. Daí chegou 1927 e…

Na primeira partida do ano, a maior goleada do Peixe até então: 11 a 1 contra o CA Ipiranga, só Araken fez cinco. No campeonato paulista, foram 16 partidas e 100 gols marcados, média incrível de 6,25 por jogo. Patusca foi o artilheiro da competição e prepare-se para a lista das pelejas nas quais ele marcou pelo menos quatro vezes. No 9 a 3 contra o São Paulo Alpargatas e no 10 a 1 contra o Guarani, fez quatro; no 10 a 2 diante do AA República, marcou cinco; contra o SC Americano, fez seis em um 11 a 3; e na super goleada de 12 a 1 contra o CA Ipiranga foi às redes sete vezes.

No mesmo campeonato paulista, Feitiço ficou atrás, mas não muito. Marcou quatro no 7 a 1 no AA Barra Funda e fez bis no 11 a 2 contra a mesma equipe. Marcou todos os tentos da vitória de 4 a 3 contra o Comercial de Ribeirão Preto, foi o autor de todos os cinco gols do 5 a 3 contra a Portuguesa Santista e marcou cinco no 9 a 0 contra o Corinthians de Santo André. O Alvinegro acabou com o vice-campeonato ao ser derrotado em partida com arbitragem polêmica, um 3 a 2 para o Palestra Itália.

Feitiço, média de 1,4 gol por jogo

Feitiço, média de 1,4 gol por jogo

Feitiço é o quinto maior artilheiro da história do Alvinegro, com 213 gols em 151 partidas, média de 1,4 por jogo. Já Araken é o oitavo na lista, média de 0,91 por peleja. Em 1928, Wolf fez cinco nos 10 a 0 contra a Portuguesa E, mas Feitiço continuou fazendo história. E que história. Marcou quatro nos 6 a 3 contra o CA Ipiranga e cinco no 7 a 2 contra a Portuguesa E, ambos em 1929. No ano seguinte, uma partida histórica. O Alvinegro derrotou a seleção francesa por 6 a 1, e ele balançou as redes quatro vezes.

Antes do Peixe obter seu primeiro título paulista, em 1935, Raul Cabral Guedes fez seis gols no 9 a 1 contra a seleção fluminense, em 1933. Mais à frente, Carabina marcaria seis na vitória por 10 a 3 contra o Coritiba (jogo de estreia dele e de Antoninho), em 1941, sendo cinco tentos de cabeça, repetindo a dose em outra goleada por 8 a 2 contra o Comercial, no mesmo ano. Sete anos mais tarde, em 1948, o contestado atacante Odair Titica fez todos os cinco da vitória contra com Comercial, em grande partida de Antoninho, o arquiteto.

Pelé e a Era de Ouro

Pelé chegou no Peixe, que era bicampeão paulista de 1955/1956, em 1957, e iniciaria então a maior trajetória de gols de um atleta profissional. Foram muitas vezes em que ele marcou quatro tentos, mas, oficialmente, a primeira aconteceu na sua 29ª partida pelo Alvinegro, um 7 a 2 contra o Lavras, de Minas Gerais no seu ano de estreia. No mesmo ano, faria de novo a mesma marca outras três vezes nas goleadas contra o Guarani, 8 a 1, Nacional, 7 a 1, e Portuguesa Santista, 6 a 2.

Sim, o Rei Pelé fez isso em seu primeiro ano como atleta profissional, e, contra o time em que fez mais gols, o Corinthians, marcou quatro gols de uma só vez em três ocasiões: 6 a 1 em 1958, 7 a 4 em 1964 e 4 a 4 em 1965. Fez também o mesmo número de tentos contra outros times grandes, como em 1961, contra o São Paulo, em um 6 a 3. E nem times de fora escaparam, que o diga a Inter de Milão, que tomou um 7 a 1 em 1959 com quatro gols de Pelé, o que garantiu o título do Torneio de Valência ao Alvinegro. O Rei também vitimou o Eintracht, da Alemanha, resultado de 5 a 2. Marcou cinco tentos contra Prudentina, Noroeste, Remo… E, claro, não se pode esquecer o histórico 11 a 0 no Botafogo de Ribeirão Preto, em 1964, no qual fez oito.

Nesse período da chamada Era Pelé, não era só ele que brilhava, obviamente. Coutinho fez cinco gols em três ocasiões diferentes: na vitória por 12 a 1 contra a Ponte Preta em 1959; na “sacolada” contra o Basel, da Suíça (lá) por 8 a 2 em 1961 e no triunfo sobre o XV de Piracicaba, por 5 a 1, em 1962. Toninho Guerreiro marcou quatro na goleada contra o Grêmio Maringá, 11 a 1 no ano de 1965. Douglas, em um amistoso contra o Benfica de Hudson (EUA) anotou quatro em um 10 a 1, disputado em 1970.

Molina, quatro vezes contra o San Jose

Molina, quatro vezes contra o San Jose

Dino Furacão, Giovanni e Molina

Depois da Era Pelé, o clube oscilou bastante, vivendo alguns períodos nos quais teve várias formações mais fracas. Mesmo quando não disputou títulos, o Peixe conseguiu em diversas ocasiões ou ter o melhor ataque ou o artilheiro da competição. Mas, às vezes, aparecia uma artilheiro de um jogo só que depois não vingava.

Foi o caso, por exemplo, de Dino Furacão, já citado neste post. No Brasileiro de 1986, o Peixe bateu o Náutico por 5 a 0 na Vila Belmiro, e ele fez quatro. Dez anos mais tarde, um atleta com muito mais técnica, o Messias Giovanni, fez quatro na goleada alvinegra de 8 a 2 contra o União São João de Araras.

Na Libertadores de 2008, foi a vez do meia colombiano Molina brilhar. Ele marcou quatro na goleada peixeira de 7 a 0 contra o San Jose, de Oruro. Agora, é torcer para que Neymar ainda possa fazer outros tantos pelo Santos. E esperar os outros que ainda virão.

PS: Um parênteses aqui: muitos torcedores, de todos times, reclamam da parcialidade da mídia, muitas vezes por paranoia ou pela não aceitação de argumentos contrários, mas em outras há doses gigantes de razão. Em 2011, quando ao atacante do Fluminense Fred fez quatro na vitória contra o Grêmio por 5 a 4, o Estado de S.Paulo publicou esta matéria com o seguinte título: “Veja quem, como Fred, já marcou quatro gols numa mesma partida”.

Bom, dá pra esperar alguma diversidade dos exemplos, não? Não. O único representante do time que mais marcou gols no mundo é Pelé, e cita-se apenas uma partida, o 6 a 1 contra o Corinthians em 1958. Dos outros sete exemplos, seis são de jogadores do São Paulo. Pessoal podia disfarçar um pouquinho, né?

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Montillo e a chance de mais um argentino fazer história no Santos

A chegada do meia argentino Walter Montillo ao Santos engrossa a lista de estrangeiros que já jogaram no clube da Vila Belmiro. Desde que o atacante irlandês Harold Cross e o arqueiro francês Julien Fauvel, respectivamente em 1912 e 1913, abriram a fila, 76 estrangeiros atuaram no Peixe, o ex-cruzeirense será o 77º. E foram justamente os conterrâneos de Montillo os gringos que mais vestiram o manto santista. Com o atual contratado, são 26 os argentinos que jogaram no Santos.

Montillo é a esperança de bom futebol em 2013 para o Santos.

Em relação a outros clubes, é um número elevado de atletas vindos de outros países. O Corinthians teve 34 estrangeiros em sua história (sim, a conta já inclui o Zizao); o Botafogo, 58, o mesmo número do Flamengo. E o torcedor santista tem na memória boas lembranças com alguns estrangeiros, talvez a mais evidente para aquele que tem mais de 30 anos seja a passagem do monumental uruguaio Rodolfo Rodríguez, mas, se formos falar apenas de argentinos, há grandes nomes, outros com boa passagem e frustrações daquelas.

Em meados dos anos 40, o atacante Echevarrieta já havia sido ídolo no Palestra Itália, equipe pela qual marcou 114 gols em 127 jogos. Em sua passagem pelo Santos, entre 1942 e 1943, também manteve uma alta média de aproveitamento. Foram 25 jogos com 20 tentos marcados. No entanto, depois de uma derrota para o Corinthians, ele e Magonones foram suspensos pela direção técnica, permanecendo três meses sem receber qualquer remuneração. O argentino seguiu para o Ypiranga (veja mais aqui).

O lendário Ramos Delgado junto com Pelé, na Vila famosa.

Foi no fim da década de 1960, a mais dourada da história alvinegra até agora, que veio do Banfield José Manuel Ramos Delgado, um dos maiores defensores da história alvinegra. No período entre 1968 e 1972, ele foi capitão do Alvinegro, posto que também ocupou na seleção argentina, e colecionou títulos como o tricampeonato paulista (1967-1969) e o Brasileiro de 1968. Encerrou sua carreira na Mais Briosa, a Portuguesa Santista, em 1973, depois de ser o estrangeiro com maior número de atuações pelo Santos: 323 partidas.

Ainda com Ramos Delgado no clube, chegou em 1970 vindo do Racing o arqueiro Agustín Cejas, outro estupendo goleiro que vestiu a camisa peixeira até 1975. Campeão paulista de 1973, venceu, no mesmo ano, a Bola de Ouro da Placar junto com o gremista Ancheta. Foi o terceiro estrangeiro que mais atuou pelo Alvinegro, ficando duas partidas atrás de Rodolfo Rodríguez.

Do mesmo Racing, porém, um jogador do qual se esperava muito, pouco rendeu na Vila Belmiro. Leopoldo Luque tinha sido uma das principais peças da seleção argentina campeão mundial de 1978, mas, já em 1983, com 34 anos, não rendeu no Santos. Em cinco participações, não marcou nenhum gol e quase não deixou recordações para o torcedor alvinegro.

A contratação de atletas argentinos voltaria na dinastia Marcelo Teixeira, iniciada em 2000. Querendo justificar suas promessas de campanha com contratações de peso. Um dos principais nomes foi o argentino Galván, zagueiro vice-campeão brasileiro pelo Atlético-MG em 1999. O bom mesmo da zaga das Alterosas era Gerson Caçapa, mas foi o que se pôde fazer… Sem convencer, o portenho, que os antigos definiriam como “cintura dura”, lento, saiu no começo de 2002, ano em que o time saiu da fila de 18 anos sem títulos importantes.

O argentino Trípodi, gol decisivo, mas só.

Ainda na Era MT, o atacante Frontini vestiu o manto peixeiro, fazendo um gol em nove partidas disputadas em 2005. Depois, em uma leva de estrangeiros trazidos pela nada saudosa DIS, que tinha o chileno Sebastían Pinto e o inesquecível equatoriano Michael Jackson Quiñonez, salvando-se somente o colombiano “Mao” Molina, se incluía o argentino Mariano Trípodi. Ele até fez um gol importante pelo clube, na peleja decisiva contra o Cúcuta na Libertadores de 2008, mas foi só.

Agora, chega Montillo, que se junta a outros dois compatriotas que precisam convencer: o jovem Patito Rodriguez e o atacante Miralles. Quem sabe a mistura não dá samba. Ou um triste tango… para os rivais.

 

Por onde andam em 2013 alguns dos últimos atletas estrangeiros do Santos:

– Frontini – acertou com o Volta Redonda para disputar o campeonato estadual do Rio de Janeiro em 2013.

– Sebastían Pinto – ainda que tenha sido cogitado seu retorno ao Chile, ainda está no Bursaspor, da Turquia.

– Michael Jackson Quiñonez – um dos destaques do Barcelona de Guayaquil, incrivelmente tem sido convocado para a seleção do Equador.

– Mariano Trípodi – poucos atletas têm a honra de jogar no maior clube de um país. Trípodi pode se orgulhar: atua hoje no FC Vaduz, maior equipe de Liechtenstein.

– Molina – foi campeão nacionala da Coreia do Sul em dezembro, atuando pelo Seongnam.

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Mario Sergio Cortella e o centenário do Santos

O filósofo Mario Sergio Cortella deu um depoimento interessante sobre o Santos, seu time de coração, para a rádio CBN (citada neste post aqui). Das considerações que ele faz sobre o Peixe, está a relação entre a filosofia e o clube. “Há uma certa identidade entre a atividade da filosofia e o Santos. A filosofia nos ajuda a introduzir um pouco da suspeita, isto é, de ir além de óbvio. E é um modo do Santos jogar, desde que pra ele torço, que ultrapassa o óbvio”, sustenta, lembrando do esquadrão peixeiro dos anos 60 e também dos times que contaram com Robinho e Diego e o de hoje, com Ganso e Neymar.

Outra alusão interessante feita por Cortella diz respeito à origem do sobrenome Santos, que foi adotado por muitos ex-escravos para que tivessem uma identidade perante o Estado brasileiro. “O Santos sempre teve um vínculo muito popular e, nesse sentido, não se pode perder essa condição”, acredita. “Isto é, é necessário sofisticar o jogo, é necessário sofisticar a capacidade de gestão da equipe, é necessário sofisticar a condição de praticar futebol, mas em nenhum momento o time deve se tornar arrogante. Nossa história nos ilumina, mas ela não é o suficiente.”

Ele fala também de seu jogo marcante, que foi uma partida disputada no Pacaembu em 1969, entre Santos e Portuguesa Santista. Vale conferir a íntegra abaixo:

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Marcelo Passos, quase herói em 1995

O gol de Kaká contra o Apoel no meio da semana me fez lembrar de um jogador que quase foi herói de um campeonato brasileiro para o Santos. Aquele canto, o lado destro da área rival, foi durante algum tempo o espaço preferido de Marcelo Passos, um jogador que envergou a camisa dez (e outros números em várias ocasiões) pelo Santos entre 1991 e parte de 1996, e depois em 1997, após passagens por Goiás e Flamengo.

Um atleta de meio de campo habilidoso, nascido no Guarujá em 1971, com um potente chute de longa distância e características de ponta de lança que fizeram a torcida peixeira acreditar no garoto que surgia na equipe profissional aos 20 anos. Dispensado quatro vezes do Santos nas categorias de base, esteve no Portuários, AD Guarujá, Jabaquara e Portuguesa Santista. Entre essas idas e vindas, em um teste, foi aprovado no São Paulo, mas ao retornar para Baixada para desfazer seu vínculo com o Peixe, ficou no clube.

Como aspirantes, se beneficiou de uma das regras vigentes à época para se destacar entre os juniores: a partir de determinado número de faltas cometidas pelo time, a punição era tiro livre direto. Como Marcelo Passos era um exímio batedor de faltas, sua qualidade gerou expectativas quanto a sua estreia na equipe profissional.

A esperada estreia, segundo conta nesta entrevista, foi contra o Ituano, em outubro de 1991, mas, recorrendo ao Almanaque do Santos, a primeira vez em que vestiu a camisa do profissional do Peixe foi uma peleja antes, vitória por 3 a 0 no XV de Piracicaba no Pacaembu. Na ocasião, substituiu Sérgio Manoel. O Alvinegro entrou em campo naquele dia com Sérgio, Índio, Pedro Paulo, Rogério e Flavinho; Axel, Sérgio Manoel e Zé Renato, Serginho Fraldinha, Wellington e Tato (Luizinho). Mesmo com grande talento, o temperamento explosivo fora de campo fez com que nunca tivesse chegado a se firmar em uma temporada inteira como titular. No total, 118 jogos e 31 gols com a camisa alvinegra.

No entanto, o meia teve momento inesquecíveis para a torcida. No Brasileiro de 1995, por exemplo, naquela célebre formação de Cabralzinho, Marcelo Passos foi o principal responsável pela classificação para as semifinais na última partida da primeira fase contra o Guarani. O time de Campinas, que não tinha mais chances de se classificar, jogou como poucas vezes graças a uma mala branca de Minas Gerais, já que o Atlético, se ganhasse do Vitória e o Santos não superasse o rival, iria para a decisão do Brasileiro. A missão campineira ia se cumprindo até os 37 do segundo tempo, quando Marcelo Passos dominou no lado direito da grande área e acertou o ângulo esquerdo do arqueiro Léo. Giovanni marcou mais uma vez e o Peixe enfrentou o Fluminense na semifinal.

Na segunda épica peleja pela semifinal daquele ano, Passos fez o gol número cinco contra o Fluminense, após lance primoroso e histórico de Giovanni no 5 a 2. Mas a chance de inscrever seu nome de forma definitiva na história do Peixe surgiria na final contra o Botafogo. Na peleja definitiva, fez o gol de empate e seria o autor da assistência do gol do título, em cobrança de falta para a cabeçada de Camanducaia. Mas Márcio Rezende de Freitas assinalou um impedimento inexistente e Marcelo Passos não foi o herói que o santista tanto precisava. Ainda assim, o torcedor que viveu aqueles anos 1990 vai guardar na memórias belos lances de um habilidoso meia que poderia ter ido mais longe no futebol.

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O maior ponta artilheiro do Brasil

“Sou o maior atilheiro da história do Santos. O Pelé não conta, ele não é humano”. É assim que José Macia, o Pepe, gosta de se referir ao fato de ter marcado 405 gols com a camisa 11 do time da Vila Belmiro, o que o deixa atrás apenas do Rei na lista de maiores goleadores do clube. No entanto, se a comparação com Pelé é ingrata para qualquer atleta, o Canhão da Vila tem feitos admiráveis na história do futebol.

Lembre-se de grandes pontas que já passaram pelos campos brasileiros. Garrincha, Canhoteiro, Julinho Botelho, Zagallo, Jairzinho, Edu, Dorval… Nenhum dele chegou perto do número de tentos marcados por Pepe, o maior ponta artilheiro do país. Além dos mais de 400 marcados pelo Alvinegro Praiano, foram vinte pela seleção brasileira e 16 pela seleção paulista. Também é o atleta com maior número de títulos importantes no ludopédio tupiniquim: 51, entre eles nove Paulistas, cinco Taças Brasil, quatro Rio-São Paulo, duas LIbertadores, dois Mundiais Interclubes e duas Copas do Mundo (1958 e 1962). E também conta com um troféu Belfort Duarte, por conta do aspecto disciplinar. Em 16 anos de futebol, entre 1954 e 1969, todos eles jogados no Santos, Pepe jamais foi expulso.

Pepe estreou no Santos em 1954, quando um treinador estreante, vindo das categorias de base, Luis Alonso Peres, o Lula, começou a dar chances na equipe de cima para alguns atletas que conhecia bem. E Pepe era um deles, famoso pela velocidade e pela potência do chute que o marcara desde a época de amador no clube Continental, da gloriosa São Vicente. No ano seguinte de sua estreia, o jovem já entraria para a história do Santos.

O time da Vila Belmiro precisava vencer o Taubaté, em casa, para se sagrar campeão paulista. O Corinthians estava logo atrás na tabela, e a vontade com que o clube do Vale do Paraíba entrara em campo sugeriu uma senhora mala preta para os atletas da chamada Burra da Central. O empate em 1 a 1 até os 38 do segundo tempo não deixavam a torcida santista celebrar um título depois de vinte anos. Aí apareceu Pepe. Ele recebeu de Álvaro e, da meia-esquerda, disparou um petardo de esquerda, rasteiro, indefensável. Era o herói daquela conquista que daria início à era mais gloriosa do Santos. Pelé chegaria só em 1957 e entraria em um time já formado, bi-campeão, e que devia muito disso a José Macia.

Mas talvez o grande jogo de Pepe tenha sido a memorável virada propiciada por ele na segunda partida da final do Mundial Interclubes, em 1963. O Milan havia vencido o Alvinegro por 4 a 2 na ida e, na de volta, vencia por 2 a 0 até o intervalo. Sem Pelé e o capitão Zito, foi Pepe quem resolveu.

De um primeiro tempo com céu estrelado para uma torrencial chuva na segunda etapa. O Maracanã alagado, mesmo com 132 mil pessoas a favor do Santos, poderia ser a trincheira ideal para a forte defesa italiana com Maldini e Trapattoni. Mas não foi. A guerra começou a ser decidida com um petardo de Pepe, de falta, a 4 minutos. Aos 21, o Canhão voltou a funcionar e saía ali o quarto gol.

Menos de metade do segundo tempo e a base da seleção italiana, reforçada por Amarildo, o “possesso”, um dos heróis brasileiros de 1962, e Mazzolla, campeão do mundo em 1958, caía perante o Santos. Sem Pelé, sem Zito, sem Rildo, mas com Pepe, Almir, Coutinho, Lima…

E olha que Pepe quase não disputou a partida. Quem conta essa história é o próprio, que tive o prazer de entrevistar para a revista Fórum. E assim ele descreveu aquele momento decisivo para a história do Peixe:

Fórum O Santos sem Pelé, machucado, e você não ia jogar...

Pepe – A equipe precisava de mim, dos meus chutes e ele ia colocar o Batista, que jogava mais na armação. O Lula estaria preocupado porque o time do Milan era muito forte e ele queria fechar mais o meio. Quando o Dalmo me disse isso, falei: “vou dar um bico na bola e vou embora, vou pegar o primeiro trem”. Bem na hora da decisão com o Milan eu ia ficar de fora para entrar um jogador que nem é ofensivo?

Acabei ficando lá e quando deu 5 horas da tarde – o jogo era às 9¬–, fui chamado para um quarto da concentração. E lá estava o Lula, que me perguntou: “ô, ‘Bomba’, como é que tu está hoje?” Respondi: “estou bem, professor, pode contar comigo”. Acho que o Modesto Roma e o Nicolau Moran tiraram da cabeça dele a asneira que iria fazer, talvez, por conta daquela pontinha de vaidade. Aí joguei e, se eu não jogasse, realmente o resultado seria outro. Virei a partida, marquei o primeiro gol e aproveitei bem o campo molhado com meu chute forte, coisa que o Batista não tinha como aproveitar.

(A entrevista completa está aqui)

Já como técnico, Pepe foi o comandante do último título de Pelé no Santos, o Paulista de 1973. Foi autor de outra façanha ao dirigir a Inter de Limeira no primeiro título estadual de um clube do interior, transferindo-se no mesmo ano para o São Paulo e obtendo o campeonato brasileiro daquele ano. Apareceu bem ainda à frente da Portuguesa Santista em 2003, levando o time às semifinais do Paulista e revelando atletas como o volante Adriano, o atacante Rico e o meia Souza, que foram para o São Paulo logo em seguida.

No campo ou no banco, sempre campeão. E santista de alma. Neste dia 25 de dezembro, quando completa 74 anos, as sinceras homenagens do autor deste blogue e de toda a nação peixeira.

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