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São Paulo 3 X 2 Santos – um longo calvário sem Robinho?

Clássico San-São foi o primeiro da equipe alvinegra sem o Rei das Pedaladas e evidenciou que o time ainda não tem uma forma de jogar definida para suprir a ausência do atacante

O clássico entre Santos e São Paulo disputado ontem à noite no Morumbi foi a primeira das prováveis sete partidas que o Alvinegro jogará sem Robinho. E a confusão tática mostrada no decorrer da partida evidenciou o quanto o Santos sente falta do Rei das Pedaladas, que pelo jeito encaminha bem sua renovação.

Isso decorre não somente da qualidade do atacante, mas por não haver nenhum reserva com suas características. No primeiro tempo de ontem, Marcelo Fernandes optou por Rafael Longuine como substituto de Robinho, o que, na prática, significou a mudança do 4-2-3-1 para um 4-4-2, com o meia não atuando do lado esquerdo do ataque, mas compondo a marcação na meia e vez por outra buscando a aproximação com Ricardo Oliveira.

Também por isso, mas não só, a atuação da equipe na etapa inicial foi algo próximo do patético. Com uma postura covarde, jogando excessivamente atrás, o time não soube sair da marcação-pressão que os donos da casa exerceram em boa parte da partida, já que, ao que parece, não existe treinamento na Vila Belmiro para esse tipo de situação de jogo. Dominado no meio de campo, o Santos viu o São Paulo arriscar tiros de fora da área, já que os tricolores também não apresentaram força ofensiva ou criatividade para furar o bloqueio santista na entrada da área.

Diante desse panorama, quem tentou mais, marcou, e o gol são-paulino surgiu em cobrança de falta pelo lado esquerdo da defesa alvinegra, aos 33. Tiro forte, mas no canto de Vladimir, que mais uma vez tomou um gol de falta com uma bola vindo próxima a ele, como aconteceu contra o Avaí. Substituído por Vanderlei no intervalo, o arqueiro deve voltar a frequentar o banco.

Mas se o gol do São Paulo veio em uma falha de Vladimir, foi um pênalti infantil que trouxe de volta o Santos ao jogo. Denílson abriu o braço direito em direção à bola e o árbitro Thiago Duarte Peixoto marcou. Ricardo Oliveira fez aos 46. Um empate imerecido para o Peixe, mas que também fazia jus à fragilidade ofensiva dos donos da casa, que dominaram, mas pouco criaram.

Lucas Lima, perdido no primeiro tempo, não foi suficiente para a vitória santista (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Lucas Lima, perdido no primeiro tempo, não foi suficiente para a vitória santista (Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Marcelo Fernandes muda, e erros individuais enterram o time

No segundo tempo, além da troca no gol, Marcelo Fernandes sacou Rafael Longuine e voltou à formação tática original, com Marquinhos Gabriel sendo o “dublê” de Robinho. O Alvinegro virou o marcador em falha de Rogério Ceni após finalização de Ricardo Oliveira, a um minuto da etapa final.

Contudo, mais uma vez a torcida do Santos nem teve tempo de comemorar, pois o empate veio aos 5, cabeçada de Paulo Miranda depois de escanteio cobrado pela esquerda da defesa santista (é sempre por ali). Um zagueiro cabecear sem qualquer marcação em um lance originado de bola parada é de desanimar qualquer torcedor. Werley, que seria o marcador no lance, vacilou, tendo feito uma partida hesitante também, em especial no segundo tempo.

Curiosamente, para quem se preocupou tanto com a armação defensiva, foi uma substituição na frente que resultou no lance do pênalti da virada são-paulina. Geuvânio jogou boa parte do tempo preocupado em bloquear as descidas do lateral-esquerdo Carlinhos, ex-Santos. Ele cedeu lugar ao meia Marquinhos, ex-Audax, que até chegou bem no ataque com alguma velocidade, mas desempenhou com timidez a função de marcação. E foi em um avanço do lateral tricolor que Daniel Guedes cometeu a penalidade convertida por Ceni.

De positivo, ficaram as atuações de Lucas Otávio e o ímpeto ofensivo de Daniel Guedes pela direita, que buscou jogadas mais agudas e foi bem na frente. Ambos estão mais confiantes com a sequência que têm tido e podem ser importantes no decorrer da competição, em que pesem eventuais erros.

O fato de Marcelo Fernandes buscar variações táticas também é algo a se comemorar, embora o resultado não anime. É preciso treinar situações de saída de bola com marcação-pressão e também lances de contra-ataque, alguns desperdiçados de forma tola quando o jogo estava 2 a 2. E o técnico também deve perceber que, às vezes, no contexto do jogo é melhor abrir mão do centroavante para abrir mais espaços na defesa rival e tornar o ataque mais rápido.

5ª rodada do Brasileirão 2015

São Paulo 3 X 2 Santos

Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)

Data: 3 de junho de 2015, quarta-feira

Horário: 21 horas (de Brasília)

Árbitro: Thiago Duarte Peixoto (SP)

Assistentes: Carlos Augusto Nogueira Junior e Miguel Cataneo Ribeiro da Costa (ambos de SP)

São Paulo – Rogério Ceni; Bruno (Hudson), Paulo Miranda, Dória e Carlinhos; Denílson, Souza, Thiago Mendes (Centurión), Michel Bastos e Ganso; Alexandre Pato (Luis Fabiano)

Técnico: Milton Cruz

Santos – Vladimir (Vanderlei); Daniel Guedes, Werley, David Braz e Victor Ferraz; Lucas Otávio, Renato e Lucas Lima; Rafael Longuine (Marquinhos Gabriel), Geuvânio (Marquinhos) e Ricardo Oliveira

Técnico: Marcelo Fernandes

Cartões amarelos: Michel Bastos, Rogério Ceni, Paulo Miranda, Renan Ribeiro (São Paulo). Ricardo Oliveira, Lucas Otávio, Werley (Santos)

Cartão vermelho: Marquinhos Gabriel

Gols: Michel Bastos, aos 33 minutos do primeiro tempo, Ricardo Oliveira, aos 46 e a 1 minuto do segundo tempo; Paulo Miranda, aos 5, e Rogério Ceni, aos 39 minutos do segundo tempo.

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