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A vitória do Santos sobre o Botafogo e as mudanças de Elano. Levir vai ter trabalho

Sem boa atuação mesmo com as mudanças promovidas pelo interino, Peixe chegou à vitória aos 50 do segundo tempo, graças a Victor Ferraz

Victor Ferraz assegura vitória do Santos contra o Botafogo

Victor Ferraz salvou o Santos quando Levir já tinha deixado o Pacaembu (Ivan Storti/ Santos FC)

O Santos conseguiu uma vitória suada contra o Botafogo na noite desta quarta-feira, no Pacaembu. Os três pontos em casa eram essenciais, mas o triunfo só veio em uma jogada toda feita por Victor Ferraz, já nos acréscimos da partida.

Elano, o técnico interino até domingo, na partida contra o Atlético-PR, promoveu algumas mudanças em relação à equipe montada por Dorival Júnior. Não contou com Ricardo Oliveira, contundido, substituído por Kayke. Com a lógica de “não improvisar”, resolveu substituir outros que não puderam atuar por atletas da mesma posição. Assim, Matheus Ribeiro ganhou uma chance na lateral esquerda, Vecchio, que sequer era relacionado pelo treinador anterior, fez as vezes de Lucas Lima, enquanto Arthur Gomes, outra figura pouco aproveitada por Dorival, ganhou a oportunidade no lugar de Bruno Henrique, expulso contra o Corinthians.

Na primeira etapa, com mais posse de bola, o que é uma das principais características do time, o Santos chegou a ameaçar o gol de Helton Leite, principalmente nos 15 minutos iniciais. Mas a melhor chance foi do Botafogo, que aproveitou um erro de Matheus Ribeiro para efetivar um contra-ataque que colocou Rodrigo Pimpão sozinho na cara de Vanderlei. Ele resolveu passar pra Roger, que acabou desarmado por Thiago Maia. A partir daí, os donos da casa produziram pouco, muito em função do bom sistema defensivo dos visitantes. Com pouca criação no meio de campo, o Peixe insistiu nos cruzamentos, que em geral não davam em nada. Enquanto isso, os botafoguenses ameaçavam com estocadas rápidas no campo santista, provocando faltas e três cartões amarelos somente na etapa inicial. Na segunda metade do jogo, Elano voltou com Jean Mota no lugar de Matheus Ribeiro, improvisando o meia na ala esquerda assim como fazia Dorival. A toada mudou pouco, e o Botafogo continuou ganhando o jogo no meio de campo, evitando as investidas santistas e adiantando um pouco mais a marcação. Mais uma vez Elano tentou alterar o modo de jogar, colocando Rodrigão no lugar de Vecchio, deslocando Vitor Bueno para a meia e Kayke para a ponta. Seguindo em sua fase ruim, o camisa 7 alvinegro quase nada produziu, sendo sacado, sob vaias, por Vladimir Hernández. Ao fim, o interino entrou com uma equipe modificada para terminar a partida com uma formação semelhante àquela de Dorival, com o colombiano improvisado na criação. Às vezes, improviso não é capricho, é necessidade… O gol do triunfo peixeiro só veio aos 50, após jogada em que Victor Ferraz cavou uma falta próximo à entrada da área pelo lado esquerdo do ataque. Sim, o lateral muitas vezes no esquema de Dorival fechava pelo meio, mas sua presença ali era mais efeito do desespero e da desorganização do time do que uma arma tática. A cobrança forte, com efeito, e contando com inúmeros jogadores à frente de Helton Leite, fez com que o Santos completasse uma série de 20 vitórias seguidas no Pacaembu.

 

As novidades de Elano

A partir das mudanças feitas pelo treinador interino foi possível para Levir Culpi e para o próprio torcedor fazer uma avaliação, ainda que superficial, de algumas opções do elenco.

O garoto Arthur Gomes entrou com personalidade, mas com uma defesa bem postada e atuando com dois jogadores que não foram bem na parte ofensiva do seu lado — Matheus Ribeiro e Jean Mota — não conseguiu produzir tão bem, exceção feita a uma ou outra jogada. O mesmo vale para Kayke, que se esforçou, mas não contou com um meio de campo que o municiasse, ficando sem a bola durante boa parte do tempo. Mesmo com Thiago Maia chegando mais ao ataque, a pouca mobilidade de Vecchio não contribuía para que os espaços eventualmente abertos pelo avante peixeiro resultassem em chances de gol.

A opção por Vecchio, aliás, parece mais uma birra em relação a Dorival do que uma decisão consciente. Ainda que muitos gostem do estilo “meia armador clássico” do argentino, o fato é que ele pouco produziu. Muitas vezes voltando para buscar a bola, não conseguia fazer a transição rápida para o ataque com passes longos, já que a defesa do Botafogo estava bem postada, e tampouco conduzia a bola com agilidade para tentar abrir a defesa rival. No esquema em que o Santos joga, um atleta lento, com pouco cacoete para roubar a bola no meio de campo, não serve. Teria que ser muito mais talentoso para que a equipe se sacrificasse por ele.

Já Matheus Ribeiro mais uma vez decepcionou. Em todas as vezes que entrou, tem-se a nítida impressão que não entendeu como deve jogar. Sim, é preciso dizer que os laterais, dentro da proposta de jogo da equipe, são muito exigidos: tem função de marcação, mas são fundamentais na parte ofensiva, caindo pelo meio ou fazendo jogadas de ultrapassagem, ora como arco, ora como flecha. Parece que ele não conseguiu assimilar quando fazer uma e outra coisa, passando boa parte do tempo no gramado perdido. Difícil acreditar que ainda pode dar certo se o Santos seguir nessa forma de jogar.

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O Santos contra times brasileiros na Libertadores

Na noite desta quarta-feira Corinthians e São Paulo se enfrentam pela fase de grupos da Libertadores. É a primeira vez que ocorre esse duelo entre ambos na competição, sendo que os corintianos já enfrentaram o Palmeiras (1999 e 2000) e o Santos (2012). O Tricolor já jogou com o Palmeiras em quatro edições, em 1974, 1994, 2005 e 2006. O Peixe nunca duelou com são-paulinos e palestrinos pela competição sul-americana.

Em suas doze participações em Libertadores, com três títulos obtidos, o Alvinegro Praiano já topou com clubes brasileiros em 1963, 1984, 2005, 2007 e 2012. E se o São Paulo tem um retrospecto recente complicado contra compatriotas, com seis eliminações seguidas na competição, o Peixe também tem um handicap geral desfavorável. Em doze partidas, são três vitórias, três empates e seis derrotas. Relembre como foram os confrontos:

Libertadores 1963 – Santos X Botafogo

Nos anos 60, o número de participantes da Libertadores era bem mais restrito do que hoje. Em 1963, foram nove participantes, só o campeão de cada país-membro da Conmebol – Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Peru, Equador, Colômbia e Paraguai, menos a Venezuela – e o campeão da edição anterior, no caso, o próprio Santos, disputaram o torneio.

Como o detentor do título entrava já na semifinal, o adversário do Peixe foi o Botafogo, campeão do grupo 1. O time carioca herdou a vaga brasileira na Libertadores, já que o Peixe havia sido em 1962 também campeão brasileiro. No primeiro jogo, no Pacaembu, a equipe de Nilton Santos, Garrincha, Quarentinha e Zagallo segurou o ímpeto dos donos da casa e arrancou um empate em 1 a 1. Já na volta…

O Maracanã, de fato, foi durante muito tempo a casa do Santos. E foi lá que o Peixe fez mais uma de suas partidas históricas, despachando o Fogão por 4 a 0, com três gols de Pelé e um de Lima. No mesmo ano e estádio, o clube carioca já havia tomado um baile na final da Taça Brasil, quando perdeu por 5 a 0.

O Peixe se sagraria bicampeão da Libertadores naquele ano superando o Boca Juniors em uma decisão épica

Libertadores 1984 – Santos X Flamengo

Depois de um campeonato brasileiro intenso, no qual o Santos se sagrou vice perdendo a disputa para o Flamengo – uma final que até hoje muitos santistas reclamam de um pênalti não marcado contra Pita na segunda partida da decisão (o árbitro era Arnaldo César Coelho) –, era de se esperar que o clube da Vila Belmiro fizesse bonito. No entanto, em seu retorno à Libertadores após 19 anos de ausência, o time decepcionou.

Em um grupo formado por times brasileiros e colombianos (América de Cali e Atlético Junior de Barranquilla), o Alvinegro estreou sendo derrotado pelo Flamengo por 4 a 1 no Maracanã. O zagueiro Mozer fez dois gols, com Lico e Tita completando para os rubro-negros. Lino fez o solitário tento peixeiro e, de acordo com a Placar, a goleada só não foi maior porque Rodolfo Rodríguez, em seu primeiro ano de clube, fez seis defesas espetaculares.

Dois meses depois, em abril, o Peixe sofreria uma derrota ainda maior atuando no Morumbi: 5 a 0 em uma semana na qual enfrentou o Flamengo outras duas vezes, em jogos válidos pelo Brasileiro, perdendo antes por 1 a 0 e empatando em 2 a 2. Depois da primeira derrota, Formiga, o médico Carlos Braga e o preparador físico Celso Diniz caíram e Del Vecchio, como interino, comandou o Santos na derrota. Ele afastou antes da peleja Serginho Chulapa, acusado, também segundo a Placar, de simular uma contusão para não jogar na Colômbia pelo torneio (foi visto atuando na várzea) e Paulo Isidoro, que estaria forçando uma negociação para sair da Vila.

Com somente uma vitória em seis partidas, foi a única vez que o Alvinegro foi eliminado na fase de grupos da competição.

Libertadores 2005 – Santos X Atlético-PR

Após uma primeira fase em que liderou seu grupo, sendo o terceiro melhor time da fase de grupos, o Peixe bateu o Universidade do Chile nas oitavas de final e pegou o Atlético-PR nas quartas, equipe que havia eliminado o paraguaio Cerro Porteño nos pênaltis.

Na primeira partida, prevaleceu a garra da equipe paranaense que, mesmo com um jogador a menos durante boa parte da partida (Alan Bahia foi expulso aos 27 do primeiro tempo, quando a peleja estava em 1 a 1), ainda fez dois gols e assegurou uma vitória por 3 a 2, marcando para o Peixe Ricardinho e Deivid. O resultado, levando-se em conta o critério de gol fora, não era tão tenebroso, embora as circunstâncias da partida mostrassem o desequilíbrio da equipe comandada por Alexandre Gallo. No entanto, no segundo jogo, o time teria dois sérios desfalques.

Robinho e Léo não puderam disputar a volta na Vila Belmiro por terem sido convocados pela seleção brasileira para disputar a Copa das Confederações. Wendel jogou improvisado na esquerda e Basílio substituiu o Rei das Pedaladas. Mas, com o gol feito aos 16 minutos por Aloisio, o clube paranaense se segurou na defesa e o Peixe desperdiçou chances até os 8 da etapa final, quando o mesmo Aloisio marcou de novo após cobrança de escanteio.

Os rubro-negros seriam vice-campeões da Libertadores naquele ano, sendo derrotados na final pelo São Paulo.

Libertadores 2007 – Santos X Grêmio

Com uma campanha impecável na primeira fase, 100% de aproveitamento, doze gols marcados e um sofrido, o Alvinegro tinha um time forte, com Zé Roberto comandando o meio de campo sob a batuta de Vanderlei Luxemburgo. Mas as coisas começaram a ficar mais complicadas na fase eliminatória. O Santos despachou o Caracas, da Venezuela, com um empate em 2 a 2 e uma vitória por 3 a 2, e depois eliminou o América do México com um empate em 0 a 0 e um triunfo de 2 a 1.

Foi nas semifinais que o Grêmio de Mano Menezes estragou a festa peixeira. Na primeira partida, os gaúchos superaram o Santos por 2 a 0, mas poderia ter sido muito pior. A equipe santista entrou com uma postura defensiva, dando muitos espaços para os donos da casa avançarem. Tcheco, de pênalti, e Carlos Eduardo marcaram para o Tricolor Gaúcho na etapa inicial e a sensação é que o Grêmio poderia ter decidido a classificação já no Olímpico.

Na partida de volta, as coisas ficaram difíceis para o Peixe logo de cara, quando Diego Souza fez para os visitantes aos 23 do primeiro tempo. O Santos, empurrando pela torcida que lotou a Vila Belmiro e com muita garra, ainda virou, com gols de Zé Roberto e dois do veloz atacante Renatinho, mas não foi o suficiente. Uma peleja doída para os alvinegros.

Libertadores 2012 – Santos X Internacional

Na segunda vez em que o Peixe caiu com um time brasileiro já na fase de grupos, o desempenho peixeiro foi melhor do que naquele fatídico ano de 1984.  Com quatro vitórias, um empate e uma derrota, o alvinegro enfrentou episódios pitorescos nessa fase, como atuar contra o peruano Juan Aurich em gramado sintético e no dilúvio com direito à falta de luz no Pacaembu.

Contra os gaúchos, comandados então por Dorival Júnior, o Peixe conseguiu um empate fora, 1 a 1, e uma vitória na Vila Belmiro por 3 a 1. Esta, marcada por um gol simplesmente antológico de Neymar, o segundo do time no jogo, responsável pela segunda indicação do garoto ao prêmio de gol mais bonito do ano pela Fifa. Na ocasião, o 11 santista fez um hat trick, ou triplete, anotando todos os gols alvinegros e o terceiro tento só não ficou tão marcado por conta da beleza do anterior, mas também foi uma bela arrancada.


Libertadores 2012 – Santos X Corinthians

Na única vez em que ambos duelaram pela competição sul-americana, o Alvinegro de São Paulo acabou se saindo melhor, derrotando o Peixe na Vila Belmiro por 1 a 0, gol de Emerson Sheik, no melhor estilo econômico “tranca-jogo” que Tite desenvolveu com a equipe naquele ano.

Na volta, os santistas tiveram um alento quando Neymar marcou para os visitantes no Pacaembu. Mas Danilo acabou aproveitando falha da defesa santista pelo alto (algo comum à época) e fez o tento de empate corintiano. O Santos pressionou, mas não conseguiu furar a mais que sólida defesa corintiana, e a equipe paulistana seguiu para a final contra o Boca, obtendo seu primeiro triunfo na Libertadores.

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Santos dá outra goleada e Gabriel marca o gol 12 mil do clube

Se o Botafogo-SP já fazia parte da história do Santos por conta de uma derrota por 11 a 0, ocorrida no campeonato paulista de 1964, com oito tentos de Pelé, novamente fará parte da memória alvinegra de uma forma que não gostaria. O time sofreu o gol 12 mil do Santos, clube de futebol profissional que mais foi às redes no mundo, e levou uma goleada atuando em uma Vila Belmiro com sensação térmica de 34 graus.

As duas equipes fizeram um dos jogos mais intensos do Paulista na metade inicial do primeiro tempo. Com espaços nas duas defesas, os times criaram oportunidades, mas a qualidade técnica dos donos da casa fez a diferença e assegurou a vantagem alvinegra logo aos 4 minutos. Leandrinho, que entrou no lugar do contundido Alan Santos, deu uma bela enfiada de bola para Geuvânio. O moleque foi rápido, driblou o goleiro Gilvan, e marcou.

Moleque comemoram na partida dos 12 mil gols

Moleque comemoram na partida dos 12 mil gols

Ainda assim, a partida seguiu equilibrada, mas sempre pendendo para o Alvinegro que, aos 11, teve chance de ampliar. Geuvânio pedalou chegando à área e sofreu pênalti, desperdiçado por Cícero. Até o intervalo, Aranha teve que fazer ao menos três defesas importantes, e o Botafogo chegou com perigo à área santista. Isso por conta dos méritos do esquema montado por Wagner Lopes, que adiantou a marcação na maior parte do tempo e dificultou a saída de bola peixeira. Mas também em função de uma deficiência defensiva pelos lados do campo. Emerson Palmieri, que ocupou o lugar do contundido Mena, não foi bem mais uma vez e também não teve uma cobertura eficiente dos meias pelo lado esquerdo, que foi por onde o time do interior chegou mais.

Mesmo com a peleja perdendo intensidade na metade final da primeira etapa, os visitantes quase marcaram um golaço com uma bela chegada de Hudson. Contudo, foram castigados em um contra-ataque perfeito do Peixe, com uma assistência de Geuvânio para Cícero, que não perdeu.

No segundo tempo, o Botafogo começou assustando, com uma falha – rara, diga-se – do goleiro Aranha, que saiu mal em cobrança de escanteio pelo lado canhoto da defesa. A bola bateu no volante Hudson, que fez meio sem intenção. A partir daí, os visitantes recuaram e aguardaram os contra-ataques. Não foi uma boa opção…

Eram 21 minutos quando Geuvânio, jogador que mais se apresentava pelo lado alvinegro (e bem), deu um toque sutil e contou com a falha do defensor Lima, que furou e deixou a bola limpa para Gabriel. O moleque, sumido até então, não costuma tremer na frente do goleiro, e não foi diferente desta vez.

Faltava um gol para o 12 mil, e ele só poderia vir de um menino da Vila. Gabriel recebeu após um chutão de Aranha que passou por todo o campo. Novamente, o Nove peixeiro não desperdiçou, entrando para a história do clube. Leandro Damião deve estar coçando a cabeça vendo seu provável adversário pela vaga no ataque fazendo o quarto gol no Paulista, tornando-se artilheiro do time no torneio.

Com a partida ganha, Oswaldo de Oliveira (expulso por reclamação) promoveu a estreia de Rildo, a entrada de Lucas Otávio, que participou da campanha vitoriosa na Copa SP de Juniores, e, antes de sair do campo, orientou a entrada de Bruno Peres. Rildo, aliás, fez uma bela jogada pela esquerda do ataque, dando assistência para o quinto gol peixeiro, marcado por Emerson Palmieri.

Mais uma goleada por 5 a 1, e o torcedor vai ganhando confiança, assim como os jovens que mostram personalidade em campo. E uma partida histórica. Definitivamente, pode dar caldo.

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