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Há 50 anos, o Santos de Pelé batia o Botafogo de Garrincha por 5 a 0

Nesta semana, o nome de Mané Garrinha veio à tona, por conta de mais uma das imposições da Fifa, que agora estaria exigindo que o nome do estádio de Brasília fosse alterado para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo. De acordo com a publicação, a entidade argumenta que as competições, de “interesse internacional”, exigem que se mantenha “consistência nos nomes dos estádios”.

A se confirmar essa intenção da Fifa, é realmente uma dessas atitudes completamente absurdas pelo que Garrincha representou para o futebol brasileiro e mundial. Quando a seleção contou com ele e Pelé juntos, jamais saiu derrotada de campo, em uma época de outro dos nossos boleiros. E, quando atuaram um contra o outro, propiciaram grandes espetáculos. Nesta semana, no dia 2 de abril, completaram-se 50 anos de uma partida memorável para os alvinegros santistas.

Era a terceira peleja da final da Taça Brasil (Campeonato Brasileiro) de 1962, embora disputada em 1963. No primeiro jogo, no Pacaembu, o Peixe havia batido os botafoguenses por 4 a 3, mas, na volta, foi derrotado por 3 a 1 no Maracanã, o que provocou a partida desempate, no mesmo Maracanã.

Em campo, simplesmente doze atletas campeões do mundo com a seleção brasileira em 1962. Pelo lado santista, Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Do lado carioca, Zagallo, Nílton Santos, Garrincha, Amarildo e Rildo.

Time campeão de 1962 - Em pé, Lima, Zito, Dalmo, Calvet e Mauro. Agachados, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe

Time campeão de 1962 – Em pé, Lima, Zito, Dalmo, Calvet e Mauro. Agachados, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe

O que se viu naquele dia foi um jogo avassalador do time da Vila Belmiro. Em relação à partida anterior, uma alteração que fez a diferença, como relata Odir Cunha na obra Time dos Sonhos. Por orientação de Lula ou do capitão Zito, de acordo com a versão, Dorval passou a marcar Zagallo. Coutinho conta a respeito no livro. “Nós conversamos no túnel, todos abraçados antes de entrar em campo. Falamos: o Dorval tem que encostar no Zagallo, o Zagallo está saindo e o Amarildo está caindo nas costas e está ficando vazio ali. Aí o Dorval encostou no Zagallo, fomos lá e fizemos um, dois, três, quatro, cinco e poderíamos ter feito quinhentos. O Santos tinha uma coisa: dificilmente perdia duas vezes seguidas.”

À época, a imprensa carioca, antes esperançosa de que o Botafogo pudesse vencer o Peixe e ir à Libertadores (só o campeão brasileiro representava o país), teve que saudar o Santos, com muitos afirmando que se tratava da maior exibição de uma equipe no Maracanã.

Ficha técnica

Botafogo 0 X 5 Santos

Local: Maracanã

Árbitro: Eunápio de Queirós

Público: 70.324

Botafogo: Manga, Rildo, depois Joel, Zé Maria, Nilton Santos (depois Jadir) e Ivan; Ayrton e Édison; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo (depois Jair). Técnico: Marinho Rodrigues.

Santos: Gilmar, Lima, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho (depois Tite), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.

Gols: Dorval aos 24′, Pepe aos 39′ do primeiro tempo; Coutinho aos 9′, Pelé aos 30′e 35′ do segundo tempo.

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Arquivado em Década de 60, futebol, História, Santos

Santos, literalmente razão de existir

No dia 14 de abril de 2009, o Santos faz 97 anos. Nas palavras de José Roberto Torero, o único time de bairro do mundo que é campeão mundial. De fato, para um clube que não é de capital, nem de província, estado ou país, encantar o mundo torna-se uma tarefa ainda mais significativa. Foi eleito o melhor do século passado nas Américas (o que equivale a dizer, o maior da História o continente) e o terceiro maior do mundo, mesmo diante de uma votação eurocêntrica.

Para celebrar essa data, não falo aqui sobre as glórias (talvez incontáveis) do primeiro ataque que fez cem gols no futebol paulista, do pentacampeão da Taça Brasil ou de um dos maiores jogos que um time já fez no ludopédio mundial. Mas digo que, na minha história pessoal, o amor pelo Santos precede a minha existência e é também responsável em parte por eu existir.

Meu avô materno é natural de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais. Tinha uma vida razoavelmente estabilizada lá, mas começou a sentir-se mal em determinadas situações. Foi diagnosticada hipertensão e, à época, o tratamento não consistia na ingestão de remédios que hoje controlam o mal. Era à base de dieta e recomendava-se que o doente vivesse a nível do mar para minorar o problema (hoje se sabe que isso é um mito).

Para onde ir? Espírito Santo, Rio de Janeiro ou São Paulo? Digamos que um fator pesou na decisão de meu avô para levar a família a São Vicente na década de 40. Seo Benedito Faria era torcedor fanático do Santos, fã de Antoninho Fernandes, o “arquiteto” que jamais foi campeão como jogador pelo Alvinegro. Daí, a chance de ficar perto do clube do coração foi cabal para a mudança de endereço.

Graças à decisão do meu avô, minha mãe pode conhecer meu pai, duplamente santista, de nascimento e de coração. Por isso, pra mim, não é exagero de torcedor apaixonado dizer que devo minha vida ao Santos. Obrigado e parabéns, Peixe!

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Arquivado em Século 21