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Chapecoense 1 X 0 Santos – jogo com jeito de reprise

Mais uma vez o Santos demonstrou a apatia que o tem caracterizado em jogos fora de casa. Mas, diferentemente de outras ocasiões, jogou melhor no segundo do que no primeiro tempo. Não dá pra simplificar e dizer simplesmente que o time é “preguiçoso” ou que faz corpo mole – embora às vezes dê essa impressão. O buraco é mais embaixo.

Primeiro, é necessário analisar como surgiu o gol da Chapecoense. Mais uma vez foi construído pelo lado esquerdo da defesa santista, com Apodi avançando e finalizando contra o gol de Wladimir. O lance deixou aquela dúvida se se tratava de uma bola indefensável de fato. A meu ver, não era. Embora faça uma ou outra boa atuação, não é possível se enganar e dizer que o arqueiro está à altura da meta alvinegra. Hoje, não está.

Mas ele não pode carregar a culpa do gol sozinho. O Peixe é invariavelmente assediado pelo lado canhoto da sua intermediária, e não é à toa. No jogo contra o Avaí, por exemplo, Gilson Kleina colocou o meia Roberto para forçar a jogada individual nesse setor. Deu certo, foi por ali que aconteceu a falta que resultou no gol.

Isso ocorre porque a marcação santista tem que começar na frente, com um dos atacantes que atuam pelos lados acompanhando o lateral. Geuvânio faz as vezes do lado direito, mas Robinho não faz o papel da mesma forma do lado esquerdo, cabendo às vezes para Lucas Lima desempenhar a marcação. Com essa alternância algo confusa em determinados momentos, somando-se a deficiência na cobertura dos volantes, o lateral fica “vendido” na marcação. E estoura na zaga. Podem reparar que é invariavelmente por esse lado que o adversário procura atacar o Santos, seja o lateral Chiquinho, Victor Ferraz ou Caju.

Jogadores da Chapecoense comemoram gol de Apodi (Foto: Chapecoense/Flickr)

Jogadores da Chapecoense comemoram gol de Apodi (Foto: Chapecoense/Flickr)

Falta variação tática para o Santos

Difícil jogar do mesmo jeito em qualquer situação, empatando, ganhando ou perdendo. O Santos não faz isso, mas demora a mudar. Hoje, após o gol, a equipe continuou atuando da mesma forma e, em todo o primeiro tempo, não fez uma finalização certa sequer – descontando uma cabeçada de Ricardo Oliveira que mal pode se considerar finalização. Na etapa final, após os dez minutos, começou a dominar e chegar com perigo no gol da Chapecoense.

A estreia de Rafael Longuine, que entrou no lugar de Leandrinho, foi justamente pra corrigir o problema do lado esquerdo. Funcionou por um tempo, quando os donos da casa recuaram e deram espaço para o Peixe atacar. Robinho começou a atuar mais livre, não ficando preso apenas à ponta esquerda. Mesmo sem atuar bem, confundiu a marcação catarinense. E Ricardo Oliveira também saiu mais da área, abrindo espaços na defesa da Chapecoense, embora atuando bem abaixo do seu nível.

Mas a alteração que colocou Longuine foi a única que teve como objetivo mudar taticamente o Santos. A outra foi forçada, a lesão de Valencia, substituído por Lucas Otávio. Mesmo perdendo, Marcelo Fernandes – ou seu auxiliar Serginho Chulapa, já que o titular foi expulso no primeiro tempo – abriu mão da terceira mudança. Isso é inexplicável, não há justificativa. E não se trata de algo novo.

Ou Marcelo Fernandes passa a usar mais do arsenal que tem no elenco, ou sua timidez vai acabar comprometendo sua permanência à frente do time. E a campanha peixeira no Brasileirão.

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Arquivado em futebol, Santos, Século 21

Santos joga mal de novo, empata com São Bento, e deixa torcida ressabiada

Depois da derrota para a Ponte Preta no meio da semana, o Santos fez outra atuação ruim e ficou somente no empate com o São Bento, na Vila Belmiro. Como de hábito, a torcida não compareceu ao estádio, foram 5.149 pagantes e, sem quatro titulares, o desempenho do time frente ao retrancado time de Sorocaba foi sofrível.

Marcelo Fernandes deslocou Victor Ferraz para sua função original, a lateral direita, no lugar do suspenso Cicinho, e promoveu a entrada de Zeca na lateral esquerda. Lucas Otávio entrou no lugar de Valencia, Gabriel seguiu substituindo Robinho e Wladimir também prosseguiu no lugar de Vanderlei.

Os dois gols sofridos pelo Alvinegro são sintomáticos do que foi a equipe. O primeiro, resultado de um escanteio, foi de autoria do volante Renan Teixeira, que cabeceou sem marcação no meio da área santista. Quando se toma um gol assim, sempre a culpa vai recair na zaga, mas o lance mostra outra realidade. Victor Ferraz é quem marca inicialmente o jogador rival, que se desvencilha sem ser acompanhado antes da cobrança e fica sozinho. Os zagueiros peixeiros estão marcando o beque João Paulo e o atacante Nilson.

Essa é a questão: em um escanteio ou em uma bola parada, não é só zagueiro que marca, mas o time inteiro. E a equipe tem que estar preparada para as jogadas que o adversário costuma usar. A comissão técnica alvinegra estudou ou desprezou esse aspecto do rival? Além disso, saiu Valencia, com seus 1,82, e entrou Lucas Otávio, com 1,64. Isso muda toda a marcação em bolas paradas, assim como o fato de Victor Ferraz marcar do lado oposto. O time se preparou para marcar com essa formação?

Já no segundo tento do time do interior, foram quatro santistas (um atrasado) contra três atletas do São Bento. Os dois atacantes estavam no mano a mano com a zaga. Sim, David Braz escorregou, mas não foi ultrapassado pelo rival, que tocou a bola para quem chegava de trás. Nesse tipo de situação, a chance do adversário levar a melhor é enorme. Defesa no mano a mano é convite para o que aconteceu.

Gabriel Santos São Bento

Gabriel correu mais, mesmo assim foi vaiado (Ricardo Saibun/SantosFC)

Ou seja, o Santos foi mal montado. Sem Robinho, do qual se mostrou muito dependente, o Peixe não conseguiu articular seu meio de campo – setor que o Sete costuma frequentar conforme o andamento do jogo –, não pressionou com qualidade a saída de bola, e não conseguiu atuar de forma compacta. Lucas Lima ficou sobrecarregado na armação e Geuvânio foi mal tática e tecnicamente. Gabriel se esforçou, criou chances e fez um gol, fazendo talvez sua melhor partida no ano, embora distante do que se espera dele e de seu potencial. Fez gestos para a torcida após o gol, o que mostra um certo desequilíbrio que precisa ser corrigido, mas pode até tomar o lugar de Geuvânio após o retorno de Robinho.

Wladimir, quando foi exigido, não correspondeu, e em nenhum momento passou segurança. Já passou da hora de o clube dar a ele novos ares, até porque, quando teve sequência de jogo, não aproveitou. Zeca também teve outra atuação ruim, ainda que tenha mostrado qualidade em outros momentos. Mas não foram os únicos culpados. O que chamou a atenção foi a falta de coordenação do Alvinegro, uma atuação coletiva muito ruim, como na peleja anterior, e sem mudar substancialmente a forma de jogar em momento algum.

A pior notícia destes dois últimos jogos é esta. Além de reforços no campo, talvez o Santos precise de um no banco. Ou o Brasileiro vai seguir a toada dos últimos anos.

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