E o Uruguai descobriu o Brasil

Em idos tempos, uma data como o dia 22 de abril era celebrada no país como forma de ressaltar o caráter “patriótico” dos cidadãos. Mais tarde, com um aprimoramento da própria noção do que é ser um país, o tal “descobrimento” pelos portugueses foi associado à colonização, ao extermínio de índios e passou a ser visto como um dia nem tão digno para ser comemorado.

Contudo, para os santistas, o dia 22 de abril de 1931 foi um grande dia. Em uma noite chuvosa na Baixada Santista, o Santos enfrentou o time uruguaio do Bella Vista, simplesmente a base da seleção uruguaia campeã mundial no ano anterior. Antes de pegar o Peixe, a equipe tinha vencido a seleção paulista por 3 a 1 e entrava em campo com sete titulares que tinham feito parte da celeste que conquistou o primeiro título mundial.

Segundo o jornalista Odir Cunha, em seu Time dos Sonhos, o fim da partida marcou a maior comemoração que a Vila Belmiro tinha visto até então. Tudo porque a equipe uruguaia foi superada pelo Santos por 2 a 1, com gols de Camarão e Natinho (Castro marcou para o Bella Vista), o que era até então a maior vitória da história do Alvinegro.

Aquela equipe santista tinha vários jogadores oriundos de outro feito mais que notável: a marca dos cem gols em um único campeonato paulista, em 1927. E isso em somente 16 partidas, uma média sensacional de 6,25 tentos por jogo. O time só não foi campeão por conta de uma duvidosa arbitragem na final, que será assunto deste blogue mais pra frente. Mas, naquela noite contra os uruguaios, já era possível ver a vocação do time para grandes pelejas internacionais.

Visitante ilustre

Dentre os uruguaios em campo, um se destacava. Era o capitão do Bella Vista e da seleção uruguaia José Nasazzi, um verdadeiro mito do país, campeão nas Olimpíadas de 1924, 1928 e da Copa do Mundo de 1930. Nosso vizinhos consideram as três conquistas como o tricampeonato mundial, já que, antes das Copas, os dois Jogos Olímpicos vencidos pelo Uruguai eram os únicos torneios mundiais de futebol.

Nasazzi foi eleito o melhor jogador da Copa de 1930 e capitão da seleção entre 1923 e 1936. Segundo consta, tinha grande poder de recuperação e era um atleta rápido, um diferencial para os zagueiros, embora não fosse técnico. Além dos títulos já mencionados, conquistou quatro Copas América, em 1923, 1924, 1926 e 1935.

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Arquivado em Década de 30

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