Confira alguns pontos que levaram o Alvinegro à vitória e o que ainda precisa ser corrigido por Levir Culpi
Um triunfo de virada, na casa do adversário, e com três gols marcados em uma competição que dá peso distinto ao tento marcado no domínio rival. O Santos voltou da sua primeira partida pelas oitavas de final da Libertadores de 2017 com uma vantagem significativa, ainda que não seja o suficiente para já crava o Peixe nas quartas de final. Até a segunda partida do confronto, em 10 de agosto, uma quinta-feira, na Vila Belmiro.
É preciso ressaltar que um dos fatores que levou o time à vitória na Vila Capanema foi uma das variações táticas utilizadas por Dorival Júnior no campo ofensivo. Quando o time ataca, muitas vezes o lateral se desloca para o meio servindo como opção até mesmo para a finalização. Foi assim que surgiu o segundo gol do Santos, com Victor Ferraz finalizando livre de fora da área e contando com a falha de Weverton. É bom lembrar que o mesmo expediente deu a vitória à equipe no campeonato brasileiro, na partida contra o Botafogo, sob comando de Elano.
No entanto, é na parte defensiva, também pelos lados, que o Peixe encontra dificuldades, também desde a época em que Dorival Júnior era treinador do time. Como os ataques principais dos adversários em geral acontecem por ali, os torcedores costumam culpar diretamente os laterais pela debilidade defensiva, e nem sempre a culpa é deles. Victor Ferraz, nas redes sociais, foi acusado de não saber se posicionar taticamente. Pode-se falar (muitas vezes de forma equivocada) que ele não joga com vontade, que não sabe cruzar, que erra mais do que deveria etc e tal, mas seu jogo tático não é o problema.
Vejam abaixo onde está Ferraz nos dois gols sofridos pelo Santos ontem que, sim, foram pelo lado dele. Na disposição da equipe alvinegra, quando o time é atacado por um lateral adversário, quem tem a obrigação de fazer a marcação é o atacante que está atuando naquele lado no momento da partida.

Atacantes chegam atrasados enquanto Victor Ferraz está na cobertura
Reparem que Sidcley, nos dois lances, avança sendo perseguido, primeiro por Bruno Henrique; depois por Copete. Ambos estão atrás do lateral e não conseguem impedir o cruzamento. Ferraz está na cobertura, fechando o espaço para o eventual avanço de um atacante por aquele lado ou mesmo para marcar o lateral caso passe e avance em direção à área.
Quando o adversário tem um lateral com características mais ofensivas e sabe avançar ou é rápido, esse tipo de marcação feita pelo Santos pode facilitar para o rival. O ideal seria deslocar um dos volantes para fazer a cobertura por ali. Mas esse é um problema do técnico, e não do jogador. E é o comandante que tem que ser cobrado.
Já no segundo gol do Atlético-PR é possível perceber que há, sim, uma falha do lateral. No caso, o esquerdo, Jean Mota. Enquanto os dois zagueiros guardam a pequena área, Rossetto, aberto pelo lado esquerdo da defesa santista, dentro da área, recebe sozinho. Era ali que deveria estar Mota, mas o ala peixeiro está à frente, observando o lance junto com Thiago Maia, que também poderia fazer tal marcação. No mano a mano, a tendência é os zagueiros sempre levarem a pior.

Jean Mota e Thiago Maia observam enquanto Matheus Rossetto domina e cruza
Barrando a principal arma ofensiva do Atlético, as jogadas combinadas com Sidcley, o Santos pode levar menos sufoco do que levou no jogo de volta. É bom lembrar também que tais avanços possibilitam explorar aquele lado, e o time de Levir soube explorar bem aquele lado no segundo tempo. Questão de sintonia fina.