Uma goleada histórica e o grande Giovanni

Hoje faz 13 anos que vi uma das partidas mais memoráveis da história recente do futebol brasileiro. E, para mim, a maior atuação de um jogador de futebol que testemunhei com a camisa 10 que foi de Pelé.

Era um domingo, 10 de dezembro de 1995. Já havia visto in loco na Vila Belmiro o Santos vencer o Corinthians por 3 a 0 e, no meio da semana; e superar o Palmeiras de Luxemburgo, no Pacaembu, por 1 a 0, com um golaço de Wagner. Esses resultados consolidariam a arrancada alvinegra rumo às semifinais do Brasileiro daquele ano. Eram 24 times divididos em dois grupos e todos jogavam contra todos, classificando-se os campeões de cada grupo no primeiro e segundo turno.

Mas, daquela vez, teria que me contentar em assistir à partida pela televisão. Era o segundo jogo da semifinal entre Santos e Fluminense. No primeiro, no Maracanã, o Peixe perdia por 2 a 1 até os 40 minutos quando, no final, levou dois gols do time carioca, terminando a partida com dois jogadores a menos (Robert e Jamelli foram expulsos). Precisaria devolver a diferença de três gols na volta para chegar à final.

A missão parecia impossível. Nenhuma equipe havia descontado uma vantagem como essa na história do Brasileirão e, nos confrontos entre os dois times até então na competição, jamais o Alvinegro havia vencido o Tricolor por mais de um gol de diferença. Além disso, o Fluminense tinha a melhor defesa do campeonato (17 gols em 23 partidas) e o campeão do Rio (com o gol de barriga de Renato Gaúcho) não perdia por tal diferença no campeonato há 28 jogos. Mas o Santos contava com Giovanni, o 10 chamado de Messias pela torcida, e que, naquele dia, de fato concretizou um milagre.

E quem deu início à histórica jornada foi o lépido atacante Camanducaia, que driblou pela esquerda do ataque e sofreu pênalti. Giovanni, sereno, cobrou e, ato contínuo, foi até o fundo da rede buscar a bola e levá-la até o meio de campo. Sabia que era preciso fazer mais. Ainda na primeira etapa, o dez recebe do meia Carlinhos, finta Alê e chuta, de bico. Novamente, vai até o fundo do gol e resgata a bola. Parecia mais que obstinado. Aparentava estar possesso.

No intervalo, o show continuava. O time não desceu para os vestiários, o técnico Cabralzinho preferiu que os atletas sentissem o calor da torcida que lotava o Pacaembu. E, aos 6 minutos, o time retribui a força dos torcedores. Giovanni toca para Macedo, que se livra da marcação e faz com a canhota. O Santos atingia seu objetivo, mas a alegria não durou um minuto. Na seqüência, Rogerinho empatou para o Fluminense e o time carioca voltava a ter uma vaga na final.

De novo, Giovanni teve que intervir. O zagueiro Alê não sabia se atrasava a bola ou saía jogando e o craque santista deu o bote, roubando a bola que, na dividida entre os dois e o goleiro Wellerson, sobrou para Camanducaia fazer o quarto. De novo, o Alvinegro estava na final. Mas o zagueiro Ronaldo Marconato acabou expulso e o time, com um a menos, se retraiu, dando calafrios na torcida.

Foi quando bola chegou no meio de campo para… bom, nem precisa dizer para quem chegou a bola. Havia dois jogadores do Fluminense marcando em cima e mais um à espreita. O Dez conseguiu, com um passe antológico de calcanhar, achar Marcelo Passos, que avançou até a entrada da grande área, limpou Vampeta e chutou no canto esquerdo de Wellerson. Segundo Odir Cunha em seu Time dos Céus, o lance, que ocorreu quase em frente ao técnico tricolor Joel Santana, fez com que o mesmo exclamasse: “Pqp… como joga esse cara!”.

5 a 1, o torcedor do Santos podia respirar mais aliviado. Ou melhor, nem tanto. Em seguida, Rogerinho de novo desconta para a equipe do Rio. Mas não dava mais tempo. Um espetáculo fabuloso, com belos lances e todo o requinte de drama. Isso sem contar a torcida que jogou junto o tempo todo, tanto que Renato Gaúcho, ao desembarcar no Rio, declarou, conforme relato de Cunha: “Nunca tinha sentido tanta pressão da torcida jogando no Brasil. Era como se estivesse na Bombonera enfrentando o Boca Juniors em uma decisão.”

Uma classificação heróica, um jogo que entrou para a História e um craque que não deixava dúvidas. E que me desculpem Pita – que vi atuar quando moleque -, Diego ou Zé Roberto, mas Giovanni foi o maior camisa 10 que testemunhei jogar no Santos.

Santos
Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Gallo, Giovanni e Marcelo Passos (Pintado) (Marcos Paulo); Camanducaia (Batista) e Macedo
Técnico: Cabralzinho

Fluminense
Wellerson; Ronald, Lima, Alê (Gaúcho) e Cássio; Vampeta, Otacílio, Rogerinho e Aílton; Valdeir (Leonardo) e Renato Gaúcho
Técnico: Joel Santana

Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Público: 28.090 pagantes

10 Comentários

Arquivado em Ídolos, Década de 90, futebol, História, Santos

10 Respostas para “Uma goleada histórica e o grande Giovanni

  1. SANTISTA DE RIO PRETO

    Corinthians já disse que vai boicotar o MORUMBI ( FEITO COM DINHEIRO DO ESTADO, NA ADMINSITRAÇÂO DO LAUDO NATEL). Agora o povo Paulista vai deixar reformar e enterrar 400 milhões nas obras da propriedade particular dos BAMBIS de novo?. Corinthians, Santos, Palmeiras e os outros do Estado devem se UNIR e EXIGIR a construção de uma ARENA INDEPENDENTE na Imigrantes ou um outro local a ser estudado. E deixar o São Paulo com seu elefante branco e ultrapassado, que só trás transtornos em dias de grandes jogos, pois esta muito mal localizado e é ULTRAPASSADO Arquitetonicamente. GRANDES CLUBES e torcedores, é a hora de mostrar força. Exija da CBFe GOVERNO PAULISTA: ARENA INDEPENDENTE PARA OS PAULISTAS e não somente para os São PAULINOS. Passe essa idéia.

  2. Dennis de Fassio

    Poucas sanches eu tive, mas o pouco que tive foi o bastante para gravar de vez em minha memoria a minha pasgem pelo santos. Cheguei as peneiras do Santos f.c, e tive a honrra de ver pele em seus primeiros dias de treino na vila mais famosa, e tive o privilégio de asistir o jogo histórico do santos e Corintias, quando o Santos que estava desacreditado frente ao Corintias, e o santos espatou com pele e companhia, pelo placar de 4×4.
    Fechando a bocca dos corintianos, pele fez-adivinhem os quareo gols da partida jogou na frente como um heroi e a cada arrancada fazia o time adversario chorar de raiva e desespero, nesta epoca a torcida do santos estava em pleno crescimento, e se escutava os gritos adversarios que nun so lamento, mais parecia um choro convulsivo de morte. E esta partida foi para mostrar que o Santos nasceu para marcar sua trajetória, nas paginas da história furebolistica como um dos mais famosos do mundo. E o escritor escrevia naquele momento mais uma pagina de fama do clube, e o escritor era um implacavel algoz, seu nome??Ninguem mais do que o sr Edson arantes do Nascimento. Vulgo PÉLE

  3. Dennis de Fassio

    Historia que ninguem acompanhou, em 1964, eu tentava a sorte para jogar no time todo de branco que me atraia como o mel atrai a mosca, eu ja jogava no Corintias, time de Luizinho, ]Batalia e o inicio de Silva eNei, que jogavam ao lado doFamoso Oreco,o saci de oancada de Pele.O time do Santos não era fraco não, uma das formações era muito boa, só não chegou as raias do sucesso porque do outro lado tinha um time que superava o termo fabuloso, foi um tima que bateu no esqudrão que na epoca os gringos diziam que seriam esmagados, era o famoso time de nada menos do que DI-ESTEFANO -PUSKAS __E GENTO, ISTO SE NÃO ERREI NA MANEIRA DE ESCREVER, POIS O Santos, deu um shou de bola nos gramados da europa e justamente em cima deste time que era o encanto do mundo futebolistico, nos gramados do brasil este mesmo time, com aquele moleque fransino e umilde ganhava do Corintias, por sete a quatro, como se fosse para confirmar que naquele momento pasava a esistir um verdadeiro monumento ao futebol mundial,o negrinho Péle.Moleque safado, que como se fosse um predestinado, sismara em judiar de um time e muito bom. Era o Corintias, que se eu não me engano sua escalação era: DAVI-FERREIRINHA-SILVA E NEI-E LIMA , foram series de jogos dignos de registros nos anais históricos, que no mundo seriam eternizados, e todo este cenario foi o palco da tristeza de um outro garoto, o garoto que tinha conversado com nada mais do que um gordo, cujo nome não tem nada a ver hoje com o seu chara, o famoso e popular LULA, motorista de taxi, tecnico do Santastico FC. Ele havia dito ao garoto que treinava e asistia a todas estes espetaculos, que voltase a treinar e viese com um responsavel,pois ele teria a chanse de treinar e jogar , talvez ate mesmo ao lado de jogadores que no momento eram os seus Idolos
    Dorval Mengalvio Coutinho -(Pagão)- Pele e Pepe

  4. Dennis de Fassio

    Historia que ninguem acompanhou, em 1964, eu tentava a sorte para jogar no time todo de branco que me atraia como o mel atrai a mosca, eu ja jogava no Corintias, time de Luizinho, Batalia e o inicio de Silva eNei, que jogavam ao lado doFamoso Oreco,o saco de pancada de Pele.O time do Santos não era fraco não, uma das formações era muito boa, só não chegou as raias do sucesso porque do outro lado tinha um time que superava o termo fabuloso, foi um time que bateu no esqudrão que na epoca os gringos diziam que seriam esmagados, era o famoso time de nada menos do que DI-ESTEFANO -PUSKAS __E GENTO, ISTO SE NÃO ERREI NA MANEIRA DE ESCREVER, POIS O Santos, deu um shou de bola nos gramados da europa e justamente em cima deste time que era o encanto do mundo futebolistico, nos gramados do brasil este mesmo time, com aquele moleque fransino e umilde ganhava do Corintias, por sete a quatro, como se fosse para confirmar que naquele momento pasava a existir um verdadeiro monumento ao futebol mundial,o negrinho Péle.Moleque safado, que como se fosse um predestinado, sismara em judiar de um time e muito bom. Era o Corintias, que se eu não me engano sua escalação era: DAVI-FERREIRINHA-SILVA E NEI-E LIMA , foram series de jogos dignos de registros nos anais históricos, que no mundo seriam eternizados, e todo este cenario foi o palco da tristeza de um outro garoto, o garoto que tinha conversado com nada mais do que um gordo, cujo nome não tem nada a ver hoje com o seu chara, o famoso e popular LULA, motorista de taxi, tecnico do Santastico FC. Ele havia dito ao garoto que treinava e asistia a todas estes espetaculos, que voltase a treinar e viese com um responsavel,pois ele teria a chanse de treinar e jogar , talvez ate mesmo ao lado de jogadores que no momento eram os seus Idolos
    Dorval Mengalvio Coutinho -(Pagão)- Pele e Pepe

  5. Pingback: Marcelo Passo, quase herói em 1995 | Filho de Peixe

  6. Pingback: Santos centenário: o time que até hoje faz sonhar | Filho de Peixe

  7. Pingback: Santos centenário: o time que até hoje faz sonhar | SPressoSP

  8. Pingback: Santos, o prazer do jogo |

  9. Pingback: Pré-jogo – Santos pode empatar histórico de confrontos contra o Fluminense | Filho de Peixe

  10. Pingback: Brasileirão 2016 – O histórico de Santos e Fluminense | Filho de Peixe

Deixe um comentário